terça-feira, 21 de julho de 2015

(Guga), o pai e eu

Os dias aqui 
são travados, 
são de espera, 
pela vida.

Durmo tarde, 
com minha insônia.
Acordo cedo, 
com a agonia. 

Agonia da claridade, 
agonia da “escuridade”, 
do barulho dos ônibus 
que circulam a noite inteira.

Como a agonia
que sentia
do silencio 
lá de casa. 

Tudo é motivo 
para acordar cedo. 
Para dormir tarde.
E aqui nada mudou.

Cuido do pai, 
na recusa de levantar.
Numa fuga tão minha,
tão nossa, tão vossa...

Na depressão 
que provoca falta de ar. 
Parecendo que o ar é pouco,
que não "vamos" sobreviver.

Melhor do que eu,
enfrenta o sintoma, 
da falta de ar, 
detalhando a "nova" asfixia. 

Não se lembra,
mais de nada.
Só que o ontem foi assim, 
que o sempre é assim.

Acho até melhor, 
pois a consciência da angustia, 
do tamanho do “destino”, 
certamente apavoraria.

Levantar pra que? 
Para almoçar?
Para tomar remédios?
Para não tomar banho?

No paralelo
vivo uma crise 
de euforia 
e depressão.

Escrevo meu silencio. 
no falar sozinho. 
Conto confusões 
de dores e amores.

Conheço o tobogã.
A gente vai perdendo 
o interesse “comercial” 
e a graça social.

Sou "meio", 
meio diferente, 
com minhas meias,
e no "andar" irreverente.

Reflexos da loucura. 
Agora só sei 
fazer poemas. 

Na amnésia do viver.

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