Os dias aqui
são travados,
são de espera,
pela vida.
Durmo tarde,
com minha insônia.
Acordo cedo,
com a agonia.
Agonia da claridade,
agonia da “escuridade”,
do barulho dos ônibus
que circulam a noite inteira.
Como a agonia
que sentia
do silencio
lá de casa.
Tudo é motivo
para acordar cedo.
Para dormir tarde.
E aqui nada mudou.
Cuido do pai,
na recusa de levantar.
Numa fuga tão minha,
tão nossa, tão vossa...
Na depressão
que provoca falta de ar.
Parecendo que o ar é pouco,
que não "vamos" sobreviver.
Melhor do que eu,
enfrenta o sintoma,
da falta de ar,
detalhando a "nova" asfixia.
Não se lembra,
mais de nada.
Só que o ontem foi assim,
que o sempre é assim.
Acho até melhor,
pois a consciência da angustia,
do tamanho do “destino”,
certamente apavoraria.
Levantar pra que?
Para almoçar?
Para tomar remédios?
Para não tomar banho?
No paralelo
vivo uma crise
de euforia
e depressão.
Escrevo meu silencio.
no falar sozinho.
Conto confusões
de dores e amores.
Conheço o tobogã.
A gente vai perdendo
o interesse “comercial”
e a graça social.
Sou "meio",
meio diferente,
com minhas meias,
e no "andar" irreverente.
Reflexos da loucura.
Agora só sei
fazer poemas.
Na amnésia do viver.
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