quinta-feira, 9 de junho de 2011

comprimidos de plantão

Tomei os comprimidos de plantão. Resistir a eles, já é difícil. Sucumbo então, tentando driblar a dor, tipo Ronaldo Fenômeno; pesado e muitas vezes sem coragem.

Existir dói, dói numa profundidade rasgada, imensamente imensa, aonde você sempre esta preste a perder o pé, a se perder afogado na solidão.

Sempre preciso sair de cena, pra escutar meu silêncio. Afinal, sou um acompanhado desacompanhado. Sou levado, pelos telefonemas, pelos esbarrões, pelas perguntas, pela maré, pelo vento, pela sede, pela lua. Me coço com as inquietações, então respiro e falo, falo, falo, até chorar.... em algum lugar.

Passo horas encolhido. Fingindo que o dia não amanheceu. Camuflo-me com o silêncio. Sinto-me incapaz, oco, sem voz. Morro aos poucos, no conformismo.

Confundo-me com as necessidades dos outros. Ocupam meus lugares, sem pedir permissão. Fico então em lugar nenhum, desejando voltar para meu quarto na clínica.

Busco voltar a me reconhecer. Fazer a barba, pentear os cabelos, cerzir minhas vestes, com linhas de sonhos, bordar fantasias, falar com gestos, iluminar a noite com o olhar.

Mas isto esta cada vez mais longe. O sangue pulsa nas veias, querendo derramar, tingindo as paredes, com falas, versos, poesia. O que me escorrerá, te alcançará. A gente acha que precisa, mas as coisas, são poucas. A leveza plaina. Linguagem beija-flor.

2 comentários:

Domenica disse...

O bom mesmo é viajar,sair da cena comum,dos esforços cotidianos,pensar num mundo diferente,com problemas iguais,de gente que sente.Não perder a capacidade de sentir...é um segredo,poucos conhecem.E de sonhar em outras linguagens,olhares diferentes dos nossos,como um mundo de cabeças para baixo,mas sempre em pé.Por que sofrer tanto?????E a alegris da aventura??"Viver é perigoso;mas a aventura é obrigatória"(J,G.Rosa)

Domenica disse...

Tanta tinta vermelha...Não pense mais nisto,por favor.É necessário o teu vermelho,guereiro,amigo,animador.ânima-dor.Não vês????Pequenas alegrias preenchendo o vazio,pequenos gestos,completando o não-lugar.Se há um tempo para sofrer,há a alegria do sorriso beija-flor,leve,breve e presente,por um monento,que passa,lento.ABRAÇO!!!Rô.