sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

31 de Dezembro

No meu novo quarto, tem quatro camas, quatro pessoas, quatro pequenos armários, aonde cada um pode tentar guardar o que conseguiu juntar e pensa precisar.Quatro vidas, quatro histórias, quatro angustias diferentes.Como se as angustias pudessem ser diferentes em sua essência.O silencio da noite, é cortado pelos roncos. Pelo sono profundo de cada um.Levanto, tento ir para onde não estou.Mas os corredores daqui são como círculos,me levam para o mesmo lugar.Paro no sono dos outros.Paro em minhas buscas.Paro embaixo da cama.Paro, mas totalmente agitado.Hoje é 31 de Dezembro.Espero em 2011 sair da onde estou.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Codinome

Teve uma época, em que tinha um codinome.
Era Porthos, o quarto dos 3 mosqueteiros.
Ingressei em uma organização, OSI *– Organização Socialista Internacionalista, em 1981, e lá tínhamos que ter nome de guerra, para em caso de alguém ser preso, a corrente das células se protegerem da repressão.
Uma vez participei de um curso em São Paulo.
Tínhamos um ponto de encontro, uma esquina, aonde 5 (cinco) camaradas, esperariam a condução.
Fomos resgatados por uma Kombi, que nos levou para uma cidade de praia, com mais outros contatos.
A casa aonde se realizou o curso não tinha vizinhos. Ao longe víamos outras casas e movimentação de férias, mas a orientação era de não termos contato com ninguém da localidade.
Fomos o último grupo a chegar, todos esperavam por nós, em uma grande sala de estar.
Mal nos acomodamos e começou uma espécie de assembléia, aonde se explicou como funcionária o curso, as horas de lazer, e as obrigações de cada um, além é obvio, da orientação sobre segurança.
Ninguém poderia se identificar, nem por nome, nem por estado, nem por profissão.
Os gaúchos e os paulistas eram de fácil identificação, rssss, por causa do sotaque e do chimarrão.
Passamos pelo Manifesto Comunista, conceito de “Mais Valia”, de Karl Marx e pelo Programa de Transição de Leon Trotsky.
Naquele momento vivia o gozo, pois obtinha informações, discutia sobre as mesmas, vivia algo meio mágico, como ser membro de uma organização clandestina viva e atuante, dividia com pessoas interessantes e “iguais”, um espaço agradável, via com determinação um rumo em minha vida.
Tudo logo passou, e já de volta ao Rio, eu e ou camaradas que comigo fizeram o curso, logo nos destacamos na militância, com determinação impar.
A vida e suas contradições, decepções, etc, me fizeram sair da OSI e ingressar quase que imediatamente na Convergência Socialista, outra organização de orientação também Trotskista, mas com vínculos Sul Americano, ligada ao Militante argentino Nahuel Moreno**.
A vida me trouxe pra cá e pra lá, aprendi muito, deixei de usar o nome Porthos, mas de vez em quando, algum velho camarada ainda me chama assim.
Descobri que além das contradições do sistema, da exploração do homem pelo homem, há contradições individuais.
Que a revolução que busco, começa no “eu” de cada um.
Vivemos buscando o prazer individual, o gozo. A renúncia ao gozo, cria o mal-estar, que muitas vezes se materializa no consumo interminável debens (transferência do sintoma). impostos pelo mercado, que nos obrigam a trabalhar mais e mais, fazendo com que a renúncia a vida, ao gozo, seja a alienação do sujeito perante o trabalho. Ao seu papel de proletário.

“O proletário não é simplesmente explorado,ele é aquele que foi despojado da sua função de saber”.
Jacques-Marie Émile Lacan (psicanalista)

A mais valia marxista é um conceito que permite que Marx precise aexploração imposta ao proletário pelo proprietário dos meios de produção.Marx diz que quando o capitalista percebe que o preço pago por umamercadoria como valor de troca tem uma mais-valia (que é o nosso trabalho) ele ri.

"O capitalista sorri quando está frente ao encanto de algo quebrota de nada".
Karl.Marx

A partir desse riso do capitalista, Lacan estabelece o paralelo entre mais-
valia e mais-gozar, como a expressão de uma realização de desejo, com suaestrutura de metáfora.
Hoje, Porthos “Vende Sonhos”, neste blog.
Falo de minhas angustias, de como procuro me organizar, da busca ao prazer, de meus sintomas, que muitas vezes se repetem, se repetem..., da busca ao gozo.
Ter um codinome é bom. Faz história.
Um antigo camarada se chamava “gaveta”, outro jovem estudante de matemática “Valéria Kutz” e hoje uma militante do “EU”, “Domenica”.

*A Organização Socialista Internacionalista - Surgiu da fusão de vários grupos identificados com o troskismo, no final dos anos 70. Aliou-se internacionalmente ao Comitê pela Reconstrução da Quarta Internacional - CORQUI, cujo principal dirigente era Pierre Lambert- Frances. A OSI foi a primeira organização da esquerda brasileira a chamar a palavra de ordem "Abaixo a Ditadura", defendida através de sua organização estudantil, a Liberdade e Luta - Libelu, pela qual ficou conhecida em toda a esquerda.
** Hugo Miguel Bressano Capacete, também conhecido como Nahuel Moreno (codnome), foi um líder revolucionário argentino, dirigente da IV Internacional. Fundador da corrente internacional trotskista LIT-QI.Figura controvertida e de grande destaque no movimento trotskista internacional. Participou intensamente das lutas políticas entre as distintas frações do trotskismo, desde o Segundo Congresso da IV Internacional, em 1948, vindo a fundar a LIT-CI, em 1982. Distintos grupos e personalidades vinculados as organizações operárias reivindicam seu legado, particularmente na Argentina, Brasil (PSTU e PSOL) e outros países da América do Sul.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Te espero

Existe coisa mais gostosa,
coisa mais bonita,
coisa mais apaixonante,
do que passarinhar ?

Por que temer ?
O tempo flutua,
se perde na bruma
Vontades, contemplações....paixões.

Toda vez,
é a primeira
Podemos !!!!!,
não vamos parar.

A vida é passageira.
O amor, é a viagem,
e nós, turistas,
fotografando o prazer.

Quero congelar meu lado da dor.
Quero te chamar de amor.
Esse tempo, é pouco.
De repente e de qualquer maneira.

Velha insistente

Fui da Convergência, CS*,
e hoje vivo a conseqüência
de eternizar um “só” sonho,
de uma sociedade melhor.

Tive medo de amar.
Muito medo.
Guardei e valorizei segredos.
Contive –me...diante do “eu”.

Quero abrir os braços da emoção,
as portas do coração.
Quero construir-me
diante de outros..., de mim.

Chego perto,
mas tenho medo.
Vontade de ir
pro lado de lá.

Molhe tua boca
com meus beijos.
Vista a fantasia
e a alma com amor.

De madrugada
regresso a realidade.
Abraço o travesseiro,
mergulho na eternidade.

A arte me conduz,
a lu@ me norteia
Ninguém entende nada,
velha insistente solidão.

*CS – Convergência Socialista

Saudades de ser neto.

Todo dia de manha, enquanto tomo café, coloco pão picado na mesa de centro, da área de serviço.
Assim não tomo café sozinho, sou acompanhado por passarinhos.
É gostoso observá-los, Perceber sua saliência, sua leveza.
Recebo um gostoso bom dia.
Hoje, especialmente, voltei no tempo.
Lembrei-me do amanhecer com meu avô Zezinho. Depois do café da manha, era hora de cuidar de seus passarinhos.
Todo dia aquela rotina. Gaiola por gaiola, ele ia conversando com todos os bichinhos. Eu acompanhava com atenção. Sempre querendo ajudar.
Ao fim, meu avô, colocava milho para as rolinhas, no parapeito da janela da cozinha.
Saudades de meu avô.

Flores

Quero ir...,
qualquer lugar serve.
O que não posso mais,
é deixar para depois.

Os Natais passam.
Reproduzo sintomas,
e o mundo não para.
Ninguém espera por mim.

Aguardo por alguém
que me traga flores.
Não posso suportar a idéia
de seguir sem companhia.

Os beijos,
o tatear da língua,
o toque, o se entregar,
se integrando ao desejo...

Quero ser ouvido.
Meu amanhã é incerto.
Escrevo como terapia,
tentando aliviar as dores.

Emoções, prazeres,
se vão muito depressa.
Tento me segurar.
Meu tempo é curto.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Breno chegou a pouco aqui em casa. Deitou-se a meu lado. Esta enorme, Acho que já maior que eu. Olhar dengoso, de criança, apesar de fazer amanha 14 anos. É um bebezão. Comecei a acariciar sua cabeça. Aos poucos foi quietando, fechando e abrindo os olhos, até começar a ressonar.
Hoje a tarde, Barbara minha filha, deitou-se no mesmo cantinho de minha cama. Barriga enorme, esta com 7 meses, Acariciando sua barriga, falando de Bernardo, do berço que comprou, Tão menina também, 17 anos. Já fala como se moça fosse, Conta-me do mundo que vai descobrindo. Dos sabores dos pratos novos que prova. Dos lugares diferentes, dos brinquedos que sonha comprar e brincar.
A acho tão frágil, para enfrentar o dia a dia. Para ficar as noites acordadas, tentando decifrar o choro de um bebe. Quero ajudá-la.
Gaby, minha netinha de 3 anos, enche a boca para chamar-me de vovô Urso. É uma gracinha. Linda.
Ser avô, ser pai, ser, ser.
Família, pessoas que amamos.
Amanha acordarei cozinhando. Mas uma vez, alimentando meus filhotes.
Oliver, Alice também estarão aqui. Somente Rebecca com Gaby, foram para o Rio.
Quero temperar o sorriso de vocês.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Sou eu,

É verdade.
Hoje não tenho mais aquele brilho nos olhos.
Prefiro mante-los fechados. Sinto um cansaço profundo, pesado.
Vontade de hibernar, hibernar, para esperar este forte inverno passar.
Meu silencio expressa minha total sinceridade.
Meu estado atual, minha falta de vontade.
Falo, por ser necessário. Aliás, respondo, com alguma educação, sem animo.
Foge-me o desejo de projetos, de trilhar, de criar, construir.
Foge-me o desejo do beijo, do toque, do se permitir chegar ao prazer.
Foge-me meu reflexo. Não me vejo. Não me reconheço.
Não tenho vontade de tentar mudar.
E assim, às vezes tento fingir que esta tudo bem,
fui ensinado a ser forte, mas não consigo.
Perco-me nas atitudes,
ao não passar segurança no que falo.
Não sou hoje, um bom companheiro pra ninguém,
pois não consigo trocar....nada. Nem um sorriso.
A única coisa que espero, que desejo, é o ficar só.
E aí o peito dói. Dói fundo, dói pesado, dói arrastado.
E quando amanhece, me cubro, me encolho, fecho os olhos.
Sinto-me pequeno diante do mundo, de tudo.
Choro a cada amanhecer.
Meu corpo treme, sinto frio, medo, pavor.
Os telefones me assustam.
Eles chamam, chamam, chamam....mas eu não existo mais.
Porque insistem????
Porque ninguém percebe....
E ainda vem o Natal, aniversário do Breno, Ano Novo, comemorações.
Queria que minha mãe viajasse, queria ficar sozinho.
Quero o nada.
Sou eu, hoje.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

...vendo, relendo...

Chove.
É o verão que chega chegando,
suando vida, desejo,
se mostrando diferentemente igual.

Os sorrisos,
brincadeiras pré-natalinas,
embalam os sonhos,
de poder recomeçar....

O choro dos céus,
rega as emoções.
Permite a gente
caber novamente no eu.

Faz brotar,
a “certeza”,
de um novo tempo.
Tempo de “beleza”.

Fingi, não vendo,
vendo,
relendo,
seus comentários.

Observei a gramá-tica,
Tudo verde por aqui.
As cores, as flores,
amores....

Perto e longe.
Vontade de conversar.
Falar.
O eco se faz....

Um beijo
do tamanho de um abraço.
Um abraço
com a intensidade de um beijo

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Friagem

Sinto frio,
preciso do calor.
de seu toque
que aquece,
ferve e transborda.

Contigo,
retorno a puberdade,
Vivo os suspiros,
explodo em cada toque,
espalho-me....em prazer.

Descubro em seu corpo
uma força imaginária,
que mora em mim.
A libido te engole,
quem te morde, sou eu.

Os outros, me calam.
o grito e o desejo.
Passagem de ida,
sem retorno.
Saudades de você.

Meu coração é vermelho,
É fascínio
Meu mundo é a noite.
É o brilho.
Mas, contenho-me na friagem.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Abismo da incerteza

Presta atenção,
as cercas invisíveis
estão por todos os lados.

Observá-las,
me deixam sem ação,
sem palavras!!!!!

Mas ninguém as vê.
Passam por elas
se ferem, sangram,
e não percebem.

Tenho atitudes vivas e verdadeiras,
na busca,
de dividir minha percepção.

Vidas entrelaçadas
relações não compreendidas,
feridas não explicadas. Abertas.

se somam, se multiplicam.

Cheguei em casa agora.
Sempre meu pai afirmou
que para passar uma dor forte,
só com outra mais forte.

Hoje aprendi que isto é falso.
As dores se somam, se multiplicam.
Não estou bem. É nítido..
Pedi um tempo a vida.
.
Me repito.
E aos poucos vou vendo
como a doença funciona.
A “vontade” some.

O desejo que tenho
é me afastar de tudo, de todos.
É o desejo de ficar só,
do isolamento.

Medo de viver,
de tentar de novo, e não conseguir.
Ficando só, fujo das grandes decepções,
das erupções descontroladas.

Pára digerir algumas dores,
hibernei hoje.
Olhos fechados, em um cantinho
da clínica.

Descobri não ter este espaço em meus espaços,
e isto me doeu.
Carrego a certeza da solidão,
pelo menos não crio, expectativa. Só dor.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

...os querem mudar o mundo.

Sei que meu mundo
é maior que meu quarto.
Mas limito-me a ele.
Então me vi assim,
sem querer nada-ar.

Em dúvida, paraliso.
Busco encontrar
os que querem mudar o mundo.
Os que celebram os pequenos instantes,
os que distribuem sorrisos.

Se lembrasse,
as várias formas de amar.
Respiração boca-a-boca,
língua com língua,
erupção de emoções.

Corpo, suor derramado,
prova do ato acabado.
Naturalidade nos movimentos,
coreografia na não palavra,
no babado da madrugada.

Quem diria...
já vivi isto, e fui feliz.
Hoje o quarto,
poucos telefonemas,
e o choro contido.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Desejo abandonado

Tropeço no tempo,

atolando-me na falta do desejo.

Não me acho,

perdi meus reflexos.


Mudei o quarto,

na procura de um novo.

Mas os móveis eram os mesmos.

Deslocados, como eu.


As mudanças radicais,

afetam minha história.

Não tenho como ignorar

o eco latente, do desejo abandonado.


Nos pequenos detalhes,

nas pequenas certezas,

nos cantinhos escondidos

busco, procuro.


Necessito da borda

do passado.

Para resgatar

o presente.


O desistir,

o se entregar ao mal estar,

me chama.

Sai de mim, fim do poço.


Acordo como hoje,

sem ter noção do que será ...

Sentir, é voltar a ter vontade,

de querer, mais um dia.

Só, sinto falta dos amigos...

É ótimo receber bom dia
de quem se gosta.
Hoje aconteceu.
Quase não dormi esta noite.
Ela foi longa.
Hoje sofro por coisas concretas,
houve um tempo,
em que sofria com o imaginário.

Sinto o peso do cansaço.
Mas passará,
com um bom café.
Seguirei,
empurrado pela boiada
do dia a dia.

Fica combinado,
outros “bom dias”
Brigo por ter
um espaço maior.
Mas brigo em silencio.
Então não sou ouvido.

Meu amor,
é um lugar seguro.
É um abstrato concreto.
Retorne, quando quiser,
Só, sinto falta dos amigos
em minha vida.
Falta de carinho,
de pura atenção.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Carta de Anita Prestes ao CC do PC do B

CARTA DE ANITA PRESTES AO CC DO PcdoB
Rio de Janeiro, 24 de novembro de 2010.

Ao Comitê Central do
Partido Comunista do Brasil (PCdoB)

Dirijo-me à direção do PCdoB para externar minha estranheza e minha
indignação com imagem, que está circulando na Internet, da capa de uma
publicação intitulada “Gibi do Programa Socialista do PCdoB – O ideal e o caminho”, assinado por Bernardo Joffi

Essa publicação apresenta imagens dos meus pais, Luiz Carlos Prestes e Olga Benario Prestes, ladeando a figura de Getúlio Vargas. Também estão colocadas junto a Vargas lideranças revolucionárias como Carlos Lamarca e João Amazonas. Não posso aceitar que sejam divulgadas, sem nenhuma razão para tal, imagens dos meus pais, dois revolucionários comunistas, junto com o ditador sanguinário Getúlio Vargas, que manteve Luiz Carlos Prestes preso durante nove anos e entregou Olga Benario Prestes à Alemanha nazista para ser assassinada numa câmara de gás.

Espero, portanto, que a direção do PcdoB torne público pronunciamento a
respeito e retire de circulação tal publicação, cujo teor contribuirá para a
distorção da história do Brasil e, em particular, das lutas revolucionárias
em nosso país.

Atenciosamente,
Anita Leocádia Prestes

Conheci Anita em 1981, já era noite, rolava uma reunião da Executiva Regional do PT, no centro da cidade, sem nada em especial para discutir, Um final de dia enfadonho. Então tocou a campanhia da sede. Fomos abrir e era a Anita. Informou que vinha em nome de Luiz Carlos Prestes (não falou de meu pai, rssss), com uma proposta a Executiva do PT. Pedimos então que falasse. Era véspera da data final de filiação, para os futuros candidatos a eleição de 1982. Anita disse que o CC do Grupo Prestista, depois de avaliação da conjuntura, chegou a conclusão que o melhor caminho a seguir seria em parceria política com o PT-RJ, pois apresentava clara sua tendência de um partido classista (a época). Depois de explanar sua avaliação, abre um leque de solicitações/exigências. A primeira, que a vaga a Senador do PT fosse de Prestes. Depois solicitou, "N" vagas de Dep. Federal, Estadual, etc. Ouvida a proposta, informamos que o grupo Prestista era muito bem vindo, mas que o PT (da época) não negociava cargos (que diferença, parece, aliás, é outro partido, só que com o mesmo nome). Que os candidatos seriam tirados em Convenção Regional (bem "igual" ao que Lula fez com Dilma, ele escolheu e pronto). Mas que era óbvio que o nome do camarada Prestes, seria praticamente 100% certeza, pois não havia ninguém com a história política dele no partido. Deveria ser unanimidade. Em relação as outras vagas, também não deveria haver problemas, pois certamente passaríamos longe de ter chapa completa para disputar o pleito. Sobrariam vagas. Que a vinda do grupo só iria fortalecer o projeto ELEIÇÕES 1982. Que eles eram BEM VINDOS, mas que somente na convenção seria proclamada a vaga de candidato dos pré candidatos Prestistas. Ficaria acertado que a Executiva Regional, ali instalada, iria defender a lista apresentada por PRESTES na convenção, falou Wadimir Palmeiras em nome da Executiva. Isto era sexta feira. Domingo fomos surpreendidos, pelo Jornal O Globo, com o acordo celebrado do PDT com os Prestistas. Brizola só não deu a vaga de Senador para Prestes, mas cedeu todas as outras solicitadas. Brizola foi eleito governador. Anita e seu grupo, nem por telefonema nos procurou mais. Viveu sua experiência com o Brizolismo, e seu oportunismo.
Hoje vê desrespeitada, a história de luta de seus pais pelo PCdoB.O SOL, digo o PSOL, nasceu para todos os lutadores.
Meu total apoio a indignação externada pela companheira Anita.E você, Wladimir Palmeira, se adaptou a maioria Lulista?

E a vida sai dos trilhos

Hoje Breno, meu filho, voltou para a casa de sua mãe.
O chegar em casa e não ver seus travesseiros,
junto com os meus, me doeu muito.
Desmanchei em choro. Doeu fundo.
Estava buscando, e encontrando, um equilíbrio,
mas isto tudo me tirou do sério.
Me perdi.
Volto a viver a vontade de sumir, de não viver.
Infelizmente, vontade de desistir.
O sentimento de perder o construído, com carinho, é horrível.
O bom é que estou conseguindo expressar o que sinto.
A terapia me deu a ferramenta para falar..., ainda bem.
Nem que seja o falar escrito.
Assim posso pedir socorro.
Consegui perceber o rompimento com a vida.
Vivo a dualidade do próximo passo.
O tempo baixa a poeira, aprendi a trabalhar com ele.
Antes achava que jogava contra mim.
Hoje, com a idade, o vejo como um aliado.
A cirurgia dói. A noite volta a ficar longa.
Volto a premiar a insônia com o acesso ao Blog.
Estou achando ótimo estar escrevendo.
A percepção do silencio.
A noite.
Do café, a chuva.
Venha sol escaldante....
Juntamente com os problemas.
E a vida sai dos trilhos.

Busco a intensidade

Eu particularmente não me lembro bem como era.
Busco lembrar-me.
Quero resgatar detalhes de cada sorriso que dei, das gargalhadas, do que falei e vivi.
Tento entender como sou.
Na realidade, queria era poder sair de novo comigo, aquele Wellington leve, moleque, conversador e sonhador.
Wellington das noites, das tardes, de cada amanhecer.
Sei que os desejos são do momento, não são eternos,
mas a sensação de felicidade fica, com dimensões maiores ou menores.
E envolvem, derramam e tomam.
Hoje quero me amar primeiro, para depois poder sair pra vida.
Será que terei fôlego para vivenciar outro amor?
Vencer o medo da experiência...?
Busco a intensidade,

domingo, 10 de outubro de 2010

Vadiagem

Muitas vezes o desejo se esconde, se faz de morto. Desaparece, com a falta de luz, com a depressão, como a sombra sem a luz do sol. E a gente chega a acreditar, pela doença, que se pode viver só. Mas se há vida, há libido. Se há pulso, pulsa o corpo, arrepia, provoca alquimia.

A língua que fala, lambe, alisa , tateia, invade, dilatando espaços e ditando ritmo.

Enquanto ela toca, implosões se dão, na espera sem lógica, do próximo ato.

Mora em mim a razão, como mora em mim a falta de razão. Que sonoriza, que orquestra, os movimentos, num balé de sussurros, sem frases feitas, regado a suor, a pele, a pelo, a excitação. Fico então....

A vontade imensa, derrama, transborda, inunda. Não consigo esconder o lado menino, moleque. Meus olhos, meus movimentos, são transparentes. Brinco, brinco, bolindo em teu corpo, ignorando o tempo, atingindo a exaustão.

Quero mais, quero você, descabelada, de pernas afastadas, em chamas.

Vulva, vulcão em erupção. Gemido, tremido, fatalidade da totalidade. Eu não sei me conter.

Me divido em dois mundos. Um mundo do umbigo pra cima, outro do umbigo pra baixo (palavras de minha falecida e amada amiga Marta Baggio)

E você lua, companheira da madrugada, cheia de crateras, buracos. Procuro te preencher, mas você quer mais, te bebo nas fontes, te penetro, te cravo os dedos, o desejo, o coração.

Perco minhas bordas, aonde apoiar minhas máscaras, aonde me segurar, aonde deixar a fantasia?

É como só comprar passagem de ida. Voltar pra onde??????? De onde????

Liberdade é a verdade que escondo, é o ser menino, é o se permitir brincar.

É o fascínio de vencer os medos.

De surfar nos líquidos, nas fontes, nas formas. De estar em pé, deitado, de quatro...esquartejado.

Nos carinhos e rituais secretos, cabem todas as vontades, cabem os poemas, as juras, nossa vadiagem.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Eliane/Pelika

Sonho
sonho com um mundo melhor
Sonho
com um mundo menos carente
Sonho
sonho, sonhando...
Preciso parar d sonhar e agir
Mas como agir????
Please..
HELP!!!!!!
Bjnhos p tds
com carinho
Eliane/Pelika


Oi menina
Você não deve nunca parar de sonhar,
senão deixa de viver,
pois perde o desejo,
a vontade,
a luz dos olhos.
Temos que interagir com nossos sonhos.
Talvez não possamos beijar principes,
princesas.....,
mas podemos tocar o outro real,
sentir a pele,
o arrepio,
de quem vive ao nosso lado.
Talvez não possamos viajar pelas nuvens,
mas podemos pegar um onibus
e chegar aonde queremos.
A experiência nos alimenta,
nos permite valorizar
as pequenas coisas do dia a dia.
Que toquem as trombetas,
pois todos os momentos são importantes.
A solidão faz parte da vida.
Precisamos sempre conversar com ela,
conhecendo nossos medos,
nossas limitações.
Assim,
conviveremos com o meu,
com o teu,
com nossos sorrisos.
PLEASE,
respire fundo,
pois o amanha,
faz limite com o hoje.
Um beijo de esquimó.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Balanço Alternativo

Ando meio que fechado pra balanço, o que é bom, pois quando refletimos sobre nossas vidas, sobre o que buscamos, nos percebemos melhor. É um abrir os olhos, um olhar em volta, um respirar fundo, um reflexo do instante.
O que me angustia, é a repetição sistemática destes balanços. É como se procurasse um "balanço alternativo" ao que acabou de ser feito. É como se não me bastasse, não coubesse, no que vivi.
Existe uma distância bastante respeitável, entre o que somos e o que queríamos...entre o desejo e a realidade, entre o ser profissional e o ser individual....entre o amor sentido e o amor demonstrado.
Existe uma distância, como existe. Como existe o silêncio.
Convenço-me em reabrir as portas, para a vida, com um balanço digerivel, e tudo, e mais...
Igual a botequim, com novo dono, novo proprietário ou nova administração.
Com banho tomado, unhas e cabelos cortados, roupa nova e tudo. Tipo festa de reveillon, um recomeçar.
...reabrirei sem demora, A fila anda, a vida passa, e se acaso não for também, ficarei reclamando, como um velho chato comunista, da solidão.
Invisível e ocupante solidão.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Sem terapeuta

Vivo em uma terapia
sem terapeuta.
Com o instinto aflorado,
suando nas percepções,
com grandes emoções.
Caço alegrias e amores.
Sou tristezas e perdas.
Tudo vem de forma forte,
intensa, bolindo comigo.
Vivo a contradição
de não terminar
uma sessão de análise.
De não retornar a vida,
após o fim do horário.
Consumo um sorriso choroso.
Fica impossível
o relacionamento comigo.
Sofro de ser "sencível" demais.
Pouco me vejo
em meio ao tudo.
Respiro fundo,
olho ao longe
e espero por alguém,
que não chega.
Vontade de dividir um beijo,
um amor,
carícias eternas.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Gnomo

A ansiedade me pega
enquanto te espero.
Quero te ver, sentir.
Tirando-a, do sério
em pura provocação.
Sacar-te todas as peças,
todas as cores,
vivendo um arco-íris.
Em dias chuvosos
fico assim.
Meio Gnomo.
Escrevo com o corpo
exponho-me ao perigo,
do libido.

Eu-nimal

O que eu não falo em palavras
tento demonstrar nos atos
senão fico jururu.
Os lençóis da vida
revelam outros de mim.
Em um “nós”
que poucos reconheceriam.
Aconteço apimentadamente
no cotidiano.
Ardo em mim,
ficando vermelho.
Me atrai
o glamour da sedução,
Resgata
meu lado bruxo,
o enfeitiçar,
meu lado eu-nimal.
A vontade da vadiagem,
de trocar bala nos beijos
de tomar banho junto
brincando na criancice.

Fugindo da formalidade

Desmistifico os horários,
fico por toda a noite,
aconteço,
sou o sol da madrugada.
Transformando o abstrato.
em sensações.
Estou dentro
e em chamas,
Vivo o pecado,
escorro por seu corpo,
em meio ao cansaço.
Minhas palavras estão na pele,
sem forma,
sem o peso “das verdades”.
Poetizo minhas vontades
e minhas lambidas.
Te escrevo em poemas,
fugindo da formalidade.

sexta-feira, 19 de março de 2010

O outro

O outro,
me acompanha,
desde criança.
No início
como companheiro,
nas brincadeiras,
nas descobertas,
nas percepções.
Mas o outro,
aos poucos,
também foi crescendo,
criando vontades próprias,
verdades,
dualidades em meu eu.
Hoje somos dois,
em um.
Gêmeos siameses.
Dividimos,
os mesmos suspiros.
Dirijo, aproveitando o estar sozinho, percebo-me vendo o meu eu, frágil, perdido, então choro. O passar dos lugares pela janela, na amplidão de Brasília, me fazem mergulhar fundo, no vazio que me acompanha. Procuro explicação, ao peso sentido, a insegurança, no acordar. A falta de vontades e verdades me faz incapaz de cumprir a agenda, me leva ao nada fazer, ao me encolher, ao me cobrir, ao me esconder. A constatação de que construi uma vida de sonhos, um quebra cabeça irreal, em que não me incaixo, em nenhum lugar. As vezes me sinto a peça que falta. As vezes, a peça que sobra. Sei que sou o que não quero ser. Grito, "não, não...não quero mais, pois só quero demais". Não é atoa, que só vivo com meias palavras, que me limito a meias tristezas. Porque o permitir-me, me levará ao insuportável. Então grito!!!, grito com meu silencio, grito com meus sorrisos, grito com minha educação. Pena que não percebem. Quanto tempo terei a mais nesta prisão? Não sei. O fato, é que não consigo dizer não. Tenho que demarcar meus limites. Buscar na rebeldia e ousadia as condições necessárias para ultrapassar o que sinto. Confrontar a desesperança com os sonhos, buscando realizar as fantasias. Me sobram as receitas, me faltam as vontades, a ruptura.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Quebra cabeças

Que vida é esta,
que construo,
em que as manhas
não se encaixam.
Em que os arrepios
não tem vez.
Em que a madrugada
é considerada
perigosa.

Que vida é esta,
que construo,
com rápidos prazeres,
com muitas angustias,
com pesados horários.
Vida que dirijo,
vida sem escolha,
vida sem rumo,
vida sem espaço.

Que vida é esta,
que construo,
e que não me encaixo,
e que não me vejo,
e que não tenho vez.
Vida que me leva,
vida que me arrasta,
vida esculpida,
vida vomitada.

sábado, 13 de março de 2010

Passeio na memória

Passeio pelos jardins
da memória,
remexendo em histórias,
não contadas,
resgatando olhares
e até desejos
inseguros.

Nas noites
mal dormidas,
nossos fantasmas
apareciam
e partiam.
Pois fechava=me
ao abrir=me a você.

Vivi o compreendido,
não dito.
No sonho bom,
resgatado,
nos sorrisos discretos
ou nas gargalhadas.
Me entregando, a ti.

Memória de sentidos,
de toques,
desejos e pele.
Viagens nas fotos
de festas e brincadeiras.
Lembranças de arrepios,
sem fronteiras.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Buscar

Saio à rua
buscando um pouco
de brincadeira.
De vento,
de leveza,
com o seguir adiante.

No encontro
com a simplicidade,
chego ao prazer.
Cumprimento o “outro”,
percebo o tempo,
o balançar da vida.

Ah, como é bom
ser parte de um todo.
Sentir os passos dados.
Olhar o em volta,
com paixão.
Buscar você, felicidade.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Continuarei sendo

Preciso lutar
contra a censura;
não do regime,
ou dos meus pares,
mas do conservadorismo
que me acompanha.
Nos movimentos do eu,
construo sorrisos,
que muitas vezes se perdem,
incrustados em situações,
indesejáveis e
incontroláveis.

Carrego a certeza
do seguir,
pois me faz bem.
Abrigo o instinto
da fuga (seguir-mentos),
num arrodear
sem realmente chegar.
Convenço-me
que o sentimento é bom,
mas a aproximação....
Continuarei sendo,
existindo,
mas bem longe,
Mesmo assim,
pra terra voltaremos.

terça-feira, 9 de março de 2010

Arco Iris

Resgatar
um sentimento,
é resgatar você.
Sou um
camaleão urbano,
na forma de viver.
Tento ser adulto,
pois não soube,
ou pude,
ser criança
quando devia.
Aos poucos,
e bem devagarzinho,
fomos nos permitindo.
Pensei em te escrever,
falando de mim,
tipo carta de antigamente,
Existe a vontade
de ter coragem,
alimentada pela saudade,
Existe o momento
do descobrimento,
inconscientes pescados.
Vivo o arco íris,
das cores da vida.

O ato

Desejo,
é o ato
de sonhar,
acordado.

Rosangela

Me afirmas que
memórias afetivas
podem me enganar.
Te confirmo,
que não na essência.
Realmente,
talvez enganem
nos detalhes finos.
Vivo em lembranças
de histórias reais,
recheadas de fatos
ensopados em sentimentos.
As lembranças,
visitam-me
as vezes.
Em outros momentos
invadem-me.
E eu,
nisto tudo,
tentando segurar,
a sua mão.
É muito bom
poder falar
e ser ouvido por ti.
Hoje,
não falta sintonia,
sobra carinho,
falta a presença,
real.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Coringa

Sou meio assim,
mal assado.
Escrevo com a alma,
com o corpo,
com o desejo.
Exponho-me
para me esconder.
Embaralho os sonhos,
escondendo o coringa
que há.
Provoco amizades,
alegrias, vontades,
excitações.
Poetizo o que quero,
colocando-me
como uma terceira pessoa.
Planto sentimentos,
rego as relações
insinuo o proximo passo
sonoramente dançante.

Brinco

Brinco
de te tocar o ventre,
mechendo contigo,
te arrepiando.

Você sem jeito
me lambe a alma,
me retorcendo
internamente.

Perco o controle,
fico sem freios
e direção.
Guio o inconsciente.

Mas é você
que desrespeita
meus sinais
de transito.

Desmestificando o prazer,
ignorando o tempo,
parando os relógios.
Ultrapassando os limites.

Nossos lençóis
anunciam os fatos.
Revelam e revelam
o não dito.

A satisfação
me cansa
e cansado alcanço
e avanço no prazer.

Dar bom dia

Sinto falta
de boas risadas,
de andanças
pelas estradas,
pelas ruas,
pela imaginação.
A gente se cobra muito
achando que reproduzir
os conceitos sociais,
o mesmismo,
nos traz
equilíbrio e satisfação.
Derepente
nos vemos com saudades
dos momentos que jogávamos
"conversa fora",
que dávamos
ótimas risadas, do nada,
que percebíamos o outro,
pelo olhar,
pelo andar.
Bom
é podermos sentir saudades
do que fizemos,
do que vivemos.
Triste seria
não ter saudades
de nada.
Essencial também
é construirmos
novos momentos
de satisfação.
É perceber
nas pequenas coisas,
beleza.
É dar bom dia
ao sol e a lu@.
É ser sonhador.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Alho e bugalhos...

Confundo
as fronteiras dos sonhos
com a da realidade.
Misturo
alho e bugalhos.
Tempero a vida
apimentando o desejo,
buscando a ti,
a favorita.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Me negar

Minha paciência
se confunde
com meu cansaço.
Busco o despertar
no relógio,
no pulso,
na respiração,
que inspira
meu tempo.
Procuro encanto
na emoção
da estafa.
Encontro conformismo,
resignação.
Repito-me
em esconderijos.
Pego carona,
sou sincero,
ao me negar
em pagar passagem.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Me desculpando

Muitas vezes
na vida,
a gente muda o rumo
da prosa,
deixando os amigos do peito,
amigos de e-m@il,
amigos de caminhada,
sem referencia.
Figuras que nos ouvem,
nos gestos,
nos atos,
no coração.
A ideia da perda,
a sensação da distancia,
corroi o eu,
e nossos alicerces.
Cria um forte,
só que vazio.
O silencio
não me assusta,
me acompanha.
Mas a falta do sorriso,
no reflexo dos sonhos,
inibe a poesia.
Volto,
de fininho,
pra roda dos versos.
Me desculpando
por não ter ido
a lugar nenhum.

Doença dos Eremitas

Muitas vezes,
na companhia
da madrugada,
sinto-me
"mirando" a vida
do alto de uma montanha.
Um espectador,
dos atos
e fatos,
que tudo vê,
e sente,
sem se envolver.
Ao não me priorizar,
atinjo o "status"
de não priorizar nada,
ninguém.
Vivo meu abandono.
Vivo relações
unilaterais.
Vivo na montanha,
com o silencio,
que me cala
e me paralisa,
diante das indagações,
e cobranças,
do dia a dia.
Tenho a doença
da montanha.
A doença
dos eremitas
acompanhados.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Abacates

Sei aonde você mora,
mas não sei mais,
com quem andas,
por onde passas.
Sei que você ve,
mas não compreendo
o que enxergas.
Vivemos numa proximidade
longínqua.
Quando paro
tento ouvir ecos
de saudades.
O silêncio
se faz profundo.
A gangorra pesou,
o balanço parou,
nosso parque esvaziou.
As crianças,
ficaram sem onde brincar.
Amadurecerão,
como abacates,
embrulhados
em notícias
de jornal.

Quarta feira de cinzas

Minha mãe
levantou agora.
Eu,
já estou de pé,
faz tempo,
mas ainda
não levantei
prá vida.
Passou o Carnaval,
os blocos sairam,
mas emblocar com que?
O Arruda esta preso,
e eu
soltamente detido,
na passarela
da vida.
Gostaria de te ver,
ter, ouvir...
Mas a distância
e o tempo,
dão a impressão
de alguém
não poupável.
De viver
uma conversa
com meus botões.
Um beijo
de quarta feira
de cinzas.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Preciso dormir

Desde criança
passo a idéia
de independência
a minha família
e amigos.
Meus pais acreditaram
que nunca
precisaria de nada.
Era alguém
"diferente" dos outros.
Mas a vida doce
também foi dura,
como rapadura.
Sempre alardeei
a facilidade de tudo.
O bom dia sol,
o bom dia lu@.
Nunca comentei
o que sentia,
ou por dificuldade de falar,
ou por desinteresse
de quem me ouvia.
Os relatos,
os percalços,
a fragilidade
que me acompanhava,
era engolida a seco.
Por vezes,
senti medo,
muito medo.
Medo de desistir
e da vergonha
da incapacidade,
da fraqueza.
Medo de tudo
e de todos.
Varei noites e noites,
procurando, procurando...,
sorrindo e chorando.
Hoje,
preciso dormir
para recarregar o corpo,
já cansado.
Atingi o momento
em que a única coisa
que realmente quero,
é alguém do meu lado
para dar as mãos
e seguir adiante.
É tão difícel
viver o abandono.

Arrodeio o paraíso

Elogiam minha calma,
meu aparente "equilíbrio",
meu silencio e paciência.
As vezes
uma pessoa muito calma,
esta sendo muito forte,
diante da violência
de ser calma
e comedida.

Qual será a verdade
que nâo consigo ouvir,
que não consigo enxergar?
Porque me envolvo em histórias,
em projetos audaciosos,
em desafios,
nos sonhos dos outros,
mas nunca nos meus.

Em nome do que,
ou de quem?
O que se torna difícel,
é o que imagino,
não o que vivo.
Este geralmente
consigo resolver.
Me importo com koizas,
que antecipadamente,
sei que não vivenciarei.

Busco o momento
que me permitirei
viver em harmonia
com meu eu.
Quero partir
rumo ao desejo.
A empatia,
é anterior a simpatia,
que é anterior ao amor.
Então,
arrodeio o paraíso,
sem coragem
e com vergonha
de entrar.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Contra ponto

Brinco com a TV,
na madrugada,
e o tempo corre.
Busco ações
e razões,
na programação.
Mas só vejo chuva,
calamidades,
morte e desespero.
Exageiros??????
Mentiras???????
Também.

O Brasil no Haiti,
missão de paz,
com armas
e repressão,
em um primeiro momento.
Depois do terremoto,
somos vítimas
e heróis,
por alguns partos
e alguns mortos.

Os EUA,
ocuparam o aeroporto,
as ruas,
a baixa estima da população,
com seu "assistencialismo unilateral",
em forma de invasão,
por marines,
mascadores de chiclete.
O país precisa de comida
e recebe extremunção.

Cuba,
enviou duzentos médicos
e cinco militares,
um ato de solidariedade real.
Lula,
enviou mil e trezentos soldados
e vinte médicos.
Que desigualdade
de política.

Para ajudar ou reprimir?
Ajudar
a política americana.
Reprimir
e ocupar,
um povo refém,
da miséria,
e holocausto.
Usa as migalhas de pão,
circo e futebol.

Brinco com a TV,
na madrugada,
e o tempo corre.
Busco razões
e ações,
na programação.
Suspeito de tudo.
Rolo na cama.
Desejo.....
Bebo água,
alimentando o contra ponto,
da indignação
e da emoção.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Brincar com você

Brinco com a TV,
na madrugada,
e o tempo corre.
Busco razões,
e ações,
na programação.
Na velocidade dos carros,
em bobagens,
informações,
beijos dos outros,
choro,
vaidades....

Brinco com a TV,
fazendo
do controle remoto
um controle da vida.
Tentando buscar,
descobrir
um sorriso
fora da tela,
em meu rosto.
Tentando
garimpar vida,
felicidade,
nas tramas,
nos dramas,
nos hérois
dito eternos.

Brinco com a TV,
com a janela
e a porta do quarto
a meu lado.
Quando observo,
percebo,
que uns carros vão,
outros voltam,
pois existe "um" lugar,
na madrugada,
aonde se possa ir.
Aonde se possa
se arrepiar,
ter vontade,
improvisar
e sentir emoções.

Brinco com a TV
querendo brincar com você.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Coisas de saudades

Minha mãe me pegou neste domingo para desmontar um armário velho. Até que tentei fugir, mas não tive como.
Uma tarefa que já fiz muito, pois sou filho de militar, e as viagens e mudanças me acompanharam pela vida.
Hoje, uma tarefa solitária, pois ninguém viria me ajudar, nem seria habitual um adolescente se preocupar com a arrumação da casa, mas na solidão do trabalho, voltei no tempo, voltei a sorrir, quando já no final da retirada do fundo do armário, no último parafuso, percebo que o mesmo está espanado, e com uma pitada de humor, repito meu avô Zezinho:
“Ah, você esta aí !!!!!”.
É a certeza da lei de Murfei.
Se algo pode dar errado, se um parafuso pode espanar, se um prego pode entortar, vai acontecer.
Senti-me acompanhado, por meu querido e sábio avô. Na realidade sinto falta dele sempre. Finjo ser normal a solidão. O não ter com quem dividir os planos, o desmontar algo, as conspirações da vida, a conversa com o olhar, o brincar e o observar os animais, a natureza, o rir da vida.
O esperar ansioso o dia seguinte, com suas novidades e adrenalina.
Meu avô, diferentemente de meu pai, me provou que nada (verdade nenhuma) era absoluta.
Tudo era possível, em seu momento. A graça da vida, esta em nosso olhar, na percepção do que acontece. Passávamos pela família (pela casa), recolhíamos tarefas, ir a lojas, ver e buscar informações, resolver problemas. Depois andávamos pelas ruas, falando com um e outro, bailando no palco chamado prazer.
Hoje continuo fazendo o mesmo, vendendo sonhos, chutando pedras, mas sem o parceiro da conivência.
Tento tapar este buraco, mirando o céu.
Mas os passos ficam inseguros, coisa de idade, coisas de saudades.