terça-feira, 30 de setembro de 2008

Frio na barriga

A vida realmente nos afasta,
do quem gostamos.
Nos leva,
e sem motivo.
Muitas vezes
a gente esquece pelo caminho
pedras preciosas,
toques,
beijos,
sonhos,
desejos.
Por isto é bom parar.
Dar tempo ao tempo.
Refletir
Se interiorizar.
Resgatar seu passado
é resgatar você.
É entender os suspiros
o choro "repentino",
a explosão de alegria,
o frio na barriga.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Uganda é aqui

Os Ilkes ( povo do norte de Uganda ),
e a crise econômica do povo brasileiro

Me lembro ainda, mais ou menos fim da década de 70, era a primeira vez que ia a uma peça de teatro. Ver o trabalho de um pequeno grupo carioca (seguido de debate).
A noite, com suas luzes, me deslumbrava, como até hoje, além da companhia de Vera, Mercedes e outra amiga, aluna da Universidade Rural, que esqueço o nome.
Os Ilkes é um povo que habitava o norte de Uganda, país do continente Africano, que ficou mundialmente conhecido depois de seu folclórico ditador Idiamim Dada.
Faz parte da cultura deste povo, comemorar a “passagem” da vida material, para a “vida espiritual” com festas junto a toda sociedade tribal. Para eles era motivo de orgulho do grupo familiar, comemorar com comida farta, dança e muita alegria, juntamente com toda a tribo, este momento.
Porém com a chegada da fome no continente africano, e a dificuldade da sobre- vivência, cada vez mais ficava difícil socializar o alimento em festas comemorativas ( a família do morto é que bancava a comemoração ).
O instinto de sobrevivência fazia com que a alimentação fosse racionada entre os “vivos” do grupo familiar.
Passou-se então, a qualquer possibilidade de doença seguida de morte, ou fraqueza de qualquer ancião, ser seguida de um “passeio” do familiar convalescido,
sem volta.
Ou seja, havia um abandono na selva do provável morto. Não cabia mais naquela sociedade a possibilidade de gastos gastronômicos. As gorduras haviam se acabado.
Como se avaliava que as coisa iriam melhorar, a verdade da necessidade da comemoração continuava verdadeira. Só que não haviam mais mortes. Só sumiços.
Minha filha Bárbara, de 12 anos, semana passada veio me pedir para suas amiguinhas de colégio passarem o fim de semana lá em casa, pois teriam que fazer um trabalho de grupo da escola.
Reagi de forma até ríspida e preocupada ( me desculpe filha ), que seria impossível tal atividade, pois nós não tínhamos comida nem frutas suficientes para este “weekend”.
A solução não foi fazer esta reunião na casa de nenhuma outra criança, pasmem, e sim segunda feira no período contrário ao das aulas regulares na própria escola.
Nenhuma família reuniu a meninada.
Quase que em seguida, minha mãe foi surpreendida com o telefonema de seu sobrinho, avisando que sua irmã, estava em visita a Brasília, e que iriam visita-la no dia seguinte.
Grande motivo de alegria, afinal a saudade e o tempo sem se verem era grande.
Grande motivo de preocupação, o que servir, quantas pessoas viriam?
Lembro que sai do teatro perplexo, assustado e com pena do povo Ilkes.
Hoje me deparo com a Ugandização de nossa sociedade, com a reforma
neo-liberal, com a globalização da miséria.
Percebo que hoje Uganda é aqui.

Camarada Maria do Sol

Brasília, 8 de maio de 2006

O partido cresce, e o número de pessoas a nossa volta também.
Todos os dias sento com mais pessoas, ouço reclamações, desejos, anseios, sobressaltos, soluções e sonhos.
Ouço sobre os filhos, sobre a escola, sobre a sexualidade, a mulher, o marido, o amante, o desemprego, o cachorro do vizinho, a conta bancária.....
Ouço a vida, com seus choros e sorrisos.
A pouco um militante nosso se acidentou, e entrou em estado profundo de coma.( Múcio )
Logo depois, Breno, viveu a agonia de seu pai no Hospital por 3 semanas. O mesmo veio a falecer.
Hoje fui surpreendido por um telefonema de São Paulo.
Só que realizado daqui de Brasília mesmo. Do Hospital de Base.
Era da irmã da "Maria da Chuva"; uma senhora que passou de forma meteórica pelo PSoL.
Como vindo do vento, Maria da Chuva apareceu a porta do partido, chamando meu nome, como se velhos amigos e camaradas já fossemos.
Contou-me sobre sua luta na periferia da cidade, aonde ganhou o apelido por causa de um enfrentamento pela reconstrução de algumas "casas/barracos" derrubadas pela chuva.
Cantou marchinhas e apresentou propostas de slogans para o partido. Sempre com o sorriso e alegria como marca registrada.
Uma mulher de luta, determinada na certeza que estava na sua trincheira de classe, entre os seus.
Um dia me ligou dizendo que não estava bem e faltaria a atividade.
Sumiu como vento que a trouxe.
Até o telefonema de hoje.
Sua irmã me contou que ela estava com cancer na cabeça, e intestino, entre outras coisas. Que seu estado era terminal, e que será removida para Santos amanha de manha.
Pediu minha presença.
Fui até lá com o companheiro Júlio Cesar.
O brilho nos olhos, o prazer do significado do reencontro. Ali ela dizia/explicava a sua irmã sua opção de viver as lutas sociais, que apesar de não ter constituído família de sangue, como filhos ou maridos, tinha os companheiros das conspirações, dos enfrentamentos, alguém que ela poderia passar o bastão, como quem faz uma prova ( corrida ) em equipe.
Ali destinou sua casa e uma loja no Jardim ABC, aonde tem um Serviço Social para o nosso partido.
Relatou-me, indignada, a situação da Saúde Pública no Brasil. Que estava totalmente abandonada dentro dos corredores do Hospital.
Sem lençóis, travesseiro, remédios, etc.
Citou uma reportagem da revista veja aonde Lula afirma que a Saúde Pública esta a beira do ideal.
Contou-me com lágrimas nos olhos, que o médico a dois dias atrás lhe disse "na lata" que estava com um tumor na cabeça e intestino, e que não era o caso de fazer quimioterapia.
Relatou-me como desumana a falta de respeito pelo cidadão.
Pediu ajuda para a irmã, pois nem sentar esta conseguindo, e me mostrou seus escritos no Hospital, relatando sua agonia, através de um diário.
Sonhando em poder publicá-lo, para denunciar, e impedir que outros venham a passar por aquilo.
Vi Maria da Chuva, acabada fisicamente, com os braços roxos, largada em uma maca em um corredor do Hospital de Base, com registro de internação na Enfermaria 5.
Tenha no PSoL de Brasília a continuidade de sua luta.
Um beijo e a certeza que o bastão foi passado.
Camarada Maria da Chuva, quero poder te rebatizar como
Camarada Maria do Sol.

Pai e filho

É mágica a relação da intimidade entre "pai e filho".
A troca de carinho,
dos toques,
da voz terna,
A troca de experiência seguidas das eternas perguntas.
Em seguida a contemplação de seu filhote dormindo.
Mistura de um depósito de sonhos,
de um recarregador de energia,
de um motivo de viver.
Ser sensível em meio a rotina.
Digerir,
vibrar e valorizar nossos filhos,
nossos amigos.
Beijinho.

domingo, 14 de setembro de 2008

Formatura da Alice

Conversando com um amigo, relembrei o dia em que minha filha Alice nasceu.
Colei na porta da loja, WR Moda Jovem, um papel anunciando “loja fechada em razão do nascimento de minha filha”.
Tudo era muito corrido, muito elétrico e prazeroso, lembro.
Já se passaram muito tempo.
O tempo é como o frio, a partir de uma temperatura, você só diz que esta muito frio, ou muito quente, rs.
A partir de um tempo você diz que faz muito tempo, rs.
Pois é minha menina cresceu e aprendeu muitas coisas que eu não sei.
Fico feliz com a alegria dela em passar por esta fase da vida.
A vida é cíclica, e sempre revivemos o prazer de um grande almoço, de uma grande paixão, de um desejo latente.
Vai minha filhota.
O mundo te espera, com toda sua grandeza.
Sempre leve consigo sua sensibilidade e seu sorriso, além é claro
da escova de dentes, rs.
Um beijo eterno minha gata.

Álbum de figurinhas

Viver é como colecionar figurinhas
Você tem um álbum para cada relação
E ali vai juntando, colando
e guardando seus cromos.
De vez em quando você folheia
e curte as páginas completadas,
assume uma visão ampla dos seus objetivos
se posiciona perante a realidade.
De fato você tem o álbum
E esta sensação de te-lo trás segurança.

Mas se derepente
você é desqualificado
com a informação de que
seus cromos não são seus.

Que você colou todas as figurinhas
em local errado,
por ser relapso,
desinteressado
e mal caráter.

Difícil é retornar o tesão
pela coleção,
pela desatenção,
pela relação.

A dor na noite lateja
em ritmo diferente do coração.
Os álbuns dormem,
enquanto como bibliotecário
folheio páginas da vida,
como que cumprindo horário.

Amanha sempre é amanha.
Novo nascer do dia.
Tenho que me apegar a isto.

sábado, 13 de setembro de 2008

Pré requisito

Minha viagem estava acabando.
Tinha uma semana que havia partido de Brasília,
sempre hospedado a menos de cem metros da praia,
e minha hora de retornar estava ali.
Eram quinze para meio dia.
Resolvi me permitir uns minutinhos.
Coloquei a sunga,
e corri para a praia.
Turistas e eu,
um ser híbrido,
que viaja sem ser turista,
que é da terra,
e forasteiro ao mesmo tempo.
Água gostosa,
quente,
mar calmo,
tranqüilo,
porém ao meu lado
um casalzinho,
se beijava, e beijava,
e beijava em meio aquela costa maravilhosa.
O jogar das ondas acariciava os corpos
que se comportavam como um único volume,
integrados a tudo,
ao azul do céu,
do mar,
do horizonte.
Deveria ser pré requisito,
o compromisso de se beijar no mar.
Pode-se beijar sem ir a praia,
mas ir a praia sem beijar,
é como não se molhar,
é como não se achar.
Quero um beijo,
salgado e molhado....

Quando dá

O silêncio,
faz parte da vida,
como os envolvimentos de todos os tipos,
problemas, satisfações e desejos.
Gosto de poder escrever quantas vezes quiser,
sem ser taxado de chato..
Se um dia eu sumir por um tempo,
saiba que foi imprevistos da vida.
Se um dia eu sumir para sempre,
sumiram comigo,
coisa de repressão,
ou asfixia,
doença,
ou mudança de personalidade.
Aí o well não existe mais.
Cresceu.
Hoje estou aqui,
molhando o quintal,
quando dá,
ou cuidando dos bichos.
Observando a lu@

...quer um beijão

APROVEITE.

Afinal, continuo com o humor alto
Assim, passeio sobre as nuvens,
por cima da CHUVA,
fugindo dos buracos,
observando o que chamo de CASA,
me sentindo LIVRE,
só porque tenho a imaginação solta.

TUDO posso, quase tudo.
De MORANGOS ainda fujo.
Mas pra quem SEMPRE tomou SORVETE gelado,
o fato de brincar com o contraste do quente ou do frio,
do bom ou do mal,
não me traz muita novidade.
Só ansiedade.

DE PRESENTE PRÁ VC,
trago algo especial.
Um CABIDE.
Com ele,
criarei um espaço alternativo,
fora da tela de computador.

Vou me pendurar em seu armário,
em cima de todos aqueles sapatos,
vendo sua cama,
já desarrumada,
você deitada,
desconfiada,
acomodada na madrugada.

Assim me sentirei como um sapo enfeitiçado.
Ele a espera de um beijo,
para tornar-se príncipe.
Eu a espera de um click21
para tornar-me um mininu .
Mininu chorão,
que quer um beijão.

A importância do falar

Falar de si,
falar da vida,
do caminhar pelas ruas do centro,
das lembranças e saudades que o coração resgata,
do cansaço,
da distancia,
da interdisciplinaridade que envolve tudo,
que somos nós.
e como se descobrisse a pólvora
reafirmar o fato de “parecer normal”

Sinto as contradições,
o eterno buscar, a volta....

Tudo é envolvente, como a vida.
Basta a gente mostrar,
se expor,
desde o lado mais singelo do existir,
a aparência de trator locomotiva.
A dualidade.

Caso nos cruzemos,
sem nos arrepiarmos,
tenha a certeza de que isto é a vida.

Taí a importância do falar,
se mostrar sempre.
Não cansar de repetir,
como eu gosto de voce

Te carrego sorriso

Minha vida esta em uma fase de pouco,
ou nenhum tempo, me permito.
Tenho só dado, mas sei da importância de me alimentar,
como ser humano.
Senão daqui a pouco entro em uma crise profunda
Olho o tempo curto,
Nem a utilização do micro hoje tenho acesso,
a exaustão me impede.
A noite me foge.
Mas pretendo reagir e reconstruir meu "tempo"
Apesar da distância,
me sinto em diversos momentos.
Te carrego sorriso.