sexta-feira, 19 de julho de 2013

Estar no Rio é sempre "NOVO"...


E em meio a nova rotina, ouço, observo, ando e procuro meu espaço. As noites continuam longas. Sinto falta de meu canto, do meu pedacinho de céu, da minha lua e acho estranho não poder controlar o volume da música que meu pai deixa rolando em seu quarto.
Nosso gosto musical é muito parecido, dentro do tempo e da distancia que nos separam. Mas temos algo muito em comum, a emoção perante a palavra, perante a poesia.
Hoje de manha conversamos um pouco. Ele pediu-me que sentasse e esperasse por ele. Foi em seu quarto e trouxe um pequeno envelope. E com sua falta de habilidade manual, buscava ser delicado com seus recortes, pedacinhos de papeis "especiais" guardados a 7 chaves. Tentei ajuda-lo, tentando manusear, mas ele foi claro afirmando que não, que gostaria de me apresentar lendo. Quietei e deixei que o momento fosse seu.
E ele começou, apresentando-me pequenas poesias, versinhos, pensamentos... Comentando uma a um, mas querendo ouvir-me também. 
A maioria, não todos,  falava sobre o envelhecer, a velhice em si. 
Sim, esta fase da vida incomoda muito meu pai. Beira paralisá-lo. E falamos bastante sobre a chegada da idade. Ele deixando claro seu susto e decepção com a falta de perspectiva.
Ao final, tirou do envelope duas folhas de papel de caderno, com um texto meu, aonde começo com "Volto ao teclado..." Nem ele nem eu identificamos de onde ele copiou, mas na realidade o que queria dizer não era isto. Queria me contar que adorava poesia. Que se emocionava e que gostaria muito de também poder escrever, mas que nunca consegui dar voz a sua alma. (Creio que sente falta também de ouvidos que possam escutá-lo. De interagir) Que meu avô Zezinho, seu pai, como nós, também tinha suas pérolas, seus "pensamentos" guardados no seu esconderijo, no seu cantinho secreto, pessoal, sua escrivania.
A de meu pai é linda!!!!
Cobrou-me mais uma vez, cópia em papel, de meus escritos. 
E com sei jeito sem jeito guardou todos pequenos recortes no envelope, afirmando que com sua morte, eles seriam meus, pois meu irmão tem outro jeito, outros interesses, outras leituras.
Verdade. Somos filhos dos mesmos pais, criados na mesma casa, com as mesmas influencias, mas somos dois...
E a tarde, atendendo a um pedido de ajuda de meu mano, e com a intensão de interargirmos um pouco também, saimos, indo ao cartório atrás de sua certidão de divórcio.
E o papo foi rolando, rolando, até que sem perceber caimos no assunto da manha. A idade.
Meu irmão meio que zuando, me chamando de guerreiro, afirmando que um homem "normal" de nossa idade só "pegaria" (palavras dele) mulher de 30 aninhos. Cinquentona só eu (guerreiro).
Pois é, fico triste assustado e preocupado com a falta de percepção em relação ao que é o tempo de meu irmão. 
A busca da "juventude", é algo normal, sádio, pois a energia, a vibração, o calor de viver traz prazer. Mas não perceber que vivemos em todas as idades a juventude, a paixão, é edificar a tristeza, a não aceitação de seu próprio futuro, do futuro de sua própria companheira, de seu reflexo no amanha.
A juventude faz parte da vida, faz parte de todas as idades, é um componente latente do desejo.
Enfim, eu e o Rio de Janeiro (quatrocentão), vamos as ruas protestar, pois fazemos história, sendo palco e parte efetiva desta juventude de luta e vanguarda.

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