Brasília, 8 de maio de 2006
O partido cresce, e o número de pessoas a nossa volta também.
Todos os dias sento com mais pessoas, ouço reclamações, desejos, anseios, sobressaltos, soluções e sonhos.
Ouço sobre os filhos, sobre a escola, sobre a sexualidade, a mulher, o marido, o amante, o desemprego, o cachorro do vizinho, a conta bancária.....
Ouço a vida, com seus choros e sorrisos.
A pouco um militante nosso se acidentou, e entrou em estado profundo de coma.( Múcio )
Logo depois, Breno, viveu a agonia de seu pai no Hospital por 3 semanas. O mesmo veio a falecer.
Hoje fui surpreendido por um telefonema de São Paulo.
Só que realizado daqui de Brasília mesmo. Do Hospital de Base.
Era da irmã da "Maria da Chuva"; uma senhora que passou de forma meteórica pelo PSoL.
Como vindo do vento, Maria da Chuva apareceu a porta do partido, chamando meu nome, como se velhos amigos e camaradas já fossemos.
Contou-me sobre sua luta na periferia da cidade, aonde ganhou o apelido por causa de um enfrentamento pela reconstrução de algumas "casas/barracos" derrubadas pela chuva.
Cantou marchinhas e apresentou propostas de slogans para o partido. Sempre com o sorriso e alegria como marca registrada.
Uma mulher de luta, determinada na certeza que estava na sua trincheira de classe, entre os seus.
Um dia me ligou dizendo que não estava bem e faltaria a atividade.
Sumiu como vento que a trouxe.
Até o telefonema de hoje.
Sua irmã me contou que ela estava com cancer na cabeça, e intestino, entre outras coisas. Que seu estado era terminal, e que será removida para Santos amanha de manha.
Pediu minha presença.
Fui até lá com o companheiro Júlio Cesar.
O brilho nos olhos, o prazer do significado do reencontro. Ali ela dizia/explicava a sua irmã sua opção de viver as lutas sociais, que apesar de não ter constituído família de sangue, como filhos ou maridos, tinha os companheiros das conspirações, dos enfrentamentos, alguém que ela poderia passar o bastão, como quem faz uma prova ( corrida ) em equipe.
Ali destinou sua casa e uma loja no Jardim ABC, aonde tem um Serviço Social para o nosso partido.
Relatou-me, indignada, a situação da Saúde Pública no Brasil. Que estava totalmente abandonada dentro dos corredores do Hospital.
Sem lençóis, travesseiro, remédios, etc.
Citou uma reportagem da revista veja aonde Lula afirma que a Saúde Pública esta a beira do ideal.
Contou-me com lágrimas nos olhos, que o médico a dois dias atrás lhe disse "na lata" que estava com um tumor na cabeça e intestino, e que não era o caso de fazer quimioterapia.
Relatou-me como desumana a falta de respeito pelo cidadão.
Pediu ajuda para a irmã, pois nem sentar esta conseguindo, e me mostrou seus escritos no Hospital, relatando sua agonia, através de um diário.
Sonhando em poder publicá-lo, para denunciar, e impedir que outros venham a passar por aquilo.
Vi Maria da Chuva, acabada fisicamente, com os braços roxos, largada em uma maca em um corredor do Hospital de Base, com registro de internação na Enfermaria 5.
Tenha no PSoL de Brasília a continuidade de sua luta.
Um beijo e a certeza que o bastão foi passado.
Camarada Maria da Chuva, quero poder te rebatizar como
Camarada Maria do Sol.
terça-feira, 16 de setembro de 2008
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