A existência, a perspectiva de grandes variantes, nos faz confundir projetos de trabalho, de realizações sociais e físicas com procuras pessoais.
São regras, casamentos, testemunhas, fotos para perpetuar uniões em reuniões, “acordos” de felicidade eterna.
Agora até a fidelidade on-line é cobrada. Falta um chip, ou um detector de desejo, para enquadrar o “outro” no que ninguém se enquadra. No que só a morte pode conseguir, o fim da vontade.
Já é madrugada e a capacidade de visão diminuiu. Então o “TUDO”, o “PATRIMÔNIO” sumiu. Aqui vemos o que sentimos, o que levamos, o que temos, seja ele um momento de transbordar-se ou um vazio enorme. É você versus você. Não da para mentir.
Ou alguém vem se acomodar nas suas curvas, entre pernas e braços ou a tentativa será “encontrar-se” entre os travesseiros.
A lua poderá ouvir nossos gemidos de prazer, ou se assustar com choro que se avoluma, na densidade do tempo.
Vamos viver juntos o que dá para viver, no que nos dá prazer.
Deixa eu te amar, minha liberdade está na permissão do coração, no sonho de te ter.
Afogar-se na expectativa, de idealizar uma relação, que nem meus pais, nem meus vizinhos, nem meus amigos, viveram é loucura ruim. É doença.
Nosso encontro se dará na possibilidade do desejo, nem que seja via telefone, mensagem, telepatia..., rala e rola.
Vale o que nos alimenta. O que nutre, o que é capaz de dar brilho ao olhar, sorriso aos lábios, leveza ao suspiro, sonhos embalados ao deitar.
Meu segredo, está em seguir o coração, no empinar as emoções, nos olhares docemente imantados.
A distância física ou não, pode se medir pelos passos, ou pela rotina, ou pelas impossibilidades de cada um. São distâncias.
Aí então, tentar encaixar modelos ou receitas de relações da Ana Maria Braga, não da. Nada se encaixa nas dificuldades mutantes de cada momento. O ruim é desistir, de ser feliz.
E vem a oposição infeliz, ou o moralismo do sistema, que habita o medo do desconhecido, e te acusa de “relação aberta”.
Eu só te falo, que te quero de qualquer maneira, desde que seja na magia de nosso desejo, independentemente de suas manchas no pescoço, do dia de ontem ou de anteontem. Se nossos beijos forem eternamente inteiros, se nossos abraços atingirem o coração, se a cumplicidade nos der a direção, o apoio no céu, nos pontos cardeais.
As carências vividas, são da vida.
Enquanto uns preocupam-se em juntar as “perdas”, outros até sem aparência de artista, mais apaixonados, pedem um tempo, para perderem-se nos "ganhos" de se dar, de amar.
Sou míope, aí a gente acaba vendo a vida que acredita, em imagens românticas e adocicadas.
Abdicar do que sinto é como remoer expectativas sem busca-las, sem
vive-las. Aí baterá tristeza, melancolia, no bater do coração.
Abdicar do que sinto é como remoer expectativas sem busca-las, sem
vive-las. Aí baterá tristeza, melancolia, no bater do coração.
Sejamos felizes, ao ser cúmplices do desejo.
Cúmplices da procura na procura.
Meu coração é liberdade, perdi o medo de amar engessado.