quarta-feira, 29 de abril de 2009

Enquanto "pinga"

Cheiro da madrugada
Cheiro da escuridão
Cheiro da solidão
De dia eu não durmo
Não consigo
Isto foi classificado
como depressão profunda....
Mas ainda estou vivo.
Deve matar aos poucos, rsss
A conta gotas.
Enquanto “pinga”
não me embriago
apenas me molho
com o suor
das fortes emoções.
Trafego na madrugada
Transgredindo o tráfico
da vida.
Tráfico?, ou transito, rsss.
Transgredindo ou transferindo?
Meus instantes,
de dor, de choro de amor.
Parto com o acordar dos pássaros
com o raiar do dia.
Parto e para nascer na claridade.
que ofusca
o meu ver,
perceber,
meus olhos azuis.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Breno

Almocei,
meio que na janta,
num rodízio de massas.
Foi bom,
foi ótimo,
foi tão bom,
que o “rivotril”,
não fez efeito.
Estou acordado
na noite,
escrevendo,
bailando com o desejo.
com minhas indagações,
pressões.
Meu filhote, Breno,
chorou,
como as crianças choram,
compulsivamente,
como se o mundo fosse acabar.
Sabe porque?
Saudades de mim.
Do Paizão brincalhão.
Raiva da clínica,
que me prende,
que me tirou o dever,
de leva-lo e busca-lo
na escola.
Agora é o motorista.
Saudade de se esfregar em mim
falar de seus projetos,
seus filmes,
seus personagens.....
Koiza que creio que só eu ouvia,
e vivia com ele.
Koiza de parceiro
de sonhos e loucuras.
Parceiro de viagens intergaláctica
parceiro de comprar um chiclete,
um pen-drive novo,
ou um gibi da Mônica.
Sinto-me refém,
de meus limites,
de minha capacidade.

domingo, 26 de abril de 2009

Maça

Creio ter apreendido
a morder uma maça.
Escolhendo a mais bonita,
a mais perfeita,
cheirosa,
majestosa.

Então olha-la
com atenção
admiração,
desejo,
e morde-la,
consumi-la,
acabando com sua plástica,
devorando sua cor,
vermelha de vida,
vermelha de amor.

Percebe-la em minha mão,
sob meus olhos,
controlar a vontade,
a mordida,
a outra,
as outras,
a prazerosa repetição,
da ingestão.

Do prazer oral.
De te-la,
até o momento,
de não mais te-la,
como fruta,
como matéria,
em minha mão.

....., ou coisa de gente muito entendida....

Olá Well,
Sei que tem se afastado dos computadores depois que descobriu o celular. kkk.
Sai daí sem me despedir. Penso que logo irei aí. Te procuro pra ver as fotos da festa que aconteceu em sua casa.
A Vânia me enviou uma das fotos que tirou. Só faltam aquelas que o Eduardo tirou.
Como vai você? Reduziu um pouco as atividades ou ainda continua a mil por hora?
E o seu primo Wellington? Melhor?
Abraço a todos vocês
Ferretch

Oi Fernando

Pelo contrário
Também me afastei do celular.
Estou fazendo um tratamento psiquiátrico desde que você se foi.
Na clínica me tomam o celular e a chave do carro.
O celular para que me desligue do mundo externo.
A chave do carro, porque já fuji uma vez, rsss.
Fico o dia por lá, de segunda a sexta.
Também estou tomando dois remédios, um ao acordar, outro ao deitar. Eram para ser três, mas um deles eu boicoto, rsss. Se não fico caindo, sem controle motor, nem de idéias.
Meu primo Wellington cortou os pulsos faz dois dias
Foi sangue pra todo lado, mas ele esta "bem", se podemos "avaliar" assim.
Esta medicado.
Não corre risco de vida
Mas deve estar um novelo com muitos nós sua cabeça.
Interessante como as pessoas dão sinal.
Tinha certeza da crise que vivia.
Seus hábitos, sua forma de relacionamento mudou.
Comentei isto antes do almoço com dois outros pacientes.
Ele cortou os pulsos após o almoço.
Agora proibiram dele receber visitas
Não entendi este fato, não me parece lógico
Dizem que é para punilo pela ação....
KOIZA de doido....., ou coisa de gente muito entendida....
Todo mundo que sabe de mim, se assusta, diz que eu não tenho nada.
Que quem tem depressão não tem sorriso bonito.
Ou paro de sorrir para confirmar o diagnostico,
ou fico "rindo" da colocação e incompreensão de todos.
Mas a vida segue. Ainda bem
Creio que cavo um tempo que necessito.
Venha sim, ou nos vemos no final de semana, ou você me visite por lá
Estou na mesma clínica que o Alger fica
Quem estava por lá era a Jacira, ex companheira do Lúcio.
Foi ótimo estar com ela
Um forte beijo.

wellsol

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Variações??? de amor

Amor
E sua variações
Variações????
Às vezes pego
pessoas queridas
próximas
Se amando em você,
na sua vida,
nos seus desejos,
nas suas buscas.
Que se chateiam
e se ofendem
com suas escolhas.
O amor é maior que isto
é entrega
é satisfação,
senão é compromisso,
é trabalho.
Tem-se que se amar na gente
não se amar nos outros,
pois isto não é amor.

Tive tanto medo, de perder a "sandália"

Estava pronto para dormir.
Amanha pela manha, seria o dia de minha cirurgia.
Como sempre acordei cedo, ainda estava escuro.
Não por medo, ou ansiedade, mas realmente por hábito.
No meu quarto, dormia meu amigo paciente, que também se submeteria a cirurgia naquele dia, e sua filha.
Andava pelo corredor frio e silenciosamente ouvia o grito da noite,
Logo amanhecia e fomos visitados por uma enfermeira que mandou que meu companheiro e eu tomássemos banho, pois “a hora” estava chegando.
Ele foi primeiro, meio que amparado por sua filha Norma.
Certa angustia, certo medo, poucas lágrimas e o desejo de sorte para mim quando seguiram com a enfermeira.
Pela cena, realmente senti o peso das palavras da enfermeira, “a hora esta chegando”.
Estava pronto e só.
Olhava a porta do quarto, meio com a certeza de que alguém meu apareceria antes do convite de seguir para a cirurgia.
Passaram-se umas duas horas. Eu sentado a cama, olhando para a porta.
Derepente uma senhora, vestida de branco, mas com a secura que os anjos não tem, convida-me a segui-la.
Manda-me deixar tudo no quarto, relógio, celular, documentos, os desejos, a vida....
Saio pelo corredor a segui-la.
Tento puxar algum assunto, cortar o silencio, o clima, mas ela não estava para papos.
Olho em volta novamente, na esperança de poder falar com alguém meu.
Passo por gente pelos corredores, uns rindo, outros sentados apresentando dor.
Passo pelo desconhecido, querendo me pegar a algo, a alguém, a palavra.
Enfim chegamos a porta da sala de cirurgia.
Seu trabalho havia terminado.
Me deseja “boa sorte”, como se estivesse a entrar em Lãs Vegas, chama um senhor, a quem me “entrega” e se vai.
O jovem enfermeiro de forma educada, questiona-me sobre se tinha um acompanhante, pois teria que deixar a minha sandália japonesa ali fora, no corredor de entrada.
Me apeguei naquele fato.
Era o único objeto lógico que tinha.
Construí minha tese de que infelizmente não poderia entrar na sala cirúrgica, pois aquela sandália era nova, e que seria totalmente ilógico e irresponsável de minha parte, abandona-la ali naquele corredor, aonde ficaria exposta a própria sorte.
Juro que tentei, argumentei, dei dramaticidade ao fato, olhando ao corredor se chegava alguém meu.
O jovem enfermeiro, pegou minha sandália, e jurou pelo mais sagrado, que poderia entrar, que minha rica e bela sandália ficaria sobre sua responsabilidade.
Demonstrando certa preocupação com minha sandália, entrei resignado.
Quando voltei ao quarto, após a cirurgia, fui visitado pelo rapaz, que de forma dócil, devolveu a mesma.
Tive tanto medo,
de perder a “sandália”.

Vontades...

Hoje o cansaço me toma,
falta-me vontade,
desejos,
movimentos.
Vontade de fechar os olhos
e não ver nenhum “filme” passar.
Vontade de não esperar
ninguém chegar,
pura vontade de hibernar
ou não mais acordar.
Hoje realmente,
sinto vontade,
de não sentir
mais vontades.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Eterna felicidade

O tempo passa,
foge, voa, engana,
e a gente se perde
na percepção da vida.
Dou peso às palavras
aos sentidos,
aos sentimentos.

Certa vez,
sentindo o coração
bater na boca,
com o corpo suado,
os olhos enfeitiçados,
o desejo latente,
o infinito presente,
confessei que te amava.

A vida nos afastou,
bateu, maltratou.
Pela incompreensão,
pela intransigência,
pela arritmia,
do falar, ouvir,
permitir.

Trinta anos se passaram,
e só hoje percebo,
que o fogo que restou
de nosso relacionamento
ainda existe,
mas infelizmente,
ele só "queima",
não "aquece" mais.

Chorei,
revivendo as corridas pela grama,
os copos de leite bebidos na madrugada,
os banhos de chuva,
as caminhadas de mãos dadas,
a certeza da eterna intimidade,
do "eterno" amor.

Hoje quase não nos falamos,
mas faço questão de te dizer,
o quanto tudo foi presente
e verdadeiro durante estes anos.
Mesmo separados.
Te tiro de meu coração,
não como quem retira um peso,
mas como quem abre um lugar
que me permitirá viver, sobreviver.

Tentar falar de novo
"eu te amo".
Um beijo e obrigado por tudo,
que vivi com voce,
que apreendi com você.
Eterna felicidade.

domingo, 19 de abril de 2009

Como um “guapo”

Acordar com o amanhecer
seus sons,
seus pássaros,
o aquecer tímido do sol.

Buscar na água,
a limpeza,
Buscar na água,
a vida.

Começar a alquimia
de preparar o café.
Desejar o cheiro,
degusta-lo,
aquecer o corpo,
viajar em sua densidade.

Dar bom dia a vida,
perceber o céu,
e sua grandeza.
Perceber em você,
a também grandeza
de opções
a tomar.

Bom dia vida,
bom dia amores,
bom dia meus sonhos.
Vamos começar a brincar
de cozinhar feijão,
de comer melão,
de falar com o coração.

Como um “guapo”,
chego primeiro.
Vou pra rua,
vou pra vida,
antes do mundo despertar,
antes do jornal chegar,
antes das amaras me pegarem.

Comprimidos ingeridos
efeitos incontidos,
experiências novas.
Boca seca,
língua seca,
sensibilidade ...molhada.
Altamente molhada, rsssss.

sábado, 18 de abril de 2009

Podar seus espinhos,
é podar seus aromas,
sua identidade.
É podar você.

Permita-se ser vivo,
ser belo,
arranhar a vida,
arranhar aos seus.

Nos desejos,
nas aventuras,
nas verdadeiras feridas,
que precisam da luz,
para se curar.

Tentando me esconder

E então, Heloísa, a terapeuta do grupo termina os trabalhos.
Todos correm para se levantar, e o “barulho” do silencio, do grito, do engasgo, do choro....., se transforma em risos, em rápidos movimentos, em mais que alegria, em euforia, em beijos, em começo de festa.
Sempre fico sentado. Meio assustado com a rápida transformação de ambiente, com o carnaval fora de época.
Ali fico imóvel até que todos saiam da sala.
E a solidão e o silencio retorne a minha alma.
Fico sentado na intenção de resgatar o que se passou.
O que se disse, o que se afirmou, o que se negou, o que provocou.....
Provocou????????
Provocou!!!!!!!!!!
Sai da sala, em meu ritmo.
Vejo a bandeja de alumínio, com bananas.
Como primatas, todos voam nas bananas.
Como primata também busco a minha.
O grupo se concentra ao sol, na varanda, fora da casa.
A sensação provocada pelo vento frio “parece” mais forte do que toda a terapia que se passou.
O murmurim das conversas e dos risos, a normalidade de “jacarezar” ao sol. Se expor. Expor?
Esperar o momento do almoço. Eis a tarefa.
Tentei me juntar a todos.
Mas era difícil.
Beirava o impossível.
Voltei a sala de estar.
Lá estava o Edson, sentado, só, como sempre.
De costa a varanda onde as pessoas estavam. Assim não poderia ver a interação dos pacientes.
Olhava fixo para a parede em frente. Como quem não estivesse ali. Como quem também não ouvisse. Sem demonstrar frio, sem demonstrar calor, sem demonstrar vida.
As mãos simetricamente apoiadas em suas cochas.
Adormecidas, esquecidas.
Mãos, capazes de tocar, de sentir, de perceber, de dar prazer.
Cochas, que o sustentam, movimentam, o arrepiam.
Estava em seu mundo, transportou-se a outro endereço, saiu da clínica, sem que nenhum enfermeiro visse, rsssssss.
Não transgredia as “regras” de convivência.....que coisa!.
Além dele creio que uma senhora nova, chamada Maria.
Sentada em posição fetal, em uma poltrona.
Silenciosamente e individualmente vivendo sua gestação.
Mas era ali que eu também queria ficar!!!.
Na varanda, as pessoas, o ter que falar, o ter que sorrir, o ter que estar era pesado demais. Não suportaria.
Então fui também para a sala, aonde teria a “suposta companhia” do Sr. Edson e da Sra. Maria.
Também sentei-me em uma poltrona, pois assim evitaria possíveis pessoas a meu lado.
Mas ao perceber o ambiente, nós três, mais o frio, contraposto ao “circo voador” do calor de todo aquele sol externo, senti-me vulnerável, exposto em meus sentimentos, em minha solidão, como um castelo de areia, pronto a ruir, com possíveis movimentos de lábios, de questionamentos.
Medo de perceber o reflexo, a imagem, daquela realidade, nas grandes janelas, de me ver lá também.
Fechei os olhos.
Levantei-me e rumei à busca da “lógica” dos outros.
Precisava de algo sustentável, de um argumento, de prova material, que me permitisse sustentar na “dita normalidade” a razão, o sexo de todos os anjos, o desejo contido.
Então peguei o jornal.
Voltei a sala, e recostei-me na mesma poltrona, colocando o jornal no colo.
Agora não fazia mais parte do grupo de Sr. Edson nem da Sra. Maria.
Era um “intelectual”, pronto para ler os problemas da humanidade, e bordar soluções, alusões, e até "internações".....
Estava pronto para ler, sobre a greve dos Professores, da Polícia Militar, sobre o cache do Arruda a apresentadora XUXA, sobre as mazelas do governo LULA, mesmo com toda a penumbra da sala.
Mesmo com os olhos encharcados.
Mesmo com o jornal fechado.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

...não busco a “poesia”,

Aos poucos,
me vejo,
ser chamado de poeta.
De forma carinhosa,
como quem tenta incentivar,
fazer um elogio.

Mas quem me lê
nem ao menos percebe
que não busco a “poesia”,
que não busco o ser poeta,
com seu glamour,
com sua leveza.

Escrevo,
na tentativa de ser ouvido,
percebido,
na tentativa de expor
minha erupção,
minha solidão.

Escrevo mais meus desejos,
que minha realidade.
Escrevo com lágrimas,
com saudades,
com vontades.
Vontades de ser ouvido!!!

Desenho a vida,
dou cor, a minha dor,
como numa aquarela.
Exponho em versos
ou em prosas
minha tristeza.

sábado, 11 de abril de 2009

Sinto secura

Minha boca seca,
pede por água,
pede por vida.
São os remédios
que me dão vontade
de ingerir o mundo.
O mundo líquido,
o mundo fluido.

Sinto secura,
de viver
com o coração na mão.
De comer fruta no pé,
de chutar lata,
de apostar corrida,
até o nada
e com direito a gargalhadas.

Sinto secura,
por te beijar.
Em uma enxurrada
de beijos secos.
Aonde vivo
o contato,
prazerosamente áspero,
de minha boca quente
em seu corpo.

Sinto secura,
por respostas,
por ser ouvido,
por compreensão,
por conversas em sussurros,
de mãos dadas,
sem hora de terminar,
com a lu@ a iluminar.

Sinto secura,
pois a vida me deixou assim.
Apesar de nunca ter sido seco,
em minhas relações.
Secura nas contradições
nas engrenagens das buscas.
Nos gritos contidos,
nos olhos azuis avermelhados.

Sinto secura,
me envolvendo na poeira
que cobre o tempo.
Escrevo recados,
bordo os desejos,
e aguardo o vento,
vento seco,
que levará o não dito.

Sinto secura,
hoje, pelos remédios.
Mas nem percebia
que já sentia secura,
antes...
Secura de vontade,
secura de viver.
Secura por um abraço
secura por você.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Desejos solventes

Esta noite
tomei “remédio”
tomei rivotril
Dormi das 23 horas
até as 4 da matina
Estou quase bom, rssssss
Me falta um pouco
um pouco mais
de "10 minutos"
para atingir
a “tal” normalidade.
Traga-a pra mim,
rsssssssssssss,
por favor.....zinho.

Assim ganho alta.
Quero uma alta tão grande,
mas tão alta,
que se puser-me a ficar
nas pontas dos pés,
poderei acariciar a lua,
as estrelas,
a imensidão abstrata,
de meus sentimentos.

Que venha com os ventos
que trazem alegria
e desejos transbordantementes
solventes....

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Páscoa

Nos classificados,

Muitas letrinhas
Muitas ofertas
Muitas opções....

Quarta terá terapia de família.
Final de semana Páscoa,
chocolate,
doce na boca.

Beijo na boka.

domingo, 5 de abril de 2009

Tⱥmⱥroli Sonhos? Só compro com o Well


Oi minha querida
Que bom receber-te.
Pelo jeito,
você já tem cartão de fidelidade
de "minha vendinha",
de sonhos.

Fico feliz,
pela relação que construímos
Como sabe,
foi a primeira pessoa
que conheci neste mundo virtual.

Achei que se tratava de um outro mundo,
com outras regras,
com outras buscas.
Afinal tudo que falávamos
era tão denso,
forte,
questionador.

Logo descobri
que a diferença
era você.

Agradeço
as lições,
os atos,
as experiências,
as gargalhadas,
a paciência que sempre teve.

Me chamando de nininu,
de “meu sol”.
Oferecendo-me colo,
colo virtual,
atenção real,
em um momento
assoberbado de questionamentos,
de baixa imunidade
de baixa auto estima.

Suas visitas
são poucas.
Nos falamos pouco.
Isto não é lógico.
A vida consome,
não vamos nos perder.

Podemos e devemos
voltar a conspirar,
contra o nariz que escorre,
contra o salto quebrado,
contra o tempo impressado,
pelo feriado esperado.

Beijos de Lu@
Beijos de Sol
De wellsol

Inimigo invisível

Oi prima,
prima gata,
que vive
somente com seus cães.
Vivemos na mesma cidade,
você esta certa.

Mas os cães se tornam mais próximos,
talvez pelos fortes latidos,
talvez porque tem um rabo,
um rabo para confirmar
confirmar o prazer em te ter.

Vivemos na insegurança,
insegurança financeira,
insegurança profissional,
insegurança na razão,
insegurança sentimental.

Interpretar sentimentos
como educação
prazer,
alegria,
euforia.
Este é nosso dia a dia.

Chegamos a sonhar
em nos isolar novamente.
Porém
de forma diferente
da geração hippie.
Pois naquela época
acreditávamos em "ilhas" sociais
em um mundo dividido
em maus e bons.
Éramos os bons.

Hoje nos isolamos
em uma solidão
que não queremos.
Que como você diz
não deveria existir.

Porém a procuramos
nas fendas
das enchentes da realidade.
Se afogar
ou partir
para um mal menor????

Vivemos a saudade
dos olhares
dos próprios sonhos.
A saudade do gargalhar
de ouvir
a nossa própria voz.
Da presença,
do simples contato.

Refugiados de uma guerra
não declarada.
Resistindo ao massacre
do inimigo invisível
Interpretando a normalidade.
Numa sociedade
de filme de ficção

Sempre te procurei.
Mas creio que cansei
de estarmos juntos
e distantes.
Não quero somente
elogiar seu churrasco,
sua casa nova,
seu neto,
seu namorado.

Queria falar
daquela música nova...
Dos intervalos das aulas
dos momentos apimentados,
dos caminhos na mata,
da madrugada.
Falar de nós
perante a vida.

Beijos menina Sona

quinta-feira, 2 de abril de 2009

TODOS TAMBÉM PROCURAVAM.

Entre as luzes,
as distorções das imagens
e a ânsia de sentir,
de perceber,
de te rever.

Tudo muito rápido
os sorrisos,
o passar das pessoas,
o cantar dos falatórios,
dos sanatórios.
indecifravelmente nítidos.

E eu,
sempre ali
perdido por Copacabana
perdido na noite
perdido em Copacabana.

Andava pelo calçadão
do lado do mar
fingindo dialogar
com os solitários
das varandas
a beira mar.

A sensação de companhia
do reencontro com a amada
sempre me levou.
Me fez andar.
Vontade de dar as mãos
de se esconder das estrelas
de vigiar os movimentos do Farol.

O vai e vem da madrugada
me trazia a sensação
de normalidade na procura.
TODOS TAMBÉM PROCURAVAM.
O falar sozinho
sempre me alimentou.

No interpretar
meus diálogos,
fazia das ruas um palco.
Dos passantes
espectadores.
Dos fumantes,
monstros sem amores.

Enfim,
vivia na noite,
sem beber,
sem fumar,
sem me relacionar.

Hoje não ando
falta-me a praia
falta-me o palco
falta-me a vontade
da procura.

Navego, navego...

Começei a terapia há umas duas semanas, na Clinica Renascer.
Não por opção, mas por orientação dos médicos da Câmara Federal.
Um pré-requisito para uma nova cirurgia que terei que realizar.
Não sei se diagnosticaram minha alma ou meu corpo, naquela tomografia computadorizada.
Socialmente sou um exemplo de comportamento. Sempre educado, solícito, companheiro e presente.
Daquelas pessoas que não dão dor de cabeça.
"Só" porque não durmo a tal das oito horas diárias, rsssssss, os profissionais da saúde me pinçaram do dia a dia.
Porque fico as madrugadas acordado, lavando louça, arrumando a casa, limpando os carros, desenhando, lendo, escrevendo, rssssss.
Brincar com meus cães, cuidar das plantas....
Gostar de sua casa, querer vê-la em ordem, beira a normalidade.
Escrever suas experiências, seus desejos, suas buscas, seu cantar faz parte da história do homem.
Amplificar suas dores, seus choros, é organizar-se para a vida.
Adoro poder falar, conversar, perder-me na escuridão, nos prazeres das idéias, com somente a iluminação do brilho dos meus olhos.
Sinto prazer nisto.
E se for tomado pelo choro compulsivo, permito-me, pois na fragilidade me reencontro, na sinceridade exposta.
A solidão nestes momentos vai batendo, batendo....confesso.
Mas ali me percebo por inteiro, em fração de segundos.
Meu corpo muitas vezes exausto e cansado clama por calor, ressonâncias humanas, que em poucos momentos, se materializa nas figuras da “Cigana Encantada” ou da “Sandra Flor”.
Minhas amigas das eternas madrugadas.
No dia, embaixo da luz do sol, percebo que os “ruídos” da alma, não têm a mesma importância, se perdem entre as fortes vozes altas,
Escrevi para o grupo de discussão do PSOL, Partido Socialismo e Liberdade, meu partido.
Fui ousado, sai da mesmice. Publiquei uns três poemas e uns dois textos em meio a importantes informes de categoria, da crise econômica, etc, etc.
Nenhum comentário. Nada.
Como se este novo mundo, que se quer construir, não fosse ter cor, melodia, poesia, olhares apaixonados.....
Muito "sensível", por algumas vezes, já afirmaram ser este meu grande problema.
Comentam que o mundo que vivo não existe.
Chamam-me de “lírico”.
Não busco o impossível. Desdobro-me atrás do tempo. Faço a mágica de fazer “caber” os compromissos nos horários. Dentro dos dias.
Muitas vezes em prol de minhas opções de vida.
Corro, corro muito, pela revolução que busco e acredito.
Por quem dei a vida, minha juventude, meus 51 anos, minha história.
Mas meu suor é poético. Porque minha luta ecoa com o pulsar do coração.
Volto a Clinica todos os dias. Converso brinco, me encontro.
Ali as pessoas “desequilibradas” como eu, ouvem-me.
Mostram seus escritos, seus poemas, com total naturalidade.
Ninguém tem vergonha disto.
Mostram-se os poemas durante o dia.
Lá não é necessária a madrugada, para se ser “sensível”.
Falam dos projetos, dos amores que tem, ou dos que não tem.
São claras as afirmações do que não querem mais.
Reconhecem a dificuldade do amanha, seus medos.
Alguns recebem seus familiares, na construção de um novo tempo.
Compõem, colocam melodia nas palavras, nos sentimentos.
Lá, se fala até com seu silêncio.
Pois o silêncio ecoa como percursão.
Enfim, começo a entrar em crise.
A Clinica Renascer, transformou-se em mais um pedaço de minha madrugada.
Uma madrugada a luz do dia.
Um dia de prazer.
Aonde posso olhar as pupilas de quem me relaciono.
Aonde meus contatos deixam de ser virtuais.
Tomam forma, cheiro, cor.
Aonde me emociono, choro, tremo.
Aonde percebo reações similares.
Sei lá. Sei lá mesmo.
Buscava um "oi", um sorriso.
Ultrapassei em muito minha busca.
Navego, navego, em direção a outros mundos.

Coisa de adulto

Fazer sexo?,
nunca soube.
Sempre achei
coisa de adulto.
Responsabilidade demais.
Expectativa demais.

No ato,
no viver,
na simplicidade
descobri o toque,
o prazer,
o sorrir,
o brincar.

Brincar com euforia,
alegria,
brincar e levar os corpos
a se desconcertar,
fugindo da lógica
atingindo o improvável,
resvalando na intenção
atingindo a rendição.

Brincar no provocar,
recomeçar,
o que nunca cessou.
Beijos, beijos....
prazer oral
animal,
de escorregar por seu corpo
seus relevos,
cavernas,
segredos.

Incendiar a existência
numa cumplicidade
de pura brincadeira
apimentadamente
inquestionada.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Receita simples

A vida nos surpreende
no dia após dia.
Morenistas,
Lambertistas,
lambuzados.

Todos encapuzados
com “diferentes” buscas.
Diferentes??????
Kkkkkkkkkkkkkkkkkkk....kkkkkk

Este povo do pé rachado,
com uns mais eruditos,
outros menos compreendidos
todos muito surpreendidos
com a falta do seu “eu”.

Enfraquecidos,
enraivecidos,
extrovertidos,
enfim perdidos....

Todos na busca de algo afim.
Tranqüilidade,
compreensão,
cumplicidade,
disposição.

Fiz amigos,
em um universo
adverso.
Terapias,
transparências,
incumbências.

Somos responsáveis,
pelo banheiro,
limpeza,
recepção,
pelo chá,
e pelo crachá...

Tem um livro de ocorrência,
onde sobra resistência.
Uns vão,
outros vem,
outros retornam.

A lição fica,
como a certeza também
que ali, aqui,
em qualquer lugar
não adianta enganar.
Amor concreto pesa.

Amor se constrói,
com medida e forma.
Alimenta-se sempre,
cuida-se sempre,
troca-se sempre,
faz-se sempre....

Receita simples
de um bolo
da vovó.

“eu posso, eu posso”

Todo ano era a mesma coisa, a ida a casa de Alzanira e Tia Bebe era sagrada em seu aniversário. Já era tradição, e quase uma verdade absoluta em minha vida.
Alzanira morava no bairro do Grajaú no Rio de Janeiro. Um apartamento simples de dois quartos, que me parecia um antiquário, ou aquele lugar que uma criança como eu, me sentiria podada, pois tudo era proibido de “sonhar” tocar.
Mas como tudo também tinha uma história de vida, sempre me proporcionou prazeres de informação. Além é claro, do almoço em si, quero dizer, das maravilhosas sobremesas oferecidas.
A ida era sempre uma novela, pois não tínhamos carro na época e o caminho era o ônibus, 154, Grajaú/Leblon, que tinha um trajeto bem longo e demorado.
Alzanira possuía um piano que era algo majestoso de tão lindo. Toda sua frente trabalhada com madrepérolas. Nas laterais frontal, havia dois candelabros de bronze articulados, para segurar as velas, relembrando, na época de sua concepção, não havia luz elétrica.
Era uma peça que tinha um local de destaque em sua sala, entulhada de outros móveis.
Minha bisavó, Etelvina Bonfim Diniz, a Vinínha para a família e a Baba para os bisnetos, sempre nos contou que tocava piano em sua infância, mas por algumas vezes a instigamos a se atrever a manuseá-lo, porém a resistência sempre foi total.
Neste ano, depois de já termos almoçado e adoçado a boca, fomos para um dos minúsculos quartos para conversar.
Baba sem ser notada foi ao banheiro e em seguida perguntou se poderia pegar uma água.
Na volta da cozinha, sem ninguém por perto, se atreveu a sentar ao piano.
Com toda tranqüilidade e sem pressões, pois todos riam e já tinham se esquecido dela, abriu o teclado e com a desenvoltura de quem sabe andar de bicicleta, se pos a tocar de forma livre e majestosa.
Corremos todos para a sala, admirados e perplexos, tanto com sua desenvoltura, como com o som do instrumento.
Sorrindo, bela, livre e solta, Baba afirmava, “eu posso, eu posso”, passeando seus dedos por todo o teclado e cantarolando instantes de muito prazer.
Foi fascinante a sensação, perceber o transbordar na vida, o porque de uma vontade. De um elo com seu passado, um elo com seu eu.
Perdi minha Baba quando tinha 15 anos.
Tia Bebe e Alzanira também se foram.
Histórias do “sagrado” almoço anual, ficam nesta crônica, porém o exemplo da rica e bela formação que tive, continuam vivos comigo.
Saudades de você, Baba.
Beijos e conquistas ao som de um piano.