domingo, 20 de novembro de 2011

A última peça

Uns se sentem confinados. O assunto preferido é sobre a data prevista para a saída.
Sexta feira passada vivi o oposto, o velho Barbudo, com roupa de guerrilheiro, me confessou sobre sua angustia, sobre ter ficado acordado, na expectativa de não conseguir agüentar a barra lá fora.
Um homem calado, sentado nos cantos, de olhos fechados, mas acordado.
São dois tipos de personagens, no mesmo campo de refugiado, que vivem diferentes perspectivas.
A dor se equipara a ferrugem, pois corroi aos poucos, no silencio, até o rompimento da alma.
No instante da explosão, do protesto, da indignação, do desespero, da falta de saída, pode-se desejar e buscar a morte.
O que não se pensa é que lhe tirarão o direito de acordar no dia seguinte.
Tem coisas na vida, que não voltam atrás,
A morte é meio assim. A última peça.

sábado, 19 de novembro de 2011

Alice

Esta semana Rebecca, minha filhota mais velha, comentou-me que Alice, minha 2ª filhota, recém casada, estava vivendo um processo depressivo.
Foi como um enorme e mortal soco recebido.
Sei o que é dor. Como sei.
O nada sem fundo, sem cor, apenas com o som do atrito imaginário, de não passar em lugar algum.
O despencar de algum lugar, sem ter aonde se pegar, se apoiar.
Despencar sem saber por quanto doerá o pavor É algo contigo, não concreto, pois tudo continuará como antes
Perceber que uma mão estendida, passa do difícil ou impossível de percebê-la, apesar dela estar lá.
Dói tanto, mas tanto, por não conseguir fazer nada, madinha para minha filha não sentir aquilo. Quero substituí-la.
Passamos a nos falar todos os dias, apesar das sombras, das dores, estarem presentes,

Aqui na Clínica

Aqui na Clínica,
nossa percepção
das coisa mudam.
O papo das terapias,
a contenção,
e seus desdobramentos.
O silencio,
as visitas esperadas,
as visitas sociais,
as visitas que se foram.
O engolir seco,
o choro contido
ou o não contido no quarto.
O medo dos telefonemas
a forma e a obrigatoriedade
das respostas lógicas.
Não falo de todas ligações, e seus MSNs
Falo das que sempre posei de lógico.
Gostaria de poder falar,
e ser ouvido.
Afinal nunca me permiti a viver
dentro de minhas limitações,
Sim, gostaria de curti-las,
aprender até aonde posso dar o próximo passo.
Nem que infelizmente seja sozinho.

Parar de fumar

Começa amanha, uma campanha nacional pelo fim do tabagismo.
Bem legal. Lembrei-me de Cavadas, diplomara e médico, amigo da família.
Certa vez em uma festa lá em casa ele novamente era o centro das atenções. Trazia da Europa uma cigarreira linda, acho que banhada a ouro, modelo bem clássico, que tinha como diferença das demais, além da beleza, um timer, que você programava, decidindo o tempo em que ela viria abrir novamente..
Foi um sucesso. Colocou-se o tempo de 3 minutos e ela abriu normalmente.
Depois do show, Cavadas a programou para 1 hira.
Pronto o 2º ato estava marcado.
Sem perceber, como fumante inveterado, foi com a mão ao bolso e lembrou-se que faltava mais de ½ hora ára que a mesma abrisse, rsss.
Ele tentava de todas as formas reabrir a cifarreira, e todos riam.
Derepente enfia a mão em outro bolso. Saca um outro maço de cigarro e afirma a todos presentes ”vocês acham que sou bobo, tenho sempre outra carteira como sobressalente no bolso”.
Foi um riso único.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Escrevo,
apesar de saber que não me lerás,
mas fica a sensação
de que poderei laçar sua sensibilidade.
Seus movimentos, sua rebeldia.
Vivo o dia 11/11/2011.
Algum instante cabalístico,
ou simplesmente algum instante...
... insinuante.
Gosto quando você não se cotem,
Koiza de capitão gancho.
Paixão.
Começo nadando,
e sigo
tecendo seu corpo.
Tratando-o pelo avesso
Assustado-o pelo novo.

De mão molhada,
a certeza que tudo recomeçou.
Puro medo de se entregar.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Pensamentos

Pensei em lavar o carro,
MAS NÃO DEU.
Pensei em cortar o cabelo,
MAS NÃO DEU.
Pensei em fazer a barba,
MAS NÃO DEU.
Pensei em não tomar sorvete,
MAS NÃO DEU.
Pensei em dormir cedo,
MAS NÃO DEU.
Pensei em acordar bem,
MAS NÃO DEU.
Pensei em fingir vontade,
MAS NÃO DEU.
Pensei em parar de chorar,
MAS NÃO DEU.
Pensei em... esperar,
MAS NÃO DEU.
Juro que eu pensei...
MAS NÃO DEU.
Mas....
MAS NÃO DEU.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Incomoda

Volto ao teclado. Aqui vivo a possibilidade de encontrar, minhas necessidades, sem ter medo do invisível. A noite é clara, apesar da escuridão. Brinco com o chamado impossível. E dele extraio leveza, possibilidades, o dia seguinte. São complicadas as relações diurnas. Normalmente as coisas ficam pela metade. Nem necessariamente por causa do tempo, mas porque são poucos os que dominam a arte de tecer uma relação. Compreender que a continuidade de uma mesma história já é outra história. O recomeçar, é viver. Relação Fast-food nem pensar. A ansiedade, o medo, o frio na barriga, da corda no relógio da vida. O aguardar, o esperar, é turbilhão, é puro desejo. Dizem que ultrapasso a fronteira, que atropelo a razão, e a compreensão. Mas não sei como se vive sem reagir aos acontecimentos. Sou parte de minha época. Trago minha história, minhas vitórias, minhas dores. Dou risada e choro. Permito-me emocionar, em público. O que quero, o que desejo, não sei ao certo. Mas sei que quero, que sinto, que busco. O desejo existe, mas a sensibilidade incomoda.

sábado, 15 de outubro de 2011

Horário de verão

Ontem conversava com meu pai. Falávamos da hiperatividade de seus dois cachorrinhos Basset. Papo rolando, com um show a parte dos dois, que corriam, se batiam e mordiam, dando vida ao momento.
Então veio a lembrança de seu antecessor, o Oscar. Um também Basset, porém de cor marrom (os de hoje são pretos), que faleceu a uns dois anos, depois de 12 anos junto a família.
O pai se engasgou, relatando sua morte. Oscar dormia com meu pai, quando se sentiu mal. Correu para a área de serviço, onde ficava sua cama, lá deitou, vomitou e faleceu, com problemas de coração.
Tudo muito rápido, mas tudo muito longo, pois a sensação de perda arrasta-se até agora.
Então segurei-me mais uma vez, disfarçando o ato de secar as lágrimas que insistiam em correr.
Tudo é motivo de choro. Que descontrole é este? Que perdas são estas que me colocam sempre no limiar do desmanchar?
Ontem reunimos os primos/irmãos cariocas.
Eu, Wayman, Anne, Chris e Eliane. Crescemos juntos. Falamos da vida, dos filhos, das graças e desgraças vividos por cada um. Rimos de nós mesmos, até da falta de graça. Ao final fotografamos o momento. Aquelas fotos sempre tiradas, mas que quase nunca aparecem depois.
Tudo regado a muita cerveja, vinho (meu) e refrigerante, acompanhado de uma ótima feijoada.
Um dos papos que rolaram foi sobre o interesse de resgatar o passado, através da construção de uma árvore genealógica. Percebi em Anne e Eliane, um momento em comum comigo. Buscando entender as raízes, talvez para não se sentir tão solto(a) perante a vida. Ali resgatamos momentos de nossos pais e avós.
Quando nos despedimos, ficava a certeza de que tinha sido uma noite. Que o vinho tinha acabado, e que todos retornavam para ....sua realidade.
Por mais que eu queira, minha estada no Rio é pontual. Nada resgato, somente comprovo que existe um mundo para ser vivido, disputado, saboreado, e o que passou, tem que caber nas lembranças, não nas faltas.
Aí me perco, pesando a vida. Pois as lembranças criam vazios, faltas, choros, tristezas profundas.
Daqui a pouco será hora de adiantar em 1 hora os relógios.
Quero recompor-me neste hiato. Secar as lágrimas, retocar a maquiagem, enfrentar a distancia. Estarei uma hora mais perto do desejo deste amor que a amizade faz.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

AQUELE ABRAÇO

Havia ido levar a mãe ao aeroporto. Como sempre meio atrasado. A vida nos faz correr. Sempre tentamos utilizar o nosso tempo da forma mais racional possível. Encaixando “compromissos/atividades atrás de compromissos/atividades”, e assim acreditando estar tendo mais tempo de vida.
Como tinha que sacar dinheiro para a mãe, deixei-a fazendo cheking, enquanto procurava um caixa eletrônico.
No correr pelo saguão deparei-me com um grupo de jovens, roupas leves, coloridas, meio anos 70, fazendo meditação em uma rodinha, todos sentados ao chão.
Passei correndo, tinha a hora contada, mas sorri, não sei se para o grupo, ou para mim. Resgataram-me algo, mas que logo abandonei.
Tudo pronto. Estava com o dinheiro na mão, a mãe havia ido se ajeitar no toalete, e era só embarcá-la.
Despedimos-nos junto ao portão de embarque, dei-lhe um beijo no cabelo em um meio abraço. Desejei-lhe boa viagem, e enviei abraços aos camaradas da Fundação Lauro Campos.
Ela já ia, então a chamei e disse “Me ligue, confirmando seu retorno”.
E fui, procurando o melhor caminho para chegar ao carro.
Mas novamente deparei-me com o grupo de jovens.
Estavam todos em pé desta vez. De longe não entendia direito o que faziam. Meio cercavam as pessoas, que se esquivavam. Logo pensei, “a segurança logo irá tirá-los daqui”.
Rapidamente era minha vez de ser cercado por eles, todos sorrindo, com alguns cartazes feitos a mão, convocando a população a dar um abraço gostoso. Parei, sorri, e dei e recebi, AQUELE ABRAÇO.
Foi um abraço tão gostoso.
Percebi então que se estivesse atrasado com algo, seria com minhas carências.
Olhei para trás, meio pensando em voltar, para chamar minha mãe e dar-lhe um abraço por inteiro. Um abraço com energia, com vibração.
A partir dali, resgatei alguns abraços, o que me deu muito prazer.
Vieram-me outros abraços que não dei.
O corpo fala. O contato físico aflora o desejo, denunciando a emoção.
A vibração transforma-se em expectativa, num tremor gostoso.
Abraço forte, abraço inteiro, abraço colo.
Quero e gosto de abraço de urso
.

domingo, 2 de outubro de 2011

Loucura, soucura.

"Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo."

Clarice Lispector


Hoje, praticamente sinto-me bem resolvido em relação ao fato de minhas internações. Falo, comento, conto minhas experiências e meus aprendizados normalmente. Como quem retrata uma ida a um supermercado.
Mas não foi sempre assim. Quando de minha primeira internação, a 4 anos, trouxe comigo o olhar crítico depositado sobre as instituições psiquiátricas pela sociedade.
A idéia de um espaço isolado, longe de todos e excluído do direito a vida, era mais ou menos o que esperava. Um depósito de indivíduos que de alguma forma, cruzaram a fronteira, saíram da casinha, num processo de ruptura com os valores sociais e da razão.
Descobri que as loucuras, com suas formas, razões e dores, são diferentes, em suas semelhanças.
Mas na visão popular, a loucura é considerada como “rebeldia”, perda da consciência, devido a um desequilíbrio emocional ou comportamental, acompanhado pela fuga e isolamento da realidade, ou por distúrbios e deficiências orgânicas e mentais.
Mas vivendo, revivendo e convivendo a realidade de outras internações, fui acumulando avaliações sobre estas experiências.
Sai de um sentimento de dor, vergonha, abandono, falta de chão, incapacidade e entrega dos pontos, no momento de minha primeira internação, a contradição da certeza, da força, da alegria, da autoconfiança, do descobrimento de pares com quem repartia o existir, o brincar, o poder e o prazer. Todos estes sentimentos vividos em apenas 3 meses de clínica.
O diagnostico de alta, representou o total pavor. Hoje vejo que desejava viver ali para o resto de minha vida. Ao lado das pessoas “mais maravilhosas” que o “acaso” me havia presenteado. Ou seja, continuava com uma visão desfocada.
Mas porque isto???? São diversos fatores, mas vamos lá.
O fato de alguns internos pararem para te ouvir, terem tempo pra você, é o máximo de bom. Permitir-se a cantarolar ao lado de roda de violas, banhadas pela lua. Os corpos dançavam, os sorrisos faziam eco, num local em que todos soltavam seu lado artístico. Num local inacessível a minha pesada e antiga realidade. Aonde o amanha, não seria estressante, aonde ninguém te acusaria pelo fato de você simplesmente se permitir. Acreditei que se podia viver sem um relógio no pulso.
Para as crianças, para a família e amigos, estava curado e a primeira internação teria sido um momento impar, um resfriado, já inclusive esquecido.
No retorno, noutra internação, senti-me perplexo, pois indagava como a avalanche “DO TUDO” pode voltar mais uma vez sem pedir licença. Ali estava eu a ter que tentar falar das dores oriundas das perdas físicas, perdas emocionais, perdas oriundas do medo, da desistência, da falta de desejo a vida. Uma das inquietações era por quanto tempo, teria que deixar de respirar um lado da vida social, e viver aquele EU, só meu, de uma vida dupla, não pública.
Tudo já havia passado, a alta conquistada, e a certeza de que não teria vivido uma punição.
A convivência com os outros internos era parte do tratamento. Somente isto.
O perceber que o furacão habita o peito de todos. Uns falam dele, outros, de dentro e de fora da clínica, exteriorizam e interiorizam o eco do grito da inquietação.
Outras internações vieram. Hoje conheço-me mais. Sinto pena dos que nunca puderam parar o mundo, para melhor percebê-lo. Não fazem parte de meu currículo minhas internações, mas fazem parte de minha vida. Foi uma vitória poder conviver com minhas limitações, admiti-las. São muitos os que apreciam, me procuram, para conversar.
Para as crianças, para a família, estou curado e a primeira internação teria sido um momento impar, um resfriado, já inclusive esquecido. As outras internações ignoram. O que de fato existe, é o medo da perda, do que não é compreendido.
A dor vem, o sintoma simplesmente é a cicatriz da queda. Todos acessamos a porta de emergência da sensibilidade, ingressando num outro mundo, chamado “loucura”.
Sair da classificação de engraçado, exótico, diferente, e entrar na versão de um ser de comportamento supostamente desviante, que afeta a vida das pessoas com quem convive, é um pulo.
Da genialidade, da criação, a negação familiar. As brutalidades sociais, isolam, castram, e definem o internamento simbólico, e abrem as portas da loucura. Sem uma linguagem comum, o exílio é pura conseqüência.
Hoje existe profissionais que adotam a luta pela política “Anti Manicomial”. Mas as formas, o preconceito e as relações são e sempre foram diversas. Na antiguidade a loucura era considerada uma manifestação divina. Na Idade Média, inquisição, eram queimados, pois os “loucos” eram pessoas possuídas pelo demônio. Hoje parte da Igreja Católica e Evangélica, com uma visão moralista e discriminatória, classifica o ser, paciente, que não é produtivo na economia de mercado (valorização da razão), como alguém que tem algo a menos, e precisa de ajuda, para retirar o mal de seu interior e reintegrá-lo ao mundo, produtivo, do Senhor.
Já os Espíritas, de forma mais harmoniosa, dialogam, pois consideram MEDIUNICOS, os que ouvem vozes, os que são introspectivos, pois através deles, esta aberta à comunicação com os que se foram, e com o incompreendido, com o inconsciente.
Temos depósitos de “LOUCOS”, espalhados por todo o Brasil. O que não se vê, e não se ouve, não existe.
Mas os NARCOTICOS, criaram uma pandemia globalizada. Com um custo altíssimo ao estado. Então tentam criar um “modelo” de política antidrogas.
Como se fosse possível, separar as expectativas de lazer, da educação, da alimentação, da segurança, das oportunidades, de uma sociedade aonde o respeito e os problemas do homem serão ouvidos.
Sem entender a questão da subjetividade do homem, o gosto do azul ou do verde, do cheiro, das texturas, do ritmo, o respeito ao direito a opção, não se vai a lugar algum.
A importância das terapias, individuais e em grupo, do ouvir, do ouvir e do ouvir é o caminho. Do respeito à diversidade. O entender que o direito a busca do prazer, é viver.
Para começar, precisamos de uma linguagem comum, que respeite as variações culturais, com suas praticas e diversificadas. O tratamento pode se dar no núcleo familiar, ou em instituições. Manter o diálogo, é caracterizar cada caso.
As gigantes indústrias dos remédios tentam vender soluções caras e inexatas. A marginalização de algumas posturas como doenças vem do preconceito contra o que é ainda desconhecido. E temos que tomar, bolitas, bolitas e bolitas. No início tinha preconceito com os remédios, hoje apreendi a aturá-los. Participo até de comunidade no Orkut. Faço parte da turma do Zyprexa. E paralelo a isto, falo do que sinto. De minhas dores, tristezas e limitações.
Tenho que parar de demonstrar que posso tudo. Não preciso do olhar e da aprovação do mundo. Talvez queira só a atenção de “alguém”. Poder ser frágil, dentro de minha rotina. Tentando desacelerar, sem entrar em depressão. Quero apegar-me, as bordas da vida.
Antes amava a noite. Hoje, muitas vezes me confundo com ela.
Viro noite, vestindo-me de madrugada. Confundindo-me com a solidão.

Já pensei muito sobre o que é loucura, rsss.
O preconceito e a rejeição a classificação é concreta. Mas todos afirmam querer um momento de LOUCURA....., até acompanhado, com seu parceiro, rsssss.

A vida da gente é assim.
Muitas vezes damos voltas para chegar bem em frente.
Em frente do que não enxergamos,
Em frente do reflexo, em frente do EU.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Granola

Depois de tanta propaganda e cobrança,
experimentei, comi a granola diferenciada,
que Wayman (meu irmão) me trouxe.
Quebrou meu dente.
Será que sinto,
saudades da granola de sempre,
ou saudades de meu dente de antes ???
Diferenciadas são as expectativas que sentimos,
e o"" instante"" que ainda não veio.
Será que falta tempo,
ou sobra embasação ???
As decisões se darão no ato,
da boca aberta,
do dente recuperado,
do toque desejado,
do beijo teoricamente roubado.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Mobilizações do Face Book

Algumas lutas,

como algumas dores

surgem aparentemente

como “ALGO” espontâneo.

Mas se não a analisamos

não a compreenderemos.

O “ALGO” (lutas e dores),

se tornarão cicatrizes,

de histórias

muito mal resolvidas.

Esquecidas, mas latentes,

num buraco aberto.

Colocarmonos

como sujeito da vida

nos autorizará

a acreditar na capacidade

de construir o “ALGO” dialético.

O “ALGO” sorriso,

o “ALGO” prazer,

individualmente coletivo.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Então resolvi ir deitar.

Coloquei na balança

de um lado a depressão,

do outro a tristeza.

Não houve equilíbrio.

Juntei a tristeza

e a melancolia.

Não adiantou.

Buscando harmonia

depositei as dores de hoje

do lado da depressão.

Novamente, não houve equilíbrio.

Acreditei

que as dores de ontem

zerariam a angustia.

Então resolvi ir deitar.

...com gás.

Não sei, não vejo

aonde é a fronteira

da emoção

e da racionalidade.

Vivo, conto e extravaso

ao retratar

minhas experiências.

Junto os dias,

junto pessoas,

em sentimentos refrigerante,

com gás.

Não busco resultados,

apenas colho

dizeres de pé de ouvido,

via e-mail.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

O mundo é míope e estrábico

Quando não estou bem, prefiro ficar só. Coisa minha. Hoje me integrei à cama até as 14 horas. O telefone às vezes cortava o silencio, Mas optava por retornar as cobertas.
Domingo, dia seguinte do casamento de minha filha Alice, também estava assim. Apesar de ter vivido junto à família e as pessoas amigas a alegria da união formal do casal, A cerimônia e a festa foram muito gostosas. Mas sentia frio, tonteira, fraqueza. Assim acho que fui o primeiro a voltar pra casa.
Domingo meu irmão organizou um baita churrasco. Chamou parentes e amigos, mas também não consegui participar. Optei por meu quarto, por minha cama.
Wayman certo momento veio me chamar, então lhe falei sobre um “cansaço”. Ele insistiu, voltando a chamar-me para a “gostosa festinha”.
Passou algum tempo, nem sei quanto, aí meu primo Paulinho,do sul, veio me trazer o prato, almoço.
Quando me viu deitado, se emocionou e começou a chorar. Repetia, "levanta, se anime, não te entregue a depressão".
Quem já viveu a depressão, reconhece o eco silencioso da dor do outro.
Fiquei emocionado, pela solidariedade e por ele.
Me fez levantar, nos abraçamos, e fiquei preocupado com sua fragilidade. Enxugava as lágrimas que saltavam de seu rosto, convocando-me a reagir.
Temos em comum a dor, apesar de as dores não serem iguais.
O buraco das solidões, são fundos e sem bordas, mas também são diferentes.
Acaba que as coisas acontecem conosco, na frente dos outros, que nada percebem. O mundo é míope e estrábico.
Parece que vivemos uma vida dupla, a nossa, a do “EU” e a social.
Isto é a globalização dos sentimentos. Fábrica de solitários.
Ouvir o outro, compartilhar emoções, seria por aí.
Ontem Paulo me ligou, querendo saber se tinha saído da cama. Me dando força. Um beijo Paulinho, obrigado pelo carinho, pela solidariedade.
O viver a sensibilidade permite a possibilidade de se conhecer.
O fingir que tudo é besteira é perder a bússola, o sentido.
Nestes casos, quando se cai, fica impossível se levantar.
Minha prima Eliane, pediu-me para “”puxar”” por ela.
Conversamos sobre distancias físicas e distancias de almas.
Ainda não sei se é pior a solidão acompanhada, ou a solidão solitária.
Vivemos vitórias e derrotas.
Colecionamos as vitórias. Elas são o calçamento da vida. O estímulo do caminhar.
As derrotas simplesmente existem, não fazem parte de coleções,
Vou escovar os dentes. Quero abraçar e beijar a madrugada.
Boa noite.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Dias e noites

Tem dias,

tem noites,

que começam

e terminam

tão iguais.

Tem dias,

tem noites,

que acabam

se estendendo,

eternamente diferentes.

Tem dias,

tem noites,

que viram histórias.

Vontades iguais e diferentes,

vivamente degustadas.

...suspiro maroto

Demonstrações espontâneas
de amor e carinho,
não têm preço.

É de um prazer,
único e silencioso.

Como um bilhetinho
guardado dentro do livro
da eterna lembrança.

Um suspiro
em um sorriso maroto.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Novamente secura

A sensação é forte, diferente, um mal estar constante. Esta semana atingimos 10% de umidade do ar novamente aqui em Brasília. É a 4ª vez na história da cidade, que atingimos esta marca. Algumas escolas reduziram o horário, outras suspenderam as aulas. As crianças não entendem, os adultos apresentam sintomas, e reclamam, do que sentem e do que pensam sentir. A secura debilita, desestabiliza. Cria um visual de queimadas, nuvens de fumaças, a vida derretendo, se esvairindo sem controle.

O serviço de meteorologia, afirma que podemos chegar ao insuportável nível de 5% de umidade, antes de recebermos as primeiras chuvas, provavelmente somente a partir dos próximos 15 dias. Será a Primavera.

Clima de deserto.

Sentimento de desertificação, de abandono.

Saudades do cheiro de terra molhada, da plástica e dos perfumes das flores, Da fala de um habitat equilibrado, de um coração acelerado, do andar de mãos dadas, do se perder em meio à vida.

Saudades de um tempo em que a gente se entendia, ria, se confundia na ordem das buscas, se achava na desordem dos toques, dos olhares e juras de cumplicidade.

Uma época de banhos, de chuvas, de intimidades.

Aonde não havia secura ou frescura entre a gente. Em que o respirar e murmurar juntos acontecia.

Que o entardecer tinha cor, era belo.

Época, sem secura, aonde me molhava por você.

Hoje a sensação é forte, diferente, um mal estar constante.

A secura debilita, desestabiliza.

Espero a chuva e a primavera.

Infelizmente a umidade da relação com a pima Vera se perdeu em meio à neblina de fumaça. Secura, sentimento de desertificação, de abandono.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

O Conjunto Nacional e a Rodoviária

Ainda me lembro da inauguração da primeira etapa do CNB (Conjunto Nacional de Brasília). Naquela época era possível encontrar baianas com acarajé nos corredores ou senhoras vendendo doces, queijos e pamonhas. Assim surgiu o 2º Shopping construído no país em 1971. Sem as atuais políticas internacionais de shoppings, nasceu meio que uma grande galeria, com diversas entradas e lojas abertas para fora. Um feirão popular.

Localizado praticamente ao lado da rodoviária, na Zona Central de Brasília, é o maior centro comercial do Distrito Federal e está entre os 30 maiores do Brasil, depois de construídas as 2ª e 3ª etapas. Hoje possui 320 lojas e 118.100 metros quadrados construídos, com muitas salas comerciais.
Uma das brincadeiras da época era correr pelos grandes corredores e o subir e descer as escadas rolantes. Tudo amplo e agradável.
A cidade cresceu, e muito.
Continuo fiel ao Conjunto Nacional, pois lá é o ponto de encontro com amigos e filhos ao final do expediente, ou buscar e pesquisar para ir as compras de fato.

O que me chama muita atenção é o contraste entre a rodoviária (tombada pelo patrimônio histórico nacional), e o vizinho CNB. A sujeira, o abandono, a insegurança, o descaso e desrespeito com o usuário brotam a cada ponto.
Sei que a cidade cresceu muito, mas o movimento cresceu igualmente para os dois espaços vizinhos.
As escadas rolantes da rodoviária quase NUNCA funcionam. Tem dias em que os grandes “administradores” optam para que as que descem funcionem, enquanto as que sobem, façam da população um monte de “coitados” que vencem degrau a degrau, como se estivessem a pagar alguma promessa sem fim.

Porque, as escadas rolantes da rodoviária não funcionam e as do Conjunto Nacional funcionam sempre??????
A manutenção do Conjunto é feita a noite, eu já vi.
Porque os banheiros públicos da rodoviária são inviáveis e indecentes e os do Conjunto Nacional são limpos, e na realidade usados por grande parte dos usuários e dos trabalhadores da rede rodoviária?????
Porque a cristalização do desrespeito, do abandono e do descaso é a regra??????

Já passou a hora de virar a mesa.
Levantem a cabeça, enxerguem no olhar do outro, o desejo, o querer, a força de JUNTOS, construirmos outras porteiras, em territórios nunca antes percorridos.
O futuro a nós pertence.
O perfume é de gozo, a trilha da poesia é a luta.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Sem luz

Nesta semana, novamente, quando chegava em casa, encontrei um poste no chão.
Mais um acidente imbecil, que representa um novo fim de dia sem luz.
A princípio, um tédio, a espera por um reparo rápido, a fim de retomar a rotina, com TV & computador, telefone sem fio, chapinha, etc & etc.
As velas acesas, as sombras indefinidas, o tempo a não passar.
Aos poucos todos foram se deitando, esperando o retorno, que não vinha.
Percebi os cachorros agitados, e sai rumo ao quintal.
Procurei o que havia, e percebi o que não via.
Estava eu, no escuro mais claro de minha vida.
Ali enxergava um céu maravilhoso, limpo, estrelado e apaixonante. Céu este que com a iluminação pública, sumiria.
Ali percebia e ouvia o falar da madrugada, os sons do silencio. O respirar diferenciado, dos apaixonados, da noite, do desejo.
Embaixo daquele céu, percebi meu tamanho. Então dei a mão para a lua, brinquei com as corujas e virei luar.

domingo, 28 de agosto de 2011

As tardes

As tardes são gostosas.
Já tinha até me esquecido disto.
É um período do dia em que sempre estou
a mil por hora.
Acabava enganando-me que o prazer
só poderia ser atingido na madrugada.
Foi gostoso redescobrir o tempo.

Diálogo

Muitas vezes,

escrevo

conversando contigo.

Não sinto

que vivo

um monólogo.

Acostumei-me

a forma,

do medo

e ao desejo contigo.

O rompimento

de hábitos

aproximará.

Outros luares,

e olhares

encantarão.

Sobraram 20 minutos

Termina meu final de semana. Sobraram 20 minutos, até que meia noite chegue. Ainda bem. É pouco tempo, mas espero que seja meu.
Barbara me visitou, com Leo e Bernardo. Bem visita de final de semana para ver o pai. Todo mundo na sala, minha mãe, Rebecca, Gaby e Paulinho.
O papo roda, roda, vale tudo. Nada concreto tudo sem nexo, recheado de boas gargalhadas e gargalhadas.
Lembro-me de um papo com minha filha, Ela estava grávida, e decidia por ir morar com Leo. Aí me pediu para que prometesse que SEMPRE iria morar com eles. Ri, e dei-lhe um forte abraço, Minha filhinha, querendo crescer sem deixar de ser menina. Por um lado, era gostoso achar como ela, que minha simples presença a seu lado, seria garantia de um futuro tranqüilo e feliz. Tentei ser lógico e explicar-lhe, que por um período, estaria com ela, fisicamente. Mas que chegaria o momento em que eles seguiriam a vida. E que minha casa seria sua segunda e eterno primeiro lar.
Ela não aceitou, e me fez prometer, o juntos para sempre.
Semana passada, Barbara me procurou novamente para conversarmos. Ela e Leo chegaram a conclusão de que minha casa será sempre a casa de todos os meus filhos, parentes, amigos, agregados, etc, etc. Comigo eles nunca poderão viver a paz necessária para um casal.
Sorri, meio perdido e concordando com eles. A sensação de perda, no instante foi forte. O “para sempre” foi tão curto. Acabou que eu que me portava como criança, acreditando que iria durar e durar.
Dói um tantão. Mas é assim. Lindo, ver a vida continuar.
Lindo perceber que sua filha cresceu.
Lindo saber que eles conseguem construir e lutar por suas necessidades.
Termina meu final de semana. Sobraram 20 minutos, até que meia noite chegue. Ainda bem. É pouco tempo, mas espero que seja meu.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Meu Ontem, meu hoje, meu amanha.

Já fui dormir sabendo que faltava algumas conexões na obra do espaço gourmet.

Então acordei pilhado, pois antes de começar meu dia, teria que ir na “madeireira”. Mas ao acordar, minha mãe explicou-me que o mundo poderia “acabar” caso eu não fosse até o “Setor de Industria” (bem longinho daqui de casa) pegar sua encomenda da Bless Cosmetics, que havia chegado desde o dia anterior.

Lá fui eu, atender mamãe e os peões da obra.

Peguei aquele engarrafamento na volta, pois para variar havia mais uma manifestação na Esplanada.

Retornei, tomei banho, mas não podia sair à luta, pois minha mãe ainda não estava pronta. Aguardava pacientemente, rssss, é mentira, fiquei irritado, mas esperei de forma educada. Então minha filha Rebecca me liga, pedindo uma carona até o Setor de Industria, aquele local longe que eu acabava de retornar de lá. Combinei que mais tarde daria um jeito de levá-la.

Junto com mamãe fomos até a Câmara dos Deputados, aonde a deixei. Então quase que por encanto, meu filho Oliver me liga, pedindo “pelo amor de Deus” uma carona até a casa de sua professora de música.

Largo novamente meus compromissos, e vou buscá-lo. Chegando lá, ele sobe e fico no carro, tipo motorista. O tempo vai passando e percebo que caso ele demorasse mais um pouquinho, acabaria me atrasando para pegar meu outro filho Breno na escola. Ligo explicando a situação, então fica acertado que era para ir buscar o Breno e retornar mais tarde.

Que bom que eu liguei né, senão ficaria mofando no sol.

Busquei Breno, que estava com aquele rango, então passamos na Pizzaria Dom Bosco, e tudo se resolveu. Voltamos a Oliver, que me fez esperar mais um tantão. Larguei-o na Câmara Federal, aonde ele trabalha também.

Voltei para casa, trazendo Breno.

Rebecca me vendo, pediu um tempo, para acabar de se arrumar, pois estava atrasada para ir ao Setor de Indústria. Lá fomos nós. De lá seguimos procurando uma loja da NEXTEL, tinha conta atrasada, depois ao Bradesco, sacar dinheiro, em seguida realizar um pagamento do outro lado da cidade, depois buscar Gaby, minha netinha na escola, depois uma passadinha naquela Pizzaria da hora do almoço, para resolver o problema do entardecer, depois voltar a Câmara dos Deputados, para buscar mamãe, depois uma leve passada no mercado, para umas koizitas essenciais a vida.

Enfim retornar ao lar doce lar. Fazendo tudo, sem fazer nada para mim.

Mas Leila, minha ex, liga solicitando-me a substituí-la, em sua promessa de ir naquela noite ao cinema com Breno, e ir devolver uns DVDs na locadora.

Meio sem graça, me desculpando, propus ao Breno, irmos amanha ao cinema. Vi que decepcionei, com a negativa. Foi difícil dizer não, mas estava muito além de minhas possibilidades. Fico elétrico, dou choque.

Recheando tudo isto, o telefone não parou de tocar.

Fica um vazio, um nada forte. A sensação do tempo passar no mesmo lugar.

Depois na noite procuro compensar. Luto contra os remédios. Busco o que não encontrei.

Hoje será meu amanha ???

"sala de visitas"

Troquei o habito de tomar sorvete de chocolate na madrugada, por chupar laranja. Bem mais saudável, mas às vezes sinto gosto de chocolate na boca.

Saudades de sabores, licores, saudades de amores....

Muita saudade de você.

Uma certeza que tenho, é que nunca deixamos, sempre ficamos, e falamos em línguas, trocadilhos, versus e desafios ao luar.

“Então sentes que me mantenho afastado

e que talvez assim deva ser.”

Usamos a percepção e junto a ela, fazemos nossas experiências. Assim, como bruxos, saboreamos alquimia.

Somos igualmente diferentes.

Ficamos as mesmas noites, juntos a namorar a lua.

O rapto de um pedaço de uma verdade, não poderia ficar sem explicação.

Aí fiquei sabendo, que o problema, saiu de visitas indesejáveis a sua “sala de visitas”.

Que bom, vire o tapete ao contrário, assim “eles não voltam”.


terça-feira, 23 de agosto de 2011

Rapto

E aí Barbara, minha filha, contava-me sobre um afronto, uma indignação sofrida. Eu ouvia, meio que rindo, achando tudo coisa de jovens crianças. Ela reportava sobre uma “amiga” que a havia excluído do Orkut. Explicava-me o quanto isto era desprezar, ignorar alguém, sem explicação, sem motivo. Meio que ria, com raiva da exposição pública.

Aí comentei que sua mãe, Leila, havia me excluído também. Mas achava que aquilo, o deletar, era reflexo de uma situação.

O “deletar” alguém de sua vida, não é algo tão simples, fácil, como o excluir ou bloquear usando simplesmente um teclado, ou uma borracha simbólica. Pode ser um primeiro passo, de um caminho sinuoso, de idas e vindas. Tinha ali a primeira experiência, reflexão sobre o desprezo eletrônico.

Meu vício na web é meio limitado. Uso o e-mail, como um correio sem a figura do carteiro. Já as redes sociais, encontrei-me um tanto com o Orkut. Lá encontrei algumas pessoas. Percebi que o tempo e o espaço eram desprezados. Podia resgatar parte de minha vida, trocando percepções, suores e suspiros. Mas aos poucos todos abandonaram o Orkut, que ficou praticamente um espaço invadido pela publicidade.

No face book não me encontrei ainda. Viajo sim em produzir terapia, com meu blog, vendedor de sonhos.

E encontro-me também em alguns outros blogs que acompanho regularmente. De repente fui surpreendido por uma “amiga virtual” que bloqueou-me. Fiquei intrigado, mas respeitei seu momento, seu desejo. Era o tal rompimento que minha filha citava, mas que não conseguia compreender.

E o tempo passou e fui novamente surpreendido por outro bloqueio. Tinha que digerir este novo instante. Agora faço outra leitura do fato. Não existe a questão do desgaste público. Existe sim, o rapto de um pedaço de uma verdade. Fica um algo sem explicação. Sem beira.

Resta o silencio, resta a sempre lua.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Catalisador

Mais uma vez o telefone.
Já faz parte do corte de uma decisão,
ou de um coito interrompido.
O pior é que normalmente pouco tem a dizer.
Existia uma época em que eles eram poucos e fixos..
Hoje motivos de linhas em comum comunicação.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Abertura dos portos, as nações amigas

O tamanho do oceano

impressiona.

As possibilidades abertas

desafiam.

E eu

acusando a falta

de seu porto.

A admirá-la estou
e sereno penso
se algum dia
aprendo a ser
luar.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Carona no avião

O companheiro Ernesto Gradella, ex-vereador e ex-deputado federal de São José dos Campos, deixou-me um grande aprendizado, com sua experiência de Parlamentar (Revolucionário) aqui em Brasília.

O parlamento coloca “juntos” diversos setores da classe dominante, como banqueiros, empreiteiros, indústrias químicas, donos do agro-negócio, etc, e alguns poucos representantes da classe trabalhadora.

Ernesto Gradella (SP), foi um metalúrgico no parlamento.

Ele e o companheiro Cyro Garcia (RJ), bancário, foram deputados que mantiveram o mesmo nível de vida que tinham, ganhando os mesmos salários que recebiam antes de serem eleitos, e colocando o restante a serviço das lutas.

O PT caminhava a passos largos para adaptação ao regime democrático burguês, trocando as lutas e mobilizações, por uma política simplesmente eleitoral.

A chamada esquerda do PT adaptou-se a isso, como faz até hoje, sendo favorecida com cargos no governo e parlamentares (quase) sempre reeleitos.

Percebemos que o PT estava tomando o rumo que hoje é claro, o da conciliação de classes.

Em nome da “cidadania” e da governabilidade, o Partido dos Trabalhadores tinha como objetivo mostrar-se “domável e confiável” a classe dominante.

Nossa organização, com estrutura bolchevique, sempre discutiu pela base, a atuação nas lutas, nos sindicatos, nas escolas e universidades e no parlamento. Isto permitiu que não nos adaptássemos a “camaradagem” com os “pares” do Congresso Nacional.

Gradella, na campanha pela reeleição de 1994, voltava de Brasília para São José na quinta à noite, pois tinha agenda (compromissos) em sua cidade,

Porém recebeu um telefonema, convocando-o para um comício com Lula em Campinas sexta pela hora do almoço.

Informou que seria quase impossível ir.

Então o comitê de Lula, falou que ele não precisava se preocupar. Bastava vir de São José para São Paulo, que ali ele e outros pegariam um “jatinho” cedido por um empresário amigo.

Tudo combinado, até a reunião da Direção Municipal de São José dos Campos, aonde o chamaram atenção, detectando que o impulso “simplista”, era na realidade, a ponta do iceberg de uma política de troca de favores.

Gradella sempre ouviu a organização e foi ao comício, como havia se comprometido, de ônibus.

Nosso mandato sempre foi assim. Mandato coletivo, mandato da Convergência Socilalista.

Em nosso gabinete nunca aceitamos “presentes”, desde os mais simples, aos mais tentadores ou as belas Cestas de Natal. Todos eram devolvidos.
O PT continuou voando por aí, “em seus aviões”, em seus mensalões, em suas coligações, em suas bandalheiras e ataques a classe trabalhadora.

Esta semana o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, e um de seus cinco filhos, o deputado estadual Baleia Rossi (PMDB-SP), utilizam um jatinho pertencente à Ourofino Agronegócios para viagens particulares.

O deputado Baleia Rossi foi contemplado com doação de campanha no valor de R$ 100 mil, transferidos pela Ourofino.
Em outubro, Rossi liberou a Ourofino para comercializar a vacina, tornando a companhia pioneira no setor, um mercado que movimenta R$ 1 bilhão ao ano e, até então, dominado por firmas estrangeiras.
O trânsito de Rossi e de seu filho no jato da empresa é conhecido no Aeroporto Leite Lopes, em Ribeirão Preto. Funcionários relatam que o ministro e o deputado estadual sempre são vistos desembarcando no Embraer modelo Phenom, avaliado em US$ 7 milhões.

A empresa confirma os empréstimos do jatinho e diz que a aeronave é cedida “para amigos pessoais e colaboradores”.
Desde novembro do ano passado, a Ourofino registrou crescimento de 81%.
O ministro da Agricultura, Wagner Rossi violou o artigo 7º do Código de Ética da Alta Administração Federal, do âmbito do Poder Executivo.

“A autoridade pública não poderá receber salário ou qualquer outra remuneração de fonte privada em desacordo com a lei, nem receber transporte, hospedagem ou quaisquer favores de particulares de forma a permitir situação que possa gerar dúvida sobre a sua probidade ou honorabilidade”, diz um trecho do Código de Ética.

Se fosse só o Wagner Rossi, tudo seria mais fácil. Poderia até ser resolvido.

O problema é que vivemos numa rapinagem, numa putaria, “nunca antes vista na história deste país”.

Somente a organização independente da classe trabalhadora poderá romper com isto.



domingo, 14 de agosto de 2011

Resumo

Tem dias

em que a lua

parece tão longe,

tão distante.

Daí,

meio com medo,

meio sem nada,

fecho a janela.

Dia dos pais - Será que pai tem que ter cabelo curto?

Ganhei de meu filho, Oliver, uma coleção de DVD das Aventuras de TinTin. Adorei.

Quando ainda não era pai, somente filho, devorava os álbuns impressos do Hergé. Tinha todos.

Oliver parece muito comigo, dentro de todas diferenças.

E são as diferenças que nos fazem um grupo, um núcleo familiar heterogêneo.

Liguei para meu pai, todas crianças falaram, menos Breno, que não estava. Comentamos sobre o almoço que rolava aqui e lá. Sobre exames e saúde.

Diversão e arte, cada um construa a sua, com barriga cheia e saúde plena.

Se eu seguir meus instintos, falaria das “N” possibilidades de perceber a lua, de seduzir o infinito, com a delicadeza dos poetas.

Teus sinais me querem, mas ainda não nos encontraremos dona morte. Resisto e insisto, porque percebo a luz do desejo em cada amanhecer.

Busco uma integração espontânea com meu dia a dia. Não posso ser duas pessoas em uma. Uma representa, a outra observa.

Essa coisa de se expor não é bobagem, nunca foi. Sempre doeu. Ser filho, ser pai, ser profissional, ser equilibrado, forte, capaz de tudo por todo tempo é pesado demais. Balanço o corpo, derrubando o peso. Sempre quis me convencer que o hoje é eterno. Mas não consigo.

E aí, servi a lasanha. Foi uma festa. Também já era quase 14 horas, a fome já tomava conta de todos.

Comeram, repetiram, até cansarem. Mesmo assim sobrou uma forma sem tocar. Estava gostoso.

Paulinho, meu primo, como sempre bebeu, bebeu e bebeu.

Tenho muita pena dele. Deve se sentir sozinho no mundo, indefeso, acompanhado da mulher e das 3 filhas.

Então a mãe serviu o pavê, e todos excederam e se lambuzaram.

Aí mas tranqüilos, voltam a conversar.

Lembro da casa de meu avô Zezinho. Lá a conversa dos adultos aguçava a curiosidade, aguçava a fome.

Treinava a percepção, ouvia o não dito, as entre linhas, as contradições. Toda aquela verdade se foi.

Ninguém existe mais. São só falas em minha cabeça.

Meus filhos continuam querendo me convencer a cortar os cabelos. Será que pai tem que ter cabelo curto?

Aos poucos todos se foram.

Anoiteceu e a Lua espontaneamente retornou.

Ela nunca me deixou.

As saudades retornam aos poucos.

Você, que não me deixa sair, faz parte de mim.

A Trindade, Eu, a Lua e Eu voltamos à madrugada.

sábado, 13 de agosto de 2011

...só a lua

O lindo é leve.

Tem a flexibilidade do vento,

o movimento dos mares.

Hipnotiza, porque provoca o desejo

Excita, pois é incógnito.

Quero expor-me diante da vida.

Com largos sorrisos,

bobagens, ecos de gemidos.

Ver o corpo reagir,

diante do antes,

da fêmea, da abordagem.

Secretamente o toque,

alegrias e brincadeiras,

gritos de ouvidos.

Diante de tudo,

nada é conseqüência.

O tempo para

e só a lua

nos acompanhará.

,,,dizeres nunca ditos.

Creio que rompi

com a dor.

Busco legitimizar

o processo de vir

a voltar a ser.

Não sumo,

somente me escondo.

Parando de respirar,

me internam.

Transformo-me em sombra.

De longe observo,

e sem pedir licença,

pego carona num cometa,

que me leva em acordes,

a luaaaaaaaaaa.

Quero a vida sem trovões,

raios ou rainhos.

Creio que rompi

com a dor.

Busco a espontaneidade.

Fazemos do balé,

um elemento do destino.

Sincronia nas ações,

nos dizeres,

nunca ditos.