segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Conexão Discada

Brasília, 23 de novembro de 2004

Derepente vi a sala vazia,
e lá estava ele,
o computador,
a mesa da sala.
Tudo meu.
Pensei,
será que o sono e o cansaço vão permitir?
Afinal até a noite chegar,
meia noite passar,
e a internet baixar ( preço )....
Mas o tempo se foi.
E eu ali,
conectando-me com meu mundo.
Pronto cá estou,
às vezes vestido de Batman,
de pirata,
ou qualquer outro mascarado
ou não
que me leve ao sentimento de prazer.
Vejo-me no Breno ( meu filho – 8 anos ).
Desafio a noite,
a chamo para brincar,
brindar,
ressuscitar procuras e achados.
Corro com os dedos e a imaginação,
recorto e colo momentos,
monto meu álbum de figurinhas.
Vou lhe contar,
aqui nenhuma figurinha é repetida.
Todas tem o seu lugar.

Vc com medo de encontrar Ricardo,
ou Ricardos,
não percebe que a única maneira de não encontrá-lo é saindo,
tropeçando,
cambaliando ou caindo.
Não importa a forma.
O que vale é a busca,
a percepção do belo.
Ricardossss estão dentro de vc hoje.
Se ficar em casa para não encontra-lossss,
dormirá com elesss.
Eu aprendi que fantasma não existe.
Aprendi tbm
que apesar de não existirem
às vezes nos assombram,
E nos perseguem por muito tempo.
Basta permitimos.
Breno acordou,
deitou no sofá.
Eu o amo muito.
Mas muito mesmo.
Não sei nem como explicar.

Sabe, tbm sou acusado de ser sensível.
Hoje, neste mundo globalizado
ser sensível passa como algo démodé.
Um defeito,
uma perda de tempo,
perante a grande luta revolucionária,
a grande vontade de vencer
e prosperar perante a vida.
Sensível pra que?
Pra chorar,
pra ficar triste?
Pra descobrir
que as coisas são como não deveriam ser?
Ora, sou sensível sim,
e tenho meu direito individual
de ter a leitura da realidade que me cerca.
Não tenho que achar natural o que não me parece.
Mesmo que para todos pareçam.
Tenho o direito de conversar com os olhos,
de querer tocar,
permitir que meus sentidos percebam o imperceptível.
Direito ao silêncio,
direito de falar e de ser ouvido.

Minha amiga de diversas pelejas,
se quiseres podemos optar por sermos depressivos.
Podemos fazer análise
e retrocedermos até o útero,
a vida passadas,
ou então,
partirmos com toda nossa experiência de pessoas sensíveis,
para novas rodas de bar,
de samba,
ou do caralho que seja,
com o objetivo de reler a realidade,
e descobrir no cotidiano
o novo
que tanto pode dar prazer e conhecimento.

Menina prepare o chimarrão,
talvez seja a erva
ou as ervas da terra que nos façam verdes.
Verdes marcianos.
Beijos

wellsol

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