E foi mais ou menos assim, depois de
cruzar a porta do quarto, assustei-me ao deparar-me com o estranhamente novo.
Não!!!, quero dizer sim!!!, estava no corredor, o corredor lá de casa, o “de
sempre”, mas o espelho que coloquei ali no fundo, nada mais refletia, pois tinha
sumido. E o secador de roupas, que morava na área de serviço, estava dobrado e
encostado a parede, do corredor, sem “jeito, sentido e lógica”. Avancei, com
receio, um pouco mais. Mais voltei a parar, pois apesar de minha miopia,
percebi uma mudança maior ainda em minha casa. Receio de seguir em frente,
afinal, aonde iria chegar? O que acontecera? Senti medo, insegurança dentro de
meu próprio “lar”. Percebi que deixava de ter domínio, certezas, em meu canto.
Meu refúgio. As mudanças, outra disposição, da mesma velha casa, mexeram
comigo. Pensei logo na cozinha e sua praticidade, no me alimentar, sobreviver; nos
apoios “de beleza e graça” que criei em minha sala de estar..., “de bem estar”.
Na distância que poderia existir entre meu fogão e a geladeira. Na necessidade de
ter que mover-me, redescobrindo distancias, remensurando sentidos. Percebi que
TUDO, mas tudo mesmo poderia ter acontecido. Era EU em minha casa, mas nada
estava no lugar. Vivia o desconhecimento do conhecido. Mas será que realmente
as coisas tem um lugar? Ou eu que as coloquei acreditando que foram feitas para
ali? Desejo, vaidade e avaliação de um instante? Ah, que medo. Medo de um grande
VISÍVEL desequilíbrio. Ah, que medo de não saber mais aonde me apoiar, meus
móveis, meus pertences, minhas muletas, aonde estariam dentro de mim? Imóvel e
a dois passos do quarto fiquei. Medo de seguir na releitura. Medo de tentar
voltar e não reconhecer-me nem em meu quarto, em minha própria casa. Era eu
sim, com medo de brincar, brincar sozinho, embalado com o eco do silencio. Brincar
com pedacinhos, retalhos de muitos TODOS, peças de quebra cabeça.
segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014
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Um comentário:
O corredor...é um lugar que não é lugar...Está ali,mas parece solto,não pertencer à casa.Às vezes,é uma ponte que devemos atravessar,sem escolhas.E,quase sempre,é ali que costumamos parar quando a casa desaparece porque o corredor,este,está sempre ali.Os móveis mudaram de lugar...parece tão simples e tão comum,afinal, são móveis...Alguém bagunçou a ordem natural das coisas como em dia de faxina e a criança fica desesperada porque não está mais em SUA casa.E tem medo de brincar,de estar realmente sozinha ,amedrontada com os ruídos que a faxineira faz,com o silêncio que promete devolver tudo a seus lugares,com o terrível ruído do silêncio,pois ela não sabe se realmente a faxina já terminou...ABRAÇO!!!!!!!!!!!!!!!!!
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