segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Os desejos antigos são tão novos!!!!


E já era entardecer no último domingo, quando liguei o rádio. Boa música ao Por do Sol é tudo de bom. Rolava um programa sobre a obra do mestre Cazuza e do grande Arnaldo Antunes. Dois poetas de grande sensibilidade, que refletiram em seus acervos a voz e o grito, de uma vanguarda.

Poderia citar “N” músicas, pois todas buliram em um pedacinho de minha experiência, mas em especial naquele domingo, Ideologia, trouxe de volta um bate papo de face book aonde percebia uma atmosfera de desilusão, depressão, falta de credibilidade, de vontade, falta do desejo pelo amanhã, perante a vida.

Pessoas que foram ativas, vivas, amadas, com histórias e histórias de buscas para contar, pessoas que trilharam a curva do arrepio, que venceram o “Cabo da Boa Esperança”, que enfrentaram governos e suas políticas de repressão, que ousaram descobrir seus caminhos marítimos; mas que hoje, entrincheiraram-se nos prazeres da sobrevivência.

Entrincheiraram-se numa visão míope, aonde todo o sonho é aqui, por medo do adiante, medo de se permitir amar, por medo de desilusões, por medo da realidade do efeito tempo. Da dita “falta” do tempo.

FALTA é o que não existe.

Ah!!!!!, vamos conspirar, construindo uma célula, da busca do prazer.

É foi bom deixar o Natal passar e recomeçar. Sempre!!!!

Os desejos antigos são tão novos!!!!!

É tão bom o frescor do ventinho no rosto quando se olha em frente. É tão bom ler, reler e derreter-se no dia a dia.

Sempre uns ficam pelo caminho, mas os pássaros nunca deixam de nos convocar todos, a viver, a cada amanhecer.

 

“Quase”


Falo com você, que achava, que tinha certeza, que podia “quase tudo” e se assustou com a vida.

É que a “lacuna” anterior ao tudo, às vezes vista, percebida por um ângulo diferente, passa uma sensação de imensidão. De cratera sem fim, sem bordas, sem apoio, sem termino.

Da medo. Frio na barriga.

Mas realmente a percepção que às vezes temos ao acordar, de que somente nós acordamos, que o “mundo e a vida” ainda dormem, e que não dormiram com a gente, assusta.

Os sustos, não são de tudo ruins, pois até curam soluços, previnem e alimentam o instinto.

Sim, pra quem já foi muito feliz, pra quem transpirou felicidade, prazer, o risco de saltar, como quem brinca de amarelinha, por cima do “quase”, para atingir o próximo portal, o do “tudo”, é mais um desafio.

É estar, por um LONGO instante, “quase” no ar.

É despejar o “tudo” na poesia.

É navegar por arco íris, em brumas de adrenalina.

sábado, 22 de fevereiro de 2014

Verão

Aqui em casa
venta muito.
Os ventos falam,
comentam, afirmam.

Desarrumam
e espalham os sentimentos.
Provocam frio,
desrespeitando o tempo.

Sentindo-me exposto,
fecho as janelas,
na tentativa  
de nada ouvir.

Ficam os sussurros
por traz das portas.
Tempestades...,
é verão.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Seguir na releitura


 

E foi mais ou menos assim, depois de cruzar a porta do quarto, assustei-me ao deparar-me com o estranhamente novo. Não!!!, quero dizer sim!!!, estava no corredor, o corredor lá de casa, o “de sempre”, mas o espelho que coloquei ali no fundo, nada mais refletia, pois tinha sumido. E o secador de roupas, que morava na área de serviço, estava dobrado e encostado a parede, do corredor, sem “jeito, sentido e lógica”. Avancei, com receio, um pouco mais. Mais voltei a parar, pois apesar de minha miopia, percebi uma mudança maior ainda em minha casa. Receio de seguir em frente, afinal, aonde iria chegar? O que acontecera? Senti medo, insegurança dentro de meu próprio “lar”. Percebi que deixava de ter domínio, certezas, em meu canto. Meu refúgio. As mudanças, outra disposição, da mesma velha casa, mexeram comigo. Pensei logo na cozinha e sua praticidade, no me alimentar, sobreviver; nos apoios “de beleza e graça” que criei em minha sala de estar..., “de bem estar”. Na distância que poderia existir entre meu fogão e a geladeira. Na necessidade de ter que mover-me, redescobrindo distancias, remensurando sentidos. Percebi que TUDO, mas tudo mesmo poderia ter acontecido. Era EU em minha casa, mas nada estava no lugar. Vivia o desconhecimento do conhecido. Mas será que realmente as coisas tem um lugar? Ou eu que as coloquei acreditando que foram feitas para ali? Desejo, vaidade e avaliação de um instante? Ah, que medo. Medo de um grande VISÍVEL desequilíbrio. Ah, que medo de não saber mais aonde me apoiar, meus móveis, meus pertences, minhas muletas, aonde estariam dentro de mim? Imóvel e a dois passos do quarto fiquei. Medo de seguir na releitura. Medo de tentar voltar e não reconhecer-me nem em meu quarto, em minha própria casa. Era eu sim, com medo de brincar, brincar sozinho, embalado com o eco do silencio. Brincar com pedacinhos, retalhos de muitos TODOS, peças de quebra cabeça.

 

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Rever-te


As pessoas percebem as explosões

porém a sutileza das implosões

não são percebidas

apesar de arrasarem.

 

Fico feliz do Natal ter passado.

Meu desejo para este ano...,

espero esperar,

conseguir escrever, desejar.

 

Vivo um luto,

uma perda,

de um sonho estrutural;

que desequilibrou-me...

 

Sobrevivente,

retorno sem estardalhaço.

Deixo este campo,

minado, sem visão.

 

Quero ver a vida passar

perceber as pessoas sorrindo

encantar-me com a graça

da poesia das formas.

 

Luto de gente viva

é perda, decepção.

Nas noites assombração.

Nos dias perseguição.

 

Mas a passarinhada acordou-me.

Sempre eles,

leves, coloridos e irreverentes,

apaixonantes a cada amanhecer.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Feliz Curso


Anuncias um curso

do seu instrumento,

o corpo.

 

Nadas promete

mas movimenta

paixão e impressão.

 

Percepções do desejo

passaporte às fantasias

assim te buscam.

 

Seu corpo vida   

fala no instante,

da respiração.  

 

No silencio movimento,

emociona,

quem vê.

 

Longe de um corpo artista

es artista do corpo, 

da êxtase.

 

Na sombra do ato

pensa a luz,

pensa o público.

 

Revelar o humano

dar leveza a dor

permitindo o inconsciente. 

 

Na dança

revela-se

e buscas respostas. 

 

Escreve poesia

com o suor

dando sentido a vida.

 

Feliz Curso.

 

 

 

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Quase agora

Em sua imensidão,
a madrugada,
permite-me
perceber melhor,
e quase folhear,
brincar de manipular,
a sensação do tamanho,
do volume,
da forma e do cheiro, 
a sombra
e o sabor
de meus sonhos.

O tempo,
em seu passar,
os fez menores.
Mas quem se importa
com o tamanho,
com o prazo de validade,
se a densidade
da idade
remete toda a busca
para o aqui,
para o mergulho
do, quase, agora.

sábado, 1 de fevereiro de 2014

Bordados de vida

Aqui chove,
molha molhado
e esfria a existência.

Vontade de descobrir
o universo
das possibilidades...

O universo
do aquecimento,
das re-possibilidades...

O aquecimento
em meu mundo,
minha enorme cama.

Acampar, morar,
eternizando a relação
com as vestes.

Que vestem
o TUDO aqui
perdidamente acobertado.

Emoções (en)cobertas.
Pedaços de panos
bordados de vida.