sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

“Fado Madrinho”

Voltava da casa de Lúcia, hora do almoço do dia 25, Natal, o transito tranqüilo, quase vazio, o espaço só meu.
A mente leve, podia dirigir sem nada pensar, só ver e sentir a amplidão de Brasília.
Seus canteiros, vazios apaixonantes, o cerrado verde, a vida a brotar.
Cruzei a ponte, a mais bonita, segundo alguns, e seguia em direção de casa.
Derepente vejo um senhor, acompanhado, levando um carrinho de mão, fazendo sinal para que parasse.
Um casal de idade, jeito de trabalhadores do campo, com um carrinho de mão, com duas abóboras grandes dentro.
Surgiram daonde? Mas eram concretos.
Parei o carro.
Numa auto pista,
Três vias de ida, três de volta, e eu, as abóboras, o carrinho de mão e o casal de velhinhos. Sozinhos debaixo do céu sem chuva.
Mas parei e observei os detalhes do momento.
Ele a pegou pelo braço, atravessou as duas pistas, com toda calma e atenção possível, passos lentos e firmes.
A deixou do outro lado. Sussurrou algo em seu ouvido e voltou.
Continuei ali, como se o mundo tivesse parado por um instante.
Ele voltou, em direção as abóboras, olhando para trás, esboçando um pequeno sorriso.
Pegou seu carrinho de mão, e cortou pela frente do carro rumo a companheira.
Quando se encontraram, parou, deu-lhe um beijo nos lábios, e seguiram juntos mato adentro.
Fui testemunha de um instante de muita cumplicidade, de carinho e amor.
Um casal, duas abóboras, e eu de “fado madrinho”, participando daquele momento mágico.
Segui viagem.
Tinha recebido meu grande presente de Natal...

2 comentários:

Amanda disse...

Caramba! E tem gente que ainda duvida que as coisas simples da vida não penetram o coração. Fiquei emocionada ao "ver" a cena tão bem descrita por ti.

Wellington Rainho disse...

Olá Amanda
Prazer.
Obrigado pela atenção.
Fico feliz em ter podido dividir contigo esta emoção, simples, do dia a dia.
Um grande beijo, e uma casa sem goteiras em 2009.