sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Alho e bugalhos...

Confundo
as fronteiras dos sonhos
com a da realidade.
Misturo
alho e bugalhos.
Tempero a vida
apimentando o desejo,
buscando a ti,
a favorita.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Me negar

Minha paciência
se confunde
com meu cansaço.
Busco o despertar
no relógio,
no pulso,
na respiração,
que inspira
meu tempo.
Procuro encanto
na emoção
da estafa.
Encontro conformismo,
resignação.
Repito-me
em esconderijos.
Pego carona,
sou sincero,
ao me negar
em pagar passagem.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Me desculpando

Muitas vezes
na vida,
a gente muda o rumo
da prosa,
deixando os amigos do peito,
amigos de e-m@il,
amigos de caminhada,
sem referencia.
Figuras que nos ouvem,
nos gestos,
nos atos,
no coração.
A ideia da perda,
a sensação da distancia,
corroi o eu,
e nossos alicerces.
Cria um forte,
só que vazio.
O silencio
não me assusta,
me acompanha.
Mas a falta do sorriso,
no reflexo dos sonhos,
inibe a poesia.
Volto,
de fininho,
pra roda dos versos.
Me desculpando
por não ter ido
a lugar nenhum.

Doença dos Eremitas

Muitas vezes,
na companhia
da madrugada,
sinto-me
"mirando" a vida
do alto de uma montanha.
Um espectador,
dos atos
e fatos,
que tudo vê,
e sente,
sem se envolver.
Ao não me priorizar,
atinjo o "status"
de não priorizar nada,
ninguém.
Vivo meu abandono.
Vivo relações
unilaterais.
Vivo na montanha,
com o silencio,
que me cala
e me paralisa,
diante das indagações,
e cobranças,
do dia a dia.
Tenho a doença
da montanha.
A doença
dos eremitas
acompanhados.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Abacates

Sei aonde você mora,
mas não sei mais,
com quem andas,
por onde passas.
Sei que você ve,
mas não compreendo
o que enxergas.
Vivemos numa proximidade
longínqua.
Quando paro
tento ouvir ecos
de saudades.
O silêncio
se faz profundo.
A gangorra pesou,
o balanço parou,
nosso parque esvaziou.
As crianças,
ficaram sem onde brincar.
Amadurecerão,
como abacates,
embrulhados
em notícias
de jornal.

Quarta feira de cinzas

Minha mãe
levantou agora.
Eu,
já estou de pé,
faz tempo,
mas ainda
não levantei
prá vida.
Passou o Carnaval,
os blocos sairam,
mas emblocar com que?
O Arruda esta preso,
e eu
soltamente detido,
na passarela
da vida.
Gostaria de te ver,
ter, ouvir...
Mas a distância
e o tempo,
dão a impressão
de alguém
não poupável.
De viver
uma conversa
com meus botões.
Um beijo
de quarta feira
de cinzas.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Preciso dormir

Desde criança
passo a idéia
de independência
a minha família
e amigos.
Meus pais acreditaram
que nunca
precisaria de nada.
Era alguém
"diferente" dos outros.
Mas a vida doce
também foi dura,
como rapadura.
Sempre alardeei
a facilidade de tudo.
O bom dia sol,
o bom dia lu@.
Nunca comentei
o que sentia,
ou por dificuldade de falar,
ou por desinteresse
de quem me ouvia.
Os relatos,
os percalços,
a fragilidade
que me acompanhava,
era engolida a seco.
Por vezes,
senti medo,
muito medo.
Medo de desistir
e da vergonha
da incapacidade,
da fraqueza.
Medo de tudo
e de todos.
Varei noites e noites,
procurando, procurando...,
sorrindo e chorando.
Hoje,
preciso dormir
para recarregar o corpo,
já cansado.
Atingi o momento
em que a única coisa
que realmente quero,
é alguém do meu lado
para dar as mãos
e seguir adiante.
É tão difícel
viver o abandono.

Arrodeio o paraíso

Elogiam minha calma,
meu aparente "equilíbrio",
meu silencio e paciência.
As vezes
uma pessoa muito calma,
esta sendo muito forte,
diante da violência
de ser calma
e comedida.

Qual será a verdade
que nâo consigo ouvir,
que não consigo enxergar?
Porque me envolvo em histórias,
em projetos audaciosos,
em desafios,
nos sonhos dos outros,
mas nunca nos meus.

Em nome do que,
ou de quem?
O que se torna difícel,
é o que imagino,
não o que vivo.
Este geralmente
consigo resolver.
Me importo com koizas,
que antecipadamente,
sei que não vivenciarei.

Busco o momento
que me permitirei
viver em harmonia
com meu eu.
Quero partir
rumo ao desejo.
A empatia,
é anterior a simpatia,
que é anterior ao amor.
Então,
arrodeio o paraíso,
sem coragem
e com vergonha
de entrar.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Contra ponto

Brinco com a TV,
na madrugada,
e o tempo corre.
Busco ações
e razões,
na programação.
Mas só vejo chuva,
calamidades,
morte e desespero.
Exageiros??????
Mentiras???????
Também.

O Brasil no Haiti,
missão de paz,
com armas
e repressão,
em um primeiro momento.
Depois do terremoto,
somos vítimas
e heróis,
por alguns partos
e alguns mortos.

Os EUA,
ocuparam o aeroporto,
as ruas,
a baixa estima da população,
com seu "assistencialismo unilateral",
em forma de invasão,
por marines,
mascadores de chiclete.
O país precisa de comida
e recebe extremunção.

Cuba,
enviou duzentos médicos
e cinco militares,
um ato de solidariedade real.
Lula,
enviou mil e trezentos soldados
e vinte médicos.
Que desigualdade
de política.

Para ajudar ou reprimir?
Ajudar
a política americana.
Reprimir
e ocupar,
um povo refém,
da miséria,
e holocausto.
Usa as migalhas de pão,
circo e futebol.

Brinco com a TV,
na madrugada,
e o tempo corre.
Busco razões
e ações,
na programação.
Suspeito de tudo.
Rolo na cama.
Desejo.....
Bebo água,
alimentando o contra ponto,
da indignação
e da emoção.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Brincar com você

Brinco com a TV,
na madrugada,
e o tempo corre.
Busco razões,
e ações,
na programação.
Na velocidade dos carros,
em bobagens,
informações,
beijos dos outros,
choro,
vaidades....

Brinco com a TV,
fazendo
do controle remoto
um controle da vida.
Tentando buscar,
descobrir
um sorriso
fora da tela,
em meu rosto.
Tentando
garimpar vida,
felicidade,
nas tramas,
nos dramas,
nos hérois
dito eternos.

Brinco com a TV,
com a janela
e a porta do quarto
a meu lado.
Quando observo,
percebo,
que uns carros vão,
outros voltam,
pois existe "um" lugar,
na madrugada,
aonde se possa ir.
Aonde se possa
se arrepiar,
ter vontade,
improvisar
e sentir emoções.

Brinco com a TV
querendo brincar com você.