“Quando o tempo
fechou, a lua andou e ficou conosco.”
Afinal a tarefa desta vez é “outro” desafio. Bem diferente.
Minha vida foi construída com atos de prazer, com buscas, com sonhos
socializados, com camaradagem.
Desta vez, porem, o PARTIDO me pede para escrever não sobre política,
sobre conjuntura, sobre lutas e perspectivas, mas sobre seus 20 anos de
história.
Logo eu, que não venho da academia, que não reconheço as regras de uma
monografia, que fui incentivado a não respeitar as “margens” sociais, terei que
ater-me ao espaço entrelinhas de 1.5, com todas as margens de 3, com o limite
de falar somente em uma página, sem choro, nem lágrimas, só com emoção...
E eu, que aprendi a falar o não dito, aprendi a reconhecer a erupção das
contradições, a ouvir os corações, a sentir no vento, o arrepio das
entrelinhas..., vou “limitar-me” a uma história, sem limites...
Mas vamos fazer, vamos tentar contar esta história. Afinal, o que me
solicitam é falar de uma paixão, a paixão de um sonho, chamado socialismo. De
vozes, que em coro, carregam a harmonia, a vocalização de um ensaio, mas de um
ensaio político, do Oiapoque ao Chuí.
Somos mestiços de poesia, na mulatice de nossos brancos, na obstinação
da negritude, na arte dos caboclos emamelucos, no grito de guerra indígena, no
sorriso cafuso, na sabedoria oriental, no desejo latente de amar, sem
fronteiras e preconceitos, mas seguindo o instinto do desejo, da busca do
toque, do prazer.
Falo de mim e de tantos outros camaradas que não poderiam contar suas
vidas, sem falar no partido. Das bandeiras e amores que carregamos, que
tremulamos na “rotina” do gozo. Falo dos filhos, dos netos, de uma geração. Não
somos mais só juventude, mesclamos a graça, a sensualidade e o charme de nossos
cabelos brancos, de fortes amores vividos, da saudade de alguns que se foram e
de outros brutamente assassinados.
Em cada atividade pública ou festividade que fazemos, o reencontrar com
camaradas afastados, fortifica nossa luta. São olhares de carinho, de
admiração, de saudades de um tempo, que nunca passou na vida deles. São
depoimentos que qualificam “a” experiência vivida na militância, como uma
referencia que carregam em suas vidas. É um orgulho em poder afirmar que construíram
este projeto, o PSTU.
Que apesar de “distantes” fisicamente, estão próximos na política, nas
esquinas, nas escolas, no face, nas manifestações, nos enfrentamentos, na luta pela
construção do PARTIDO.
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