Há quanto tempo você não vê uma criança
brincar de pique esconde? “Suzana Medeiros”
Se fosse só a falta
da brincadeira de pique esconde estava bom.
Falta o colorido dos
grupos infantis, falta a voz, o articulara da fala, a musicalidade da algazarra, O movimento
desconexo, do ir em velocidade para todos os lados, e o chegar "nos pontos" do
prazer. O explodir dos sentimentos, dos risos descontrolados, da efervescência
das buscas. Ah como é gostosa e única esta fase de filhote de gente.
Não falo de um
sentimento saudosista, de só valorizar o passado. Os meios de comunicação são
maravilhosos, vieram para ficar, encantam a todos, com sua rapidez, seu
colorido, suas infinitas possibilidades e não criam grandes contradições. São (quase)
uma unanimidade. Uma preferência internacional. Mas o equilíbrio entre as possibilidades é que dão a harmonia a vida.
O se relacionar ao
vivo e a cores, sim, fica cada vez mais raro e difícil.
O estar "conectado"
para o mundo em um ambiente fechado, te leva a sensação do prazer, do poder. Mas
deixa um oco, uma lacuna, que vai se alastrando, na solidão.
Aonde estão as
velozes bicicletas, que davam o ar de liberdade?
Que nos ensinaram a
medir a distância do perigo, de cada curva, de cada movimento. A medir a distancia dos medos, ou de se afastar deles. De sentir o
gosto da adrenalina, de curtir o corpo suado, em movimento, do outro, e alimentar
o desejo, por brincar mais, por amar mais.
Estão guardadas, bem
guardadas, sem perigo de roubo físico, só de ferrugem, só de esquecimento, só
da perda do direito das praças, das ruas, da vida.
Será que ninguém viverá mais a sensação daquele ventinho gelado no rosto, naquele
romper com o mesmismo, do pedalar, naquela sensação de chegar e partir, rumo
ao novo.
Quero brincar com você...
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