domingo, 20 de novembro de 2011

A última peça

Uns se sentem confinados. O assunto preferido é sobre a data prevista para a saída.
Sexta feira passada vivi o oposto, o velho Barbudo, com roupa de guerrilheiro, me confessou sobre sua angustia, sobre ter ficado acordado, na expectativa de não conseguir agüentar a barra lá fora.
Um homem calado, sentado nos cantos, de olhos fechados, mas acordado.
São dois tipos de personagens, no mesmo campo de refugiado, que vivem diferentes perspectivas.
A dor se equipara a ferrugem, pois corroi aos poucos, no silencio, até o rompimento da alma.
No instante da explosão, do protesto, da indignação, do desespero, da falta de saída, pode-se desejar e buscar a morte.
O que não se pensa é que lhe tirarão o direito de acordar no dia seguinte.
Tem coisas na vida, que não voltam atrás,
A morte é meio assim. A última peça.

sábado, 19 de novembro de 2011

Alice

Esta semana Rebecca, minha filhota mais velha, comentou-me que Alice, minha 2ª filhota, recém casada, estava vivendo um processo depressivo.
Foi como um enorme e mortal soco recebido.
Sei o que é dor. Como sei.
O nada sem fundo, sem cor, apenas com o som do atrito imaginário, de não passar em lugar algum.
O despencar de algum lugar, sem ter aonde se pegar, se apoiar.
Despencar sem saber por quanto doerá o pavor É algo contigo, não concreto, pois tudo continuará como antes
Perceber que uma mão estendida, passa do difícil ou impossível de percebê-la, apesar dela estar lá.
Dói tanto, mas tanto, por não conseguir fazer nada, madinha para minha filha não sentir aquilo. Quero substituí-la.
Passamos a nos falar todos os dias, apesar das sombras, das dores, estarem presentes,

Aqui na Clínica

Aqui na Clínica,
nossa percepção
das coisa mudam.
O papo das terapias,
a contenção,
e seus desdobramentos.
O silencio,
as visitas esperadas,
as visitas sociais,
as visitas que se foram.
O engolir seco,
o choro contido
ou o não contido no quarto.
O medo dos telefonemas
a forma e a obrigatoriedade
das respostas lógicas.
Não falo de todas ligações, e seus MSNs
Falo das que sempre posei de lógico.
Gostaria de poder falar,
e ser ouvido.
Afinal nunca me permiti a viver
dentro de minhas limitações,
Sim, gostaria de curti-las,
aprender até aonde posso dar o próximo passo.
Nem que infelizmente seja sozinho.

Parar de fumar

Começa amanha, uma campanha nacional pelo fim do tabagismo.
Bem legal. Lembrei-me de Cavadas, diplomara e médico, amigo da família.
Certa vez em uma festa lá em casa ele novamente era o centro das atenções. Trazia da Europa uma cigarreira linda, acho que banhada a ouro, modelo bem clássico, que tinha como diferença das demais, além da beleza, um timer, que você programava, decidindo o tempo em que ela viria abrir novamente..
Foi um sucesso. Colocou-se o tempo de 3 minutos e ela abriu normalmente.
Depois do show, Cavadas a programou para 1 hira.
Pronto o 2º ato estava marcado.
Sem perceber, como fumante inveterado, foi com a mão ao bolso e lembrou-se que faltava mais de ½ hora ára que a mesma abrisse, rsss.
Ele tentava de todas as formas reabrir a cifarreira, e todos riam.
Derepente enfia a mão em outro bolso. Saca um outro maço de cigarro e afirma a todos presentes ”vocês acham que sou bobo, tenho sempre outra carteira como sobressalente no bolso”.
Foi um riso único.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Escrevo,
apesar de saber que não me lerás,
mas fica a sensação
de que poderei laçar sua sensibilidade.
Seus movimentos, sua rebeldia.
Vivo o dia 11/11/2011.
Algum instante cabalístico,
ou simplesmente algum instante...
... insinuante.
Gosto quando você não se cotem,
Koiza de capitão gancho.
Paixão.
Começo nadando,
e sigo
tecendo seu corpo.
Tratando-o pelo avesso
Assustado-o pelo novo.

De mão molhada,
a certeza que tudo recomeçou.
Puro medo de se entregar.