sexta-feira, 18 de abril de 2014

João e Maria (Idalina Bonfim)


João e Maria
Eu ouvia gritos
Parecia um pesadelo,
Era um pesadelo...
A cela fria, fétida...
Eu ouvia os passos
E cada um deles
Me fazia tremer,
Eu temia a tortura,
Queria morrer...
E João?
E nossos sonhos?
E nossos filhos?
Eles nem nasceram...
Nos arrancaram tudo...
A família, o trabalho,
Até os sonhos.
 
 

 
 
Eu ouvia gritos

Parecia um pesadelo,

Era um pesadelo...

E pavor,

descontrolados

gritos de dor,

física e moral.

A cela fria, fétida...

Eu ouvia os passos

E cada um deles

Me fazia tremer,

Passos nos movem,

nos levam

a outro lugar,

mas na paralisia,

na dor profunda

optamos pelo “menos”,

pelo inexistente,

menos pior.

Eu temia a tortura,

Queria morrer...

pois o instante

sangrava!!!

E João?

E nossos sonhos?

E nossos filhos?

Perdemos o desejo,

vivendo saudades

das possibilidades,

do que não tivemos.

Eles nem nasceram...

Nos arrancaram tudo...

que poderia brotar,

germinar

a cada amanhecer...

A família, o trabalho,

a leve e gostosa

rotina de felicidade...

Até os sonhos.

Até...

quinta-feira, 17 de abril de 2014

PRESSENTIMENTO


O que me dizem sobre o pressentimento?
Suzana Medeiros

O efeito de pressentir, é meio instintivo. A gente suspeita, levanta possibilidades, no ato da busca pela vida.
Às vezes o palpite é simples, resolve-se na loteria, na banca do bicho, na corrida de cavalo... Neste caso é mais fácil. Porém quando vivemos dramas, um sentimento hipotético, que move e remove ideias, que gera cansaço, medo, expectativas, depressão..., a koiza pega.
Pressentir o momento – PRESSENTI-MENTO - a flor da pele com senti-mentos desconfiados é duro.
A suspeita movimenta a mente e o silêncio, causando sensações “estranhas”, nos trazendo advertências, e até punições em cima de possibilidades, não desejadas. De circunstância vira presságio.
Culpa ou “capacidade sobrenatural” de se prever o futuro? É informação, mas é empírica, é advertência mas é do medo, do amanha...
Prefiro os sonhos leves, com sorvete, brigadeiros, cafune ao luar, com toque na emoção.
Prefiro os sonhos de minhas convicções, que aflorem meus desejos, que derrubem "Bastilhas", que despenteie as emoções...

 
 
 

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Cheira liberdade


O tempo passaaaa...
mas o sentido

e a necessidade

de liberdade ficam.

Ser livre

é levemente,

plainar na poesia.


A liberdade,
esta no ato

do desejo,

na capacidade de romper

com o incomodo,

a repressão

e exploração.


O ser livre
é partir rumo a busca,

aos sonhos e fantasias

ao fetiche liberdade,

da livre organização,

dos voos infinitos,

da sensação de ser.


A chuva como a vida,
surpreende as intenções.

A sabedoria nos permite

ser felizes molhados...

O tempo firmou,

e o amor

cheira liberdade.

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Ensaio



Ainda sinto

o seu sono,

no meu corpo,

levemente lesado.

 

Puxo a coberta

de seus sonhos,

e tento me aninhar,

na ternura.

 

Na procura,

me aquecer.

Nada acabou,

não amanheceu.

 

E na umidade do amor,

ainda restava

toda a raspa

de poesia.



 

domingo, 13 de abril de 2014

Elegância

" Um homem com uma dor
É muito mais elegante..."

Muito...
talvez o motivo,
seja reflexo de um acaso,
de "um" guarda roupa.
 
De uma moda,
ou de uma tendência,
de um sentimento,
perdidamente mal entendido.

As dores devastam,
e os cosméticos
não  "evoluíram" o suficiente,
pois não maquiam a alma..

O elegante é só,
e desfila...
Enquanto a DOR
desarruma as gavetas.

terça-feira, 8 de abril de 2014

Soltando Pipa




Dei linha
quando a ideia

era dar um tempo.

E a pipa
neste céu

de sol se foi.

Dei um tempo
quando não tive ideia

apesar de minha ventania.

segunda-feira, 7 de abril de 2014

“EXPECTATIVA”


A “EXPECTATIVA” é uma eterna obra, viva, sempre trabalhada, apreciada, desejada, mas nunca definitivamente acabada.
Uma das KOIZAS que acho gostoso, neste eterno quebra cabeça da vida, é este lado artístico, de escultor, que todos nós temos. 

É gostoso,
e gracioso
o eterno brincar
no quebra cabeça
do dia a dia.

Este lado artístico,
de esculpir caminhos
de desvendar saídas
cria eventos
a fantasia.

Expectativa
é uma obra
apreciada e desejada,                                                                 
mas sempre                                                                         
mutantemente inacabada.

Será no balé da rotina                                  
que manteremos ou não
a sutil arte
dos movimentos 
da coreografia do viver.

Leve toque da poesia

Quando a fala,
é a distância,
perdemos o sentido da visão.

Sobrevivemos
sem a leveza dos gestos,
dos largos sorrisos de um olhar.

Fica fragilizada a procura,
a companhia, 
o diálogo.

Transformo aí
meu  desejo
em inspiração.

Por isto sobrevivemos
no leve toque,
da poesia,

Sem beijooo
e frescor
de maresia.

domingo, 6 de abril de 2014

Lembranças de 1968


Este ano, me faz lembrar 1968, logo após minha chegada a Brasília. Naquele ano chovia assim, muito, de montão. E eu, não sei se impressionado com o tempo político, ou com o sentimento de solidão, no “novo endereço”, olhava estático pela janela, era a força da chuva constante, o movimento da correnteza, que lavava e arrastava, tudo que um dia houve.

 

Era Brasília

e suas chuvas,

a vida

e suas chuvas,

com suas gripes.

 

Como se o belo

fosse universal.

Como se existisse

o universal,

num temporal.

 

Continuo

a garimpar diálogos.

Necessito

de interagir a alma,

falar minhas inquietudes.

 

Como tudo descansa,

como a chuva molha.

Ser corajoso cansa.

Suga, enxuga a vida,

provoca exaustão.

 

As prioridades  

são determinadas

pela ansiedade.

Com chuva

sem guarda chuva.

Ah, o e-mail...?



                                          “Tão descaradamente trocado pelo face book.
                     A vida real..., medrosamente trocada pela virtual???????”

Quando entrei no face imaginei uma nova ferramenta de encontrar pessoas. Aquela ideia do micro BLOG. Da agilidade. Mas na pratica, não passa de uma “PRACINHA” virtual. Um local de roupas domingueiras, passeios com o “CACHORRO” para cumprir algumas necessidades fisiológicas, local de fotos e imagens bonitas, aonde até a lua passa, mas NÃO nos banha com a poesia do luar, em uma superficialidade de quase só aparências, de pequenas citações de grandes pensadores, de um mundo sem muitas contradições e polemicas.
Aonde os mocinhos e bandidos são quase censo comum. Aonde se chega sozinho e certamente se sai SÓ, e meio a francesa, sem ser notado.
Perceba, na prática, se não trabalharmos a questão da fala, da escrita, do escutar, fica tudo sem sentimento, fica como andar de bicicleta.
Todo mundo sabe, todo mundo gosta, mas pouquíssimos tem uma, e se a tem, não vencem a ação da inercia para desfruta-la.
Já perdi o enorme prazer de receber uma carta, mas quero e vou preservar o ato de me corresponder, a correspondência eletrônica, tenho e terei e-mail, wellingtonrainho@gmail.com


sábado, 5 de abril de 2014

Grafite

 
 
E na leveza do traço,
forma-se,
seu rosto. 
Pura expressão.

Ganhas forma,
ganhas vida
com grafite
e papel.

O brilho do olhar,
que corre
envergonhadamente
atento.

A boca,
fechada,
promete
mais que falar.

Belas maças
no rosto.
Frutos a colher
com emoção.

sexta-feira, 4 de abril de 2014

CASO SÉRIO



 

Jovino Machado:

"_dinheiro de poesia se gasta na orgia!!!"

 

Jurandir Barbosa:

"_como sou poeta de nenhuma fama

sou dos que irão morrer na punheta

pois a poesia só me leva a pouca grana"

 

Wellington Rainho:

“_a poesia tem signo, é de libra. Colocada na balança, pende a nos levar a grana, mais nos equilibra na punheta da orgia, com a leveza da inquietude, com a cor do querer, com o gosto avido do prazer.
Ser poeta, beira a ser bruxo, pois voamos sem vassoura e vivemos em um caldeirão de pura emoções”

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Separadamente juntos.

Aquele velho sofá,
de tantas noites.   
cúmplice de tristezas
e de alegrias.

Às vezes pequeno
para me abrigar,
Às vezes enorme
para nos aninhar.

Preservo
meus cantos,
instintivamente,
soltando a voz.

Tento resgatar o "belo",
o que me agrada.
Procurando
o juntos.

É mais fácil
a busca
no saber escutar,
de quem fale comigo.

O silencio é bom,
interage com a gente,
mas a cumplicidade
não atingimos na solidão.

Separadamente juntos.
somos filhos,
"de parte",
da mesma geração.

Acordo encantado,
buscando um abraço longo,
nos lençóis da poesia
nos beijos da eternidade.

Quero lenha
ardendo no meu peito,
quero calor
em todas as emoções.