Às vezes
fico choroso.
E quando a noite vem
como um agricultor da vida,
saio a observar
a lavoura de sonhos.
Fica a expectativa
do ato de colher ou não.
Passo a língua nos lábios
resgatando o sabor do beijo,
repleto de emoções....
Cartas guardadas
que tenho pavor de reler,
de reavaliar.
A sala de visitas
arrumadamente vazia,
como a esperar....
Sinto o tempo passar.
Digo que não estou
as possibilidades.
Deixo para depois,
o tudo fica para depois.
Vejo que não vejo
e como um bobo
me fascino
com a solidão.
Estico o braço
e é você travesseiro
que se aconchega
em meu corpo.
De fato sempre só
nas madrugadas de deserto.
Abafo o bafo e as vozes
bebendo rock'n'roll.
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