Então o orelhão toca, Da sala de TV, todos se viravam, na expectativa de receber uma ligação. Mas ela, a menina “muda” e praticamente imperceptível também tinha descoberto aquele contato com o mundo externo.
E como sua necessidade maior, talvez quase única, fosse receber “a atenção de ser lembrada” e procurada por alguém, acampou embaixo do orelhão, sendo a primeira a chegar e atende-lo. Sempre.
O problema, é que nunca a ligação era para ela.
A decepção, transformava-se em certa rancorozidade.
E de forma ríspida, afirmava que não conhecia a pessoa procurada, e em seguida desligava o orelhão, voltando a viver a expectativa de ser procurada.
A expectativa de uma nova ligação.
Que buraco é este, que dor é esta, que uma simples chamada pode curar?
Os meninos da sala de TV esbravejam, protestando ao longe, da atitude da “doida”.
O “bom” filme, basta para eles.
Me aproximo dela e do orelhão.
Ficamos os dois, sem ação, sem TV, esperando por alguém, por uma ligação.
Percebi então, que nem somos tão diferentes assim.
quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011
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