terça-feira, 20 de setembro de 2011

O mundo é míope e estrábico

Quando não estou bem, prefiro ficar só. Coisa minha. Hoje me integrei à cama até as 14 horas. O telefone às vezes cortava o silencio, Mas optava por retornar as cobertas.
Domingo, dia seguinte do casamento de minha filha Alice, também estava assim. Apesar de ter vivido junto à família e as pessoas amigas a alegria da união formal do casal, A cerimônia e a festa foram muito gostosas. Mas sentia frio, tonteira, fraqueza. Assim acho que fui o primeiro a voltar pra casa.
Domingo meu irmão organizou um baita churrasco. Chamou parentes e amigos, mas também não consegui participar. Optei por meu quarto, por minha cama.
Wayman certo momento veio me chamar, então lhe falei sobre um “cansaço”. Ele insistiu, voltando a chamar-me para a “gostosa festinha”.
Passou algum tempo, nem sei quanto, aí meu primo Paulinho,do sul, veio me trazer o prato, almoço.
Quando me viu deitado, se emocionou e começou a chorar. Repetia, "levanta, se anime, não te entregue a depressão".
Quem já viveu a depressão, reconhece o eco silencioso da dor do outro.
Fiquei emocionado, pela solidariedade e por ele.
Me fez levantar, nos abraçamos, e fiquei preocupado com sua fragilidade. Enxugava as lágrimas que saltavam de seu rosto, convocando-me a reagir.
Temos em comum a dor, apesar de as dores não serem iguais.
O buraco das solidões, são fundos e sem bordas, mas também são diferentes.
Acaba que as coisas acontecem conosco, na frente dos outros, que nada percebem. O mundo é míope e estrábico.
Parece que vivemos uma vida dupla, a nossa, a do “EU” e a social.
Isto é a globalização dos sentimentos. Fábrica de solitários.
Ouvir o outro, compartilhar emoções, seria por aí.
Ontem Paulo me ligou, querendo saber se tinha saído da cama. Me dando força. Um beijo Paulinho, obrigado pelo carinho, pela solidariedade.
O viver a sensibilidade permite a possibilidade de se conhecer.
O fingir que tudo é besteira é perder a bússola, o sentido.
Nestes casos, quando se cai, fica impossível se levantar.
Minha prima Eliane, pediu-me para “”puxar”” por ela.
Conversamos sobre distancias físicas e distancias de almas.
Ainda não sei se é pior a solidão acompanhada, ou a solidão solitária.
Vivemos vitórias e derrotas.
Colecionamos as vitórias. Elas são o calçamento da vida. O estímulo do caminhar.
As derrotas simplesmente existem, não fazem parte de coleções,
Vou escovar os dentes. Quero abraçar e beijar a madrugada.
Boa noite.

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