domingo, 28 de dezembro de 2008

Formula 1

Sou um aficionado por velocidade, corridas, pela Formula 1, afinal acompanhei o início do sucesso dos brasileiros neste esporte.
Além de ter crescido em Brasília, aonde sempre a questão do automobilismo fez parte da história da cidade, pelos espaços abertos e grandes pistas livres que a cidade oferecia nos seus primeiros anos de existência.
Carros fora de linha cortavam a Esplanada dos Ministérios, coração do poder da Capital.
Lembro-me dos pegas que rolavam no cemitério, das corridas no estacionamento do antigo Estádio de Futebol Pelezão, que logo meu ex-sogro, Cel. Fábio Vilela, transformou no primeiro autódromo da cidade.
Era um tempo em que o esporte era regado por amor, cada um dava um pouco de si.
Na construção do “Autódromo do Pelezão”, Cel. Fábio fugia do serviço, meu pai comentava/reclamava; com soldados para trabalhar, outras vezes com a gente (meninada) e com a PETITA, minha cadela.
Corríamos por cima dos montes de terra, víamos as inclinações das curvas serem feitas, imaginávamos o resultado final.
Depois foi a guerra para recolher pneus velhos, para proteger as áreas de escape. Curva por curva. Enfim foi muito bom aquele tempo.
As primeiras provas....só alegria.
Muita gente boa surgiu daqui. Uma geração de pilotos.
Hoje existe uma homenagem a ele no Autódromo Internacional Nelson Piquet.
Uma placa da Federação Brasiliense de Automobilismo, http://www.fbadf.com.br/
O Carrefour comprou o antigo estádio e implodiu tudo literalmente.
O velho autódromo acabou e construiu-se um novo, inaugurado em 1974, para uma corrida de Fórmula 1 extra-campeonato, vencida por Emerson Fittipaldi pilotando uma McLaren.
Desde 1996, e por um período de dez anos renováveis por mais dez, Nelson Piquet é arrendatário do autódromo, que pertence ao governo do Distrito Federal.
Infelizmente muito se perdeu com isto, pois os “novos custos operacionais” acabaram com as corridas de arrancada, da Categoria Força Livre, etc, etc...
Aqui correram pelas ruas da cidade Emerson e Wilson Fittipaldi, José Carlos Pace – Moco, Alex Dias Ribeiro, Roberto Pupo Moreno, entre outros.
Estudei no livro, ABC do Admissão, emprestado pelos pais do Nelson para concorrer a uma vaga do Colégio Dom Bosco.
Ainda sou da época que existia um certo “vestibular” na passagem do primário para o Ginásio, rs, digo 1º grau.
Hoje de manha abri o micro, buscando notícias do esporte.
Vi no site do MSN que esta em fase de acabamento a construção de um baita de um circuito nos Emirados Árabes. Será o melhor e mais luxuoso do mundo, a fim de aumentar o turismo na região. Com isto GPs tradicionais, como França e Canadá, ficarão fora do calendário.
O único campeonato local é de rali, país sem nenhuma tradição no automobilismo, os Árabes querem "roubar" de Cingapura o título de vedete do calendário da F-1, já que o GP, primeiro noturno da categoria, foi escolhido recentemente como o de melhor estrutura e organização do ano de 2008.Em seguida procurei acompanhar a questão da venda da Honda, que anunciou a saída do circo
Parece que Carlos Slim, um dos três homens mais ricos do mundo, comprou por um dólar a equipe Honda de Fórmula 1, que anunciou no início do mês sua retirada da categoria por causa da crise econômica mundial.
Slim, é dono do grupo Telmex (Mexicano) que detém o controle acionário da Embratel,
Logo li no site da UOL o anuncio que o todo poderoso Bernie Ecclestone, quer um piloto Indiano correndo na F-1, já ano que vem.

"O tempo está ficando mais apertado com a chegada da F-1 na Índia (2011), algo pelo qual estou bastante entusiasmado. Espero que o Karun faça parte disso tudo. O lugar dele é na F1", opinou Bernie.

Queria ler sobre velocidade, sobre tecnologia de ponta, sobre maestria nas soluções aerodinâmicas, queria ler histórias das grandes escuderias, de suas cores, do roncar dos motores, dos projetistas, sobre resultados de testes em pistas, sobre as disputas por vagas nas equipes pelo desempenho nos testes, mas vi que nosso compatriota Bruno Senna pode ser contratado não porque foi o melhor dos testes da Honda, mas porque a SLIM, leia-se Embratel, comprará a escuderia.
Que um piloto Indiano terá que correr, pois a Índia é uma nação emergente, com dinheiro e mercado consumidor enorme, e terá um GP já em 2011, não porque é rápido.
Saber que os Grandes Prêmios de Cingapura, Abu Dhabi ( Emirados Árabes ) e Nova Délhi (Índia) serão os protagonistas de uma F-1 da época da recessão, da crise.
Que a disputa será entre “pilotos” de mercados em ascensão, representantes do Petróleo. E outros interesses comerciais.
Já se tem como certa a entrada da Rússia também no “novo” calendário.Novos tempos, velhas soluções imperialistas.
Perde o esporte, o esportista, o espectador.

sábado, 27 de dezembro de 2008

12 anos de Breno

Finalmente passou o natal, tudo muito corrido, pois o aniversário do Breno é dia 24, então fica tudo que emendado, brigadeiro com peru, bolo com ceia, refri com vinho.
Mas passou, como passou "uns" furacões pela casa, rs.
Revivo com Breno minhas brincadeiras de correr, sorrir, fazer cosquinha, se perder no limite ilimitado do prazer.
Ser criança é maravilhoso.
Sua voz começa a mudar, já calça 42, aos doze anos.
Lidera as travessuras, com firmeza de quem tem segurança, corre, ri, grita, sua voz ecoa por todos os lados.
Ontem o levei com mais quatro para ver "Marley &Eu", estréia mundial.
É aficionado por cinema. Tem uma coleção enorme de filmes, terror, trash, aventuras, futuristas, etc.
Curte a questão dos efeitos especiais. Também filma, já tem dois curtas na NET, fala dos anos 80 como se fosse algo de um tempo remoto, rs. Sua fonte de pesquisa, rsrsrs.
Tem máscaras, fantasias, sangue de mentira, ventilador gigante e imaginação, rsssssss.
Muita criatividade.
A festa continua, tudo é pouco, quer descobrir o mundo a todo instante.
Reclama por reclamar, estica sua capacidade de energia até o desmaiar.
Enfim, este é meu caçula.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

“Fado Madrinho”

Voltava da casa de Lúcia, hora do almoço do dia 25, Natal, o transito tranqüilo, quase vazio, o espaço só meu.
A mente leve, podia dirigir sem nada pensar, só ver e sentir a amplidão de Brasília.
Seus canteiros, vazios apaixonantes, o cerrado verde, a vida a brotar.
Cruzei a ponte, a mais bonita, segundo alguns, e seguia em direção de casa.
Derepente vejo um senhor, acompanhado, levando um carrinho de mão, fazendo sinal para que parasse.
Um casal de idade, jeito de trabalhadores do campo, com um carrinho de mão, com duas abóboras grandes dentro.
Surgiram daonde? Mas eram concretos.
Parei o carro.
Numa auto pista,
Três vias de ida, três de volta, e eu, as abóboras, o carrinho de mão e o casal de velhinhos. Sozinhos debaixo do céu sem chuva.
Mas parei e observei os detalhes do momento.
Ele a pegou pelo braço, atravessou as duas pistas, com toda calma e atenção possível, passos lentos e firmes.
A deixou do outro lado. Sussurrou algo em seu ouvido e voltou.
Continuei ali, como se o mundo tivesse parado por um instante.
Ele voltou, em direção as abóboras, olhando para trás, esboçando um pequeno sorriso.
Pegou seu carrinho de mão, e cortou pela frente do carro rumo a companheira.
Quando se encontraram, parou, deu-lhe um beijo nos lábios, e seguiram juntos mato adentro.
Fui testemunha de um instante de muita cumplicidade, de carinho e amor.
Um casal, duas abóboras, e eu de “fado madrinho”, participando daquele momento mágico.
Segui viagem.
Tinha recebido meu grande presente de Natal...

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Rabanada

Acabei que fugi até a casa de Lúcia, vontade de dar um grande abraço, um beijo, e retomar a vida depois desta pequena parada.
Afinal era 25 de dezembro, Natal de 2008.
Mas chegando lá, foi quase impossível de resvalar no mesmo passo que cheguei.
Uma família bela, muitos jovens, sobrinhos, que não conhecia, irmãs, enfim, Dona Magali, sua mãe, deixou a receita de um lugar gostoso de se viver.
Pelos sorrisos e movimentação imagino como não deve ter sido a noite de Natal.
Até sentei um pouco, mas com a chegada do pessoal, percebi que o almoço estava pronto, e tinha que partir.
Foi então que Lucinha me estendeu uma bandeja e me ofereceu uma rabanada.
Sorri, a lembrança foi buscar mais uma história de vida, que tive que contar ali.
A legislação nos obrigava a instalar os Diretórios Zonais, 1980, tínhamos que ter sedes do partido, pois os fiscais do TRE acompanhavam as reuniões ordinárias.
Então, como presidia a Zonal de Ipanema/Copacabana, 18ª Zona, não seria fácil conseguir um espaço bem localizado e a preço que fosse compatível de nossas possibilidades. Tínhamos um partido formado por praticamente estudantes, e algumas poucas pessoas alternativas.
Rodava o bairro na procura, até que com a dificuldade, decidimos subir o morro.
Fomos subir a Rua Saint-Roman, que começa na Rua Sá Ferreira, em Copacabana e termina na Rua Piragibe Frota Aguiar.em Ipanema, e que dá acesso as escadarias das favelas do Pavão e Pavãozinho.
Realmente foi lá que encontramos refúgio. Achamos um aparente sobrado, mas que tinha também um andar para baixo, tipo um porão, contemplado com janelas, já que estávamos em um morro.
Era a casa da atriz Wilza Carla, (Niterói,29/10/35) uma ex-vedete, atriz e humorista que na época era muito popular como jurada de programas de calouros, em especial o de Sílvio Santos.
Acertamos com sua mãe, sendo que deveríamos pagar adiantado o primeiro aluguel. A impressão que ficava era de uma casa abandonada, aonde faltava tudo, sem estrutura e que nós caíamos como a salvação momentania da lavoura.
Enfim, tinhamos a sede necessária, bem localizada, na boca das favelas, um sonho.
Na festa de inauguração, tivemos uma noção do que nos esperava. Assasinaram um coronel do exercito em Copacabana e a favela foi cercada, helicópetros e rock and roll.
Noite quente, muitos tiros, mas nada que nos pertubasse, rs.
Mais tarde tive a oportunidade de conhecer Wilsa Carla, ela gostou de meus “Blue eyes”, me chamava de anjinho barroco.
Tínhamos uma boa relação, pois sempre fingia que não percebia seu interesse por algo mais.
Aconteceu que passamos por um momento de dificuldades financeiras, voltávamos das férias de final de ano e atrasamos o aluguel por dois meses. Entrávamos em Abril, e parte da militância ainda não tinha voltado das férias.
Foi quando minha companheira, Carminha e Fabiana receberam o aviso da mãe de Wilza que ela queria “falar” comigo. Que tudo poderia se acertar no próximo sábado pela manha, bastava que eu quisesse,
Quando cheguei na sede era um riso pra cá, riso pra lá danado.
Até minha namorada achava que tinha que ir “acertar” o aluguel pelo partido.
Fiquei meio que perdido e sem graça, mas saiu quase como uma tarefa da executiva.
O tal sábado chegou.
Lá estava eu e meus pares. Descemos para nosso espaço.
Logo em seguida já se ouvia os gritos perguntando por mim.
Carminha me da um beijo apaixonado, me manda ir logo e passa a mão na minha bunda.
Subo as escadas sem graça. A porta aberta e sua mãe dizendo, vamos logo, ela esta te esperando. Subo mais um andar e chego a seu quarto, acompanhado por um faz tudo da casa.
A cena, Wilsa Carla sentada na cama de casal, de bebidol transparente, um quarto aonde não via janelas, muitas cortinas, panos e roupas penduradas e largadas pelo chão. Uma sensação de sujeira do ambiente, sujeira interior.
Sento de forma tímida na ponta da cama, e começamos um diálogo.
Derepente alguém fecha a porta do quarto, a sensação de mal estar e claustrofobia aumenta.
Wilsa, muito branca, pele cor de leite, sem sobrancelhas, me estica uma bandeja e me oferece uma rabanada, estávamos em Abril, imagine.
Levanta o já pequeno bebidol, e me pergunta se não acho suas dobrinhas iguais a dobrinhas de bebe.
Pega outra rabanada e me oferece novamente. A minha nova recusa, joga-se como uma felina sobre mim, arrastando cobertores, rabanadas, canela e açúcar, Não sei como, mas escorrego de seu desejo, acuado e com medo, sensação de estupro, fuga e gritando escada abaixo, aclamando por uma vaquinha que pague os alugueis atrasados.
Fiquei com fama de frouxo, mas aliviado e de bem com a vida.
Minha amiga Lucinha então entendeu porque depois disto passei a recusar as rabanadas, até em época de Natal.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Tanta chuva!!!!!!!

Tanta chuva!!!!!!!
e poças para atravessar
mãos para entrelaçar
sabores
para se trocar
fluidos
já a te molhar
desejos a te afogar
olhares
a te resgatar
sussurros
a realvoroçar
momento
de se entregar
aos pingos
do meu gargalhar...

domingo, 21 de dezembro de 2008

Um Ateu abençoado pelo Papa

Coisas para rir e contar.
Outro dia conversando com minha filhota Barbara, 15 anos, sobre religião, informei-lhe que apesar de ser ateu, era abençoado pelo Vaticano e por Deus. Coisa que ela não conseguiu atingir, apesar de suas inúmeras incursões a igrejas e templos religiosos.
Questionando-me, amaldiçoou-me por brincar com Deus e sua fé.
Então fui ao passado, buscar fatos não tão remotos.
Meu bisavô Almachio Diniz, intelectual Baiano, jurista, sociológico crítico literário, ficcionista, pouco lembrado agora, mas de muita projeção nos primeiros decênios do século passado, um dos dois grandes obreiros da Cultura Jurídica do Brasil, possui uma obra erudita e esclarecedora sob vários aspectos, atingindo quase 200 (duzentas) publicações.
Sua colaboração na imprensa, sua atuação política de vanguarda e de inconformismo, contra o regime de exceção de Arthur Bernardes (estado de sítio), aonde foi preso em casa por duas vezes, sendo que na segunda se recusou a se vestir, e foi levado de pijama aos quartéis do estado. Quando solto, após revolta e manifestações da sociedade e de estudantes, retornou para casa a pé, de pijamas, cruzando o centro da cidade, explicando a todos a arbritariedade por que tinha passado, e arrastando atrás de si uma enorme legião de ativistas. Estas e outras o fizeram um ícone entre os intelectuais brasileiros e mundiais .
Foi um dos apoiadores de Emile Zola, seu amigo pessoal, na luta internacional contra as injustiças e prisão do major Dreifos ( judeu )
Conta-se que nunca reprovou um aluno, pois afirmava que quem reprova é a vida, não ele.
Foi indicado duas vezes a Academia Brasileira de Letras, por intelectuais do porte de Silvio Romero, Coelho Neto, Ruy Barbosa entre outros.
Seu nome foi recusado nas duas vezes, por ter escrito um romance chamado “A carne de Jesus”, aonde citava um relacionamento amoroso entre Jesus e Madalena.
Livro este proibido e recolhido pelo Estado Brasileiro, a pedido da Santa Igreja Católica.
Por este livro, o Papa da época, Pio XI, o excomungou e a três gerações depois dele ( olha o ódio, rs )
Desta forma, eu Wellingtinho, 51 anos, já nasci excomungado, rs.
Mas meu outro Bisavô, Comendador José Rainho da Silva Carneiro, católico fervoroso, ficou incomodado e em cócegas com aquilo.
Como sua bela e tradicional família, fiel a doutrina católica poderia ficar pagâ de uma hora para outra.
Seus netos ( meu querido pai, entre outros, rs ) etc, etc, etc.
Foi dada a partida da negociação.
Procurado, o Arcebispo do Rio de Janeiro logo negociou com o Vaticano a Benção do Santo Papa para a família do Comendador e de três gerações após a sua também.
Neste caso, antes de nascer eu já havia sido excomungado e abençoado pelo mesmo Papa, rs.
Assim posso curtir junto a minha filhota o fato de ter a benção da Igreja, mesmo sendo um Ateu.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Lysâneas Maciel

A jornalista Hebe Guimarães lança seu livro descrevendo o perfil parlamentar do falecido deputado Lysâneas Maciel (RJ), que dedicou a vida à resistência à ditadura.
Este eu vou comprar.
Conheci Lysâneas por suas histórias, do homem indomável, audacioso, simpático e aguerrido companheiro. Com a construção do PT tive o prazer de militar a seu lado.
Muitas decisões, polêmicas e famosas, tiradas em reuniões da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), alimentavam o setor dos Deputados autênticos do antigo MDB.
A de 1976, em Brasília, foi aberta em clima tenso, no início de abril, na mesma data em que o Governo Geisel usava o AI-5 para cassar três deputados federais.
Em 29 de março, Nadir Rossetti e Amaury Muller ( meu camarada de Ijuí/RS) fizeram discursos no interior do Rio Grande do Sul criticando o regime. Foram cassados.
Os autênticos então resolveram repetir o gesto da tribuna da câmara, em Brasília, buscando um processo de enfrentamento
Ulysses e Tancredo intervieram, os convencendo a não se manifestar. Reunião tensa do grupo decidiu que ninguém deveria ir à tribuna. Geisel ameaçara cassar todos que fizessem isso. Lysâneas Maciel se revoltou e decidiu descumprir a orientação do grupo.
Enviou cópia do documento a ser pronunciado no dia seguinte para a gráfica da Câmara Federal, como de costume.
Discursos estes que passavam pelo crivo do serviço de censura do regime militar. Logo a casa toda estava alvoroçada com a notícia. Lysâneas iria falar.
Sofreu pressão de Ulisses Guimarães e Tancredo Neves, e da base de seu grupo (os autênticos) que já naquele momento fugia ao enfrentamento.
Foi então procurado pelos homens de óculos “ray-ban”, que o interpelaram afirmando que não fizesse aquilo, pois seria cassado.
A imprensa sabendo do fato, foi toda no dia do pronunciamento, "convencer" o deputado a não faze-lo, alegando também que o mandato estava começando e que não valeria a pena seu encerramento, pois as tropas federais já estavam a postos aguardando o momento de prende-lo.
Foi quando Lysâneas Maciel afirmou “ não fui eleito para estar deputado por 4 anos, mas para ser deputado enquanto aqui estiver. Eles que se expliquem, perante a história, por suas atitudes”.
Sozinho na câmara, subiu ao plenário, com ele estavam todos os lutadores deste país, apresentou o documento e foi cassado.
Virei fã de carteirinha. Um exemplo a seguir.!!!!!!!
Sempre criticou o regime ditatorial militar e lutou pela redemocratização do país, a abolição dos instrumentos excepcionais, a liberdade sindical, a convocação de uma Assembléia Geral Constituinte, a abolição da censura à imprensa e pelas eleições diretas em todos os níveis.
Foi candidato a Governador do Estado do Rio de Janeiro em 1982, pelo Partido dos Trabalhadores, depois de uma forte campanha popular, que ecoava nas greves e atos e reuniões do movimento, com o dizer “Lysâneas no PT”, que eu também ajudei a gritar, rs.
Lutou pelas questões ligadas aos direitos humanos, devendo ser recordado pronunciamento que fez contra a proibição, pelo Serviço de Censura Federal, da melodia "Apesar de Você", de Chico Buarque. Um verdadeiro poema seu pronunciamento!!
Lysâneas Maciel nasceu em Patos de Minas. Advogado e jornalista com pós-graduação em Legislação do Trabalho (Universidade de Mariland, Estados Unidos da América) e em Terceiro Mundo (Universidade de Genebra, Suiça). Foi Deputado Federal pelo MDB e PDT.
O Deputado Chico Pinto afirmou, "Lysâneas sempre foi o melhor e o maior entre nós. Pelo seu destemor e ousadia, pela sua garra, dignidade, postura política e humana, pela sua generosidade ... Nenhuma mulher há de parir um outro Lysâneas".
Faleceu em 6 de dezembro de 1999 no Rio de Janeiro (RJ).

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Rir por aí

Tem hora
que bate uma vontade
de andar
e rir por aí

Falar bem-te-vi
Marcar pra depois
um novo sorrir

Brindar a bobeira
beber brincadeira
bordar na poeira

Suores e risos
eterno improviso
um rosto de amor.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Tia Avó Inês

Silvia me disse:

“Por certo ela ( Vó Roma ) e Vó Inês eram irreverentes à época, só que por minha vó viver no interior sofreu muito preconceito de todos, porém os melhores anos de sua vida conforme ela mesmo contava foi no Rio na compainha de Tia Roma, que eu tive o prazer de conhecer, ver de perto sua sabedoria. Minha Vó Inês ao final da vida ficou amarga, mas eu aprendi a amá-la e compreendê-la.”

Agora estou com um pouco mais de tempo, e vou contar um pouco da Tia avó Inês e de minha avó, Roma.
A conheci no Rio é claro, afinal fui criado na primeira infância lá.
Sempre foi uma figura imponente, com opiniões formadas, agitado, a procura, sempre falando de um futuro em construção, com muitos planos, a idéia da idade parece nunca a ter atingido.
Foi com ela que conheci o lado místico da vida.
Já havia visto em filmes cartomantes e suas cartas, mas derepente na sala da casa de minha avó, se montava “algo” aonde se podia falar do futuro, dos sonhos, dos desejos secretos, dos medos e aflições.
Sua avó mudava o clima da casa, a cada carta, a cada olhar um novo suspense.
Havia momentos em que ela pedia que uns saíssem da sala.
Inês era muito sensível, experiente, e sabia controlar a cena.
Tinha vontade de experimentar também a sorte, tentar ouvir coisas boas e interessantes, coisas duvidosas, mas não tinha coragem de pedir, afinal de contas era um menino.
Como do nada, ou como quem lesse meus pensamentos ela falou que tinha chegado minha vez.
Foi ótimo. Tudo que foi dito caia como verdade absoluta.
No dia a dia “Vó Inês” era doce comigo. Sempre me chamava para sentar no braço da poltrona, e ficava me dengando em carinhos. Nós, os “netos” fazíamos a fila dos carinhos. Eu, Anne e Chris disputávamos os cafunés quase no tapa.
Isto mostrava um lado afetivo e de muito dengo dela. Eu como quase filho de gato, que adoro ficar me esfregando e reesfregando era companhia certa
Certa vez ela ficou sem dinheiro.
Então a noite conseguimos depois de muito custo, completar uma ligação para Belmonte.
Na época interurbano era o chique, rs.
Falamos com Alberto, seu filho, que se comprometeu em fazer uma transferência para o Banco Econômico de Ipanema.
Não me lembro, mas acho que foram três dias depois, nos preparamos para ir ao Banco.
Eu e Vó Inês.
Sentamos na mesa da gerencia, aonde fomos finamente atendidos.
Ela logo disse que seu filho Alberto tinha lhe enviado um dinheiro para , tal e tal coisa..
Prontamente o gerente pediu a confirmação da transferência e para agilizar o processo solicitou os documentos particulares de identificação.
Já haviam nos servido água e café, e o papo estava de primeira.
Foi quando “tia Inês” em um golpe rápido, sentindo dificuldade de encontrar seus documentos, levantou-se e pegou sua bolsa ( de tamanho bem razoável, quase uma sacola, rs) e despejou todo seu conteúdo sobre a mesa da gerencia.
Como um gato, o gerente salta para trás, e Inês se ajoelha ao chão comigo, olhando para o assustado gerente e afirmando que agora ela achava o que queria.
Tinha de tudo em tudo que é lugar nas proximidades, rs.
Até sobre a mesa.
Fingindo naturalidade, e saindo pela esquerda de forma escorregadia, nos desejou sorte e ainda nos mandou ficar a vontade.
Morri de rir, ficar a vontade, só se aproveitássemos para dar um cochilo, ou usar sua mesa para uma outra coisa.
Rapidamente o dinheiro apareceu, e o gerente sumiu, rs.
Com o charme de sempre, saímos e fomos lanchar.
Sinto falta de todos.
De minha avó Roma, de tia Inês, da Baba ( Vininha ) e de tia Estelita, minha bisavó e a sua, nem sei se você as conheceu.
Mas todas tinham suas istórias, e eu conheço algumas.
Amargura, talvez por solidão, mas acho que elas foram felizes. Tiveram como todos nós suas contradições, mas....quem não as tem.
Um fato talvez você não tenha reparado. Elas encerraram suas gerações. Foram as últimas a falecer.
Vamos nos rever prima.

sábado, 6 de dezembro de 2008

Receita da vovó

Uma receita de minha avó.
Começamos com
uma colher de humor,
duas de atenção,
três de irreverência
e um toque de poesia.
Uma pitada de lógica
apura o sabor.
Bate-se tudo com carinho
até chegar ao ponto de sonho.
Unta-se a forma com inteligência
Coloca-se no forno
em fogo brando
para um cozimento sem traumas.
Enfim,
uma receita pros momentos
mágicos da vida.