terça-feira, 30 de agosto de 2011

Sem luz

Nesta semana, novamente, quando chegava em casa, encontrei um poste no chão.
Mais um acidente imbecil, que representa um novo fim de dia sem luz.
A princípio, um tédio, a espera por um reparo rápido, a fim de retomar a rotina, com TV & computador, telefone sem fio, chapinha, etc & etc.
As velas acesas, as sombras indefinidas, o tempo a não passar.
Aos poucos todos foram se deitando, esperando o retorno, que não vinha.
Percebi os cachorros agitados, e sai rumo ao quintal.
Procurei o que havia, e percebi o que não via.
Estava eu, no escuro mais claro de minha vida.
Ali enxergava um céu maravilhoso, limpo, estrelado e apaixonante. Céu este que com a iluminação pública, sumiria.
Ali percebia e ouvia o falar da madrugada, os sons do silencio. O respirar diferenciado, dos apaixonados, da noite, do desejo.
Embaixo daquele céu, percebi meu tamanho. Então dei a mão para a lua, brinquei com as corujas e virei luar.

domingo, 28 de agosto de 2011

As tardes

As tardes são gostosas.
Já tinha até me esquecido disto.
É um período do dia em que sempre estou
a mil por hora.
Acabava enganando-me que o prazer
só poderia ser atingido na madrugada.
Foi gostoso redescobrir o tempo.

Diálogo

Muitas vezes,

escrevo

conversando contigo.

Não sinto

que vivo

um monólogo.

Acostumei-me

a forma,

do medo

e ao desejo contigo.

O rompimento

de hábitos

aproximará.

Outros luares,

e olhares

encantarão.

Sobraram 20 minutos

Termina meu final de semana. Sobraram 20 minutos, até que meia noite chegue. Ainda bem. É pouco tempo, mas espero que seja meu.
Barbara me visitou, com Leo e Bernardo. Bem visita de final de semana para ver o pai. Todo mundo na sala, minha mãe, Rebecca, Gaby e Paulinho.
O papo roda, roda, vale tudo. Nada concreto tudo sem nexo, recheado de boas gargalhadas e gargalhadas.
Lembro-me de um papo com minha filha, Ela estava grávida, e decidia por ir morar com Leo. Aí me pediu para que prometesse que SEMPRE iria morar com eles. Ri, e dei-lhe um forte abraço, Minha filhinha, querendo crescer sem deixar de ser menina. Por um lado, era gostoso achar como ela, que minha simples presença a seu lado, seria garantia de um futuro tranqüilo e feliz. Tentei ser lógico e explicar-lhe, que por um período, estaria com ela, fisicamente. Mas que chegaria o momento em que eles seguiriam a vida. E que minha casa seria sua segunda e eterno primeiro lar.
Ela não aceitou, e me fez prometer, o juntos para sempre.
Semana passada, Barbara me procurou novamente para conversarmos. Ela e Leo chegaram a conclusão de que minha casa será sempre a casa de todos os meus filhos, parentes, amigos, agregados, etc, etc. Comigo eles nunca poderão viver a paz necessária para um casal.
Sorri, meio perdido e concordando com eles. A sensação de perda, no instante foi forte. O “para sempre” foi tão curto. Acabou que eu que me portava como criança, acreditando que iria durar e durar.
Dói um tantão. Mas é assim. Lindo, ver a vida continuar.
Lindo perceber que sua filha cresceu.
Lindo saber que eles conseguem construir e lutar por suas necessidades.
Termina meu final de semana. Sobraram 20 minutos, até que meia noite chegue. Ainda bem. É pouco tempo, mas espero que seja meu.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Meu Ontem, meu hoje, meu amanha.

Já fui dormir sabendo que faltava algumas conexões na obra do espaço gourmet.

Então acordei pilhado, pois antes de começar meu dia, teria que ir na “madeireira”. Mas ao acordar, minha mãe explicou-me que o mundo poderia “acabar” caso eu não fosse até o “Setor de Industria” (bem longinho daqui de casa) pegar sua encomenda da Bless Cosmetics, que havia chegado desde o dia anterior.

Lá fui eu, atender mamãe e os peões da obra.

Peguei aquele engarrafamento na volta, pois para variar havia mais uma manifestação na Esplanada.

Retornei, tomei banho, mas não podia sair à luta, pois minha mãe ainda não estava pronta. Aguardava pacientemente, rssss, é mentira, fiquei irritado, mas esperei de forma educada. Então minha filha Rebecca me liga, pedindo uma carona até o Setor de Industria, aquele local longe que eu acabava de retornar de lá. Combinei que mais tarde daria um jeito de levá-la.

Junto com mamãe fomos até a Câmara dos Deputados, aonde a deixei. Então quase que por encanto, meu filho Oliver me liga, pedindo “pelo amor de Deus” uma carona até a casa de sua professora de música.

Largo novamente meus compromissos, e vou buscá-lo. Chegando lá, ele sobe e fico no carro, tipo motorista. O tempo vai passando e percebo que caso ele demorasse mais um pouquinho, acabaria me atrasando para pegar meu outro filho Breno na escola. Ligo explicando a situação, então fica acertado que era para ir buscar o Breno e retornar mais tarde.

Que bom que eu liguei né, senão ficaria mofando no sol.

Busquei Breno, que estava com aquele rango, então passamos na Pizzaria Dom Bosco, e tudo se resolveu. Voltamos a Oliver, que me fez esperar mais um tantão. Larguei-o na Câmara Federal, aonde ele trabalha também.

Voltei para casa, trazendo Breno.

Rebecca me vendo, pediu um tempo, para acabar de se arrumar, pois estava atrasada para ir ao Setor de Indústria. Lá fomos nós. De lá seguimos procurando uma loja da NEXTEL, tinha conta atrasada, depois ao Bradesco, sacar dinheiro, em seguida realizar um pagamento do outro lado da cidade, depois buscar Gaby, minha netinha na escola, depois uma passadinha naquela Pizzaria da hora do almoço, para resolver o problema do entardecer, depois voltar a Câmara dos Deputados, para buscar mamãe, depois uma leve passada no mercado, para umas koizitas essenciais a vida.

Enfim retornar ao lar doce lar. Fazendo tudo, sem fazer nada para mim.

Mas Leila, minha ex, liga solicitando-me a substituí-la, em sua promessa de ir naquela noite ao cinema com Breno, e ir devolver uns DVDs na locadora.

Meio sem graça, me desculpando, propus ao Breno, irmos amanha ao cinema. Vi que decepcionei, com a negativa. Foi difícil dizer não, mas estava muito além de minhas possibilidades. Fico elétrico, dou choque.

Recheando tudo isto, o telefone não parou de tocar.

Fica um vazio, um nada forte. A sensação do tempo passar no mesmo lugar.

Depois na noite procuro compensar. Luto contra os remédios. Busco o que não encontrei.

Hoje será meu amanha ???

"sala de visitas"

Troquei o habito de tomar sorvete de chocolate na madrugada, por chupar laranja. Bem mais saudável, mas às vezes sinto gosto de chocolate na boca.

Saudades de sabores, licores, saudades de amores....

Muita saudade de você.

Uma certeza que tenho, é que nunca deixamos, sempre ficamos, e falamos em línguas, trocadilhos, versus e desafios ao luar.

“Então sentes que me mantenho afastado

e que talvez assim deva ser.”

Usamos a percepção e junto a ela, fazemos nossas experiências. Assim, como bruxos, saboreamos alquimia.

Somos igualmente diferentes.

Ficamos as mesmas noites, juntos a namorar a lua.

O rapto de um pedaço de uma verdade, não poderia ficar sem explicação.

Aí fiquei sabendo, que o problema, saiu de visitas indesejáveis a sua “sala de visitas”.

Que bom, vire o tapete ao contrário, assim “eles não voltam”.


terça-feira, 23 de agosto de 2011

Rapto

E aí Barbara, minha filha, contava-me sobre um afronto, uma indignação sofrida. Eu ouvia, meio que rindo, achando tudo coisa de jovens crianças. Ela reportava sobre uma “amiga” que a havia excluído do Orkut. Explicava-me o quanto isto era desprezar, ignorar alguém, sem explicação, sem motivo. Meio que ria, com raiva da exposição pública.

Aí comentei que sua mãe, Leila, havia me excluído também. Mas achava que aquilo, o deletar, era reflexo de uma situação.

O “deletar” alguém de sua vida, não é algo tão simples, fácil, como o excluir ou bloquear usando simplesmente um teclado, ou uma borracha simbólica. Pode ser um primeiro passo, de um caminho sinuoso, de idas e vindas. Tinha ali a primeira experiência, reflexão sobre o desprezo eletrônico.

Meu vício na web é meio limitado. Uso o e-mail, como um correio sem a figura do carteiro. Já as redes sociais, encontrei-me um tanto com o Orkut. Lá encontrei algumas pessoas. Percebi que o tempo e o espaço eram desprezados. Podia resgatar parte de minha vida, trocando percepções, suores e suspiros. Mas aos poucos todos abandonaram o Orkut, que ficou praticamente um espaço invadido pela publicidade.

No face book não me encontrei ainda. Viajo sim em produzir terapia, com meu blog, vendedor de sonhos.

E encontro-me também em alguns outros blogs que acompanho regularmente. De repente fui surpreendido por uma “amiga virtual” que bloqueou-me. Fiquei intrigado, mas respeitei seu momento, seu desejo. Era o tal rompimento que minha filha citava, mas que não conseguia compreender.

E o tempo passou e fui novamente surpreendido por outro bloqueio. Tinha que digerir este novo instante. Agora faço outra leitura do fato. Não existe a questão do desgaste público. Existe sim, o rapto de um pedaço de uma verdade. Fica um algo sem explicação. Sem beira.

Resta o silencio, resta a sempre lua.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Catalisador

Mais uma vez o telefone.
Já faz parte do corte de uma decisão,
ou de um coito interrompido.
O pior é que normalmente pouco tem a dizer.
Existia uma época em que eles eram poucos e fixos..
Hoje motivos de linhas em comum comunicação.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Abertura dos portos, as nações amigas

O tamanho do oceano

impressiona.

As possibilidades abertas

desafiam.

E eu

acusando a falta

de seu porto.

A admirá-la estou
e sereno penso
se algum dia
aprendo a ser
luar.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Carona no avião

O companheiro Ernesto Gradella, ex-vereador e ex-deputado federal de São José dos Campos, deixou-me um grande aprendizado, com sua experiência de Parlamentar (Revolucionário) aqui em Brasília.

O parlamento coloca “juntos” diversos setores da classe dominante, como banqueiros, empreiteiros, indústrias químicas, donos do agro-negócio, etc, e alguns poucos representantes da classe trabalhadora.

Ernesto Gradella (SP), foi um metalúrgico no parlamento.

Ele e o companheiro Cyro Garcia (RJ), bancário, foram deputados que mantiveram o mesmo nível de vida que tinham, ganhando os mesmos salários que recebiam antes de serem eleitos, e colocando o restante a serviço das lutas.

O PT caminhava a passos largos para adaptação ao regime democrático burguês, trocando as lutas e mobilizações, por uma política simplesmente eleitoral.

A chamada esquerda do PT adaptou-se a isso, como faz até hoje, sendo favorecida com cargos no governo e parlamentares (quase) sempre reeleitos.

Percebemos que o PT estava tomando o rumo que hoje é claro, o da conciliação de classes.

Em nome da “cidadania” e da governabilidade, o Partido dos Trabalhadores tinha como objetivo mostrar-se “domável e confiável” a classe dominante.

Nossa organização, com estrutura bolchevique, sempre discutiu pela base, a atuação nas lutas, nos sindicatos, nas escolas e universidades e no parlamento. Isto permitiu que não nos adaptássemos a “camaradagem” com os “pares” do Congresso Nacional.

Gradella, na campanha pela reeleição de 1994, voltava de Brasília para São José na quinta à noite, pois tinha agenda (compromissos) em sua cidade,

Porém recebeu um telefonema, convocando-o para um comício com Lula em Campinas sexta pela hora do almoço.

Informou que seria quase impossível ir.

Então o comitê de Lula, falou que ele não precisava se preocupar. Bastava vir de São José para São Paulo, que ali ele e outros pegariam um “jatinho” cedido por um empresário amigo.

Tudo combinado, até a reunião da Direção Municipal de São José dos Campos, aonde o chamaram atenção, detectando que o impulso “simplista”, era na realidade, a ponta do iceberg de uma política de troca de favores.

Gradella sempre ouviu a organização e foi ao comício, como havia se comprometido, de ônibus.

Nosso mandato sempre foi assim. Mandato coletivo, mandato da Convergência Socilalista.

Em nosso gabinete nunca aceitamos “presentes”, desde os mais simples, aos mais tentadores ou as belas Cestas de Natal. Todos eram devolvidos.
O PT continuou voando por aí, “em seus aviões”, em seus mensalões, em suas coligações, em suas bandalheiras e ataques a classe trabalhadora.

Esta semana o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, e um de seus cinco filhos, o deputado estadual Baleia Rossi (PMDB-SP), utilizam um jatinho pertencente à Ourofino Agronegócios para viagens particulares.

O deputado Baleia Rossi foi contemplado com doação de campanha no valor de R$ 100 mil, transferidos pela Ourofino.
Em outubro, Rossi liberou a Ourofino para comercializar a vacina, tornando a companhia pioneira no setor, um mercado que movimenta R$ 1 bilhão ao ano e, até então, dominado por firmas estrangeiras.
O trânsito de Rossi e de seu filho no jato da empresa é conhecido no Aeroporto Leite Lopes, em Ribeirão Preto. Funcionários relatam que o ministro e o deputado estadual sempre são vistos desembarcando no Embraer modelo Phenom, avaliado em US$ 7 milhões.

A empresa confirma os empréstimos do jatinho e diz que a aeronave é cedida “para amigos pessoais e colaboradores”.
Desde novembro do ano passado, a Ourofino registrou crescimento de 81%.
O ministro da Agricultura, Wagner Rossi violou o artigo 7º do Código de Ética da Alta Administração Federal, do âmbito do Poder Executivo.

“A autoridade pública não poderá receber salário ou qualquer outra remuneração de fonte privada em desacordo com a lei, nem receber transporte, hospedagem ou quaisquer favores de particulares de forma a permitir situação que possa gerar dúvida sobre a sua probidade ou honorabilidade”, diz um trecho do Código de Ética.

Se fosse só o Wagner Rossi, tudo seria mais fácil. Poderia até ser resolvido.

O problema é que vivemos numa rapinagem, numa putaria, “nunca antes vista na história deste país”.

Somente a organização independente da classe trabalhadora poderá romper com isto.



domingo, 14 de agosto de 2011

Resumo

Tem dias

em que a lua

parece tão longe,

tão distante.

Daí,

meio com medo,

meio sem nada,

fecho a janela.

Dia dos pais - Será que pai tem que ter cabelo curto?

Ganhei de meu filho, Oliver, uma coleção de DVD das Aventuras de TinTin. Adorei.

Quando ainda não era pai, somente filho, devorava os álbuns impressos do Hergé. Tinha todos.

Oliver parece muito comigo, dentro de todas diferenças.

E são as diferenças que nos fazem um grupo, um núcleo familiar heterogêneo.

Liguei para meu pai, todas crianças falaram, menos Breno, que não estava. Comentamos sobre o almoço que rolava aqui e lá. Sobre exames e saúde.

Diversão e arte, cada um construa a sua, com barriga cheia e saúde plena.

Se eu seguir meus instintos, falaria das “N” possibilidades de perceber a lua, de seduzir o infinito, com a delicadeza dos poetas.

Teus sinais me querem, mas ainda não nos encontraremos dona morte. Resisto e insisto, porque percebo a luz do desejo em cada amanhecer.

Busco uma integração espontânea com meu dia a dia. Não posso ser duas pessoas em uma. Uma representa, a outra observa.

Essa coisa de se expor não é bobagem, nunca foi. Sempre doeu. Ser filho, ser pai, ser profissional, ser equilibrado, forte, capaz de tudo por todo tempo é pesado demais. Balanço o corpo, derrubando o peso. Sempre quis me convencer que o hoje é eterno. Mas não consigo.

E aí, servi a lasanha. Foi uma festa. Também já era quase 14 horas, a fome já tomava conta de todos.

Comeram, repetiram, até cansarem. Mesmo assim sobrou uma forma sem tocar. Estava gostoso.

Paulinho, meu primo, como sempre bebeu, bebeu e bebeu.

Tenho muita pena dele. Deve se sentir sozinho no mundo, indefeso, acompanhado da mulher e das 3 filhas.

Então a mãe serviu o pavê, e todos excederam e se lambuzaram.

Aí mas tranqüilos, voltam a conversar.

Lembro da casa de meu avô Zezinho. Lá a conversa dos adultos aguçava a curiosidade, aguçava a fome.

Treinava a percepção, ouvia o não dito, as entre linhas, as contradições. Toda aquela verdade se foi.

Ninguém existe mais. São só falas em minha cabeça.

Meus filhos continuam querendo me convencer a cortar os cabelos. Será que pai tem que ter cabelo curto?

Aos poucos todos se foram.

Anoiteceu e a Lua espontaneamente retornou.

Ela nunca me deixou.

As saudades retornam aos poucos.

Você, que não me deixa sair, faz parte de mim.

A Trindade, Eu, a Lua e Eu voltamos à madrugada.

sábado, 13 de agosto de 2011

...só a lua

O lindo é leve.

Tem a flexibilidade do vento,

o movimento dos mares.

Hipnotiza, porque provoca o desejo

Excita, pois é incógnito.

Quero expor-me diante da vida.

Com largos sorrisos,

bobagens, ecos de gemidos.

Ver o corpo reagir,

diante do antes,

da fêmea, da abordagem.

Secretamente o toque,

alegrias e brincadeiras,

gritos de ouvidos.

Diante de tudo,

nada é conseqüência.

O tempo para

e só a lua

nos acompanhará.

,,,dizeres nunca ditos.

Creio que rompi

com a dor.

Busco legitimizar

o processo de vir

a voltar a ser.

Não sumo,

somente me escondo.

Parando de respirar,

me internam.

Transformo-me em sombra.

De longe observo,

e sem pedir licença,

pego carona num cometa,

que me leva em acordes,

a luaaaaaaaaaa.

Quero a vida sem trovões,

raios ou rainhos.

Creio que rompi

com a dor.

Busco a espontaneidade.

Fazemos do balé,

um elemento do destino.

Sincronia nas ações,

nos dizeres,

nunca ditos.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Assistindo

Imagino você

brincando de bolir

na guitarra.

O som

ocupando o denso

silencio da noite.

Lá em cima o cosmo.

Te assistindo,

a Lua.

Legalizando a lua

Meu eterno

e verdadeiro mergulho

tira-me o fôlego.

Percebo à revelação,

a presença,

dela, a iluminada.

Sinto-me atraído;

permito-me,

legalizando a paixão.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Brincando com a lua

Nua e sem vergonha,
crescente em mim.
Tem noites
que por inteira
a tenho.
Sensível
quase chega
ao invisível.
Brincando
de se esconder
beira a magia,
inspirando os apaixonados.
Consegue resgatar
o que passou.
Para o tempo,
constroi poesia.
Amante do céu,
espelho que é lua.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

...no céu

Perco-me achando-me

no céu.

Conto as luzinhas,

formo figurinhas,

alcançando-te em vontades.

Tento me esconder,

de ti, luar.

Mera pretensão.

Me caças, me encontra,

me envolve.

Luando

Para uns, a lua

parece estar lá.


Para outros

poesia no luar.


domingo, 7 de agosto de 2011

Hierarquia & Diversidade

É bom papear, mesmo quando exista uma hierarquia na relação.

Uma das coisas que me chama atenção, me intriga, é a avaliação de quanto uma crença, uma religião, faz falta na estrutura emocional de uma pessoa.

A verdade sentida é que quem tem religião, esta ou vive, em um patamar diferenciado.

Sabe, realmente também acho bem mais fácil, responder as incompreensões, como vontade de Deus.

Olhar o belo, olhar a vida e sua perfeição, como obra de um senhor super inspirado.

Ligar-se ao cosmo, transcender a matéria, com uma visão existencial. Viver na procura de Deus, a integração espontânea com o equilíbrio, com o prazer.

Definir-se como “espiritualista”, como uma pessoa “especial e escolhida” perante a vida, pela ligação direta que se tem com o divino, é muito gostoso. Tem sabor de chocolate.

Viver a fé, a certeza de que Deus existe (Deus vida), o Deus que sempre salva, companheiro, que apóia, equilibra, que é uma forte segura e presente bengala, que abre os braços, que sempre irá olhar por ti, é agradável e prazeroso.

Quem não gosta, quem não deseja isto????

Minha falta, meu buraco negro, creio que vem de mais de um motivo. Posso citar minha infância afastada da vida real, de crianças. Da relação fria com meus pais. Das perdas que as diversas mudanças causaram. Da alta timidez e insegurança. De um processo de defesa transformado em euforia, para enfrentar a vida. Da tentativa de sempre ter que provar que era forte, e capaz....

Sabe uma das coisas que me segura, é o sonho. Deus não existe, mas o belo, o respeito entre os seres humanos, com os animais, com o meio ambiente, trago comigo. Nunca me limitei a reivindicar e lutar somente pelo que necessitava. Fiz de minha voz, um auto-falante dos que não conseguem se expressar. Vivi e aprendi o que é solidariedade, porque percebo e sinto-me incomodado pelas injustiças sociais e pessoais. Aprendi a ouvir o outro, e emocionar-me perante a vida. Aprendi que na simplicidade, na rotina do dia a dia, nos encontramos com o especial, com a inspiração.

Sempre fui influenciado, por um “setor de vanguarda” de minha geração. Mergulhei de cabeça, nas experiências vividas. Aprendi a enfrentar o medo, o pavor, enfrentando-o imediatamente, sem proteção, mesmo que perdendo o instinto da sobrevivência. Sempre quis me convencer que o hoje é eterno.

Sinto-me frágil. Mas ser frágil perante a vida é ser verdadeiro. Resisto e insisto, porque percebo a luz do desejo em cada amanhecer. Muitas vezes no silencio da madrugada, choro, descontroladamente, como criança.

Mas o choro, rega a terra, e aí se renova a vida, brotando um motivo, florescendo uma vontade, e a vida segue....

Vivo intensamente o dito, os detalhes, e até o nada, rsssss. Dou cor às emoções.

Sei que não existe uma verdade. A vida é muito maior do que UMA possibilidade.

A verdade é aquela que nos segura, que nos preenche. E durante a vida, ela muda, muda como os ventos.

Que seu Deus, sua fé, sua sensibilidade, te acompanhe e a abençoe para sempre. Que as pessoas boas, que interagem contigo, sempre estejam ao seu lado. Que o céu infinito, te inspire, te cubra e te agasalhe.

Viva de forma total, sua verdade, o que você acredita.

Perceba a diversidade, ela é bela, permita-se.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

...sobrar o "EU",

Os motivos até existem.
Hoje você fala com o corpo,
atropela as ações,
tropeça, se machuca.

A fala dos olhos,
a fala da alma,
a fala da fala
se foram.

A eterna insatisfação
retarda suas ações.
Eu tentei,
mas não consigo te escutar.

Quando seus problemas
passarem a ser seus,
então os problemas dos outros
passarão a ser dos outros.

Como é normal
enxergar o “inaceitável”
nas outras pessoas,
e não percebemos em nós mesmos.

Aí, quando sobrar o “EU”,
aquilo que será sentido
deixará de ser reclamação/difamação.
Haverá um peso real.

O afeto, a transparência,
a intenção de entender, prevalecerá.
Vir atrás de suas respostas
será fazer diferente.