domingo, 27 de março de 2011

10 de abril de 1992 * 25 de março de 2011

Não sou muito ligado em datas, apesar de saber os aniversários de nascimento de meus pais, meus filhos, avós, bisavós, tios, primos e algumas pessoas com quem me relacionei. Sexta passada foi diferente. Estava na justiça, homologando um acordo de separação. Registrando uma nova data na minha vida. E tudo começou com o reconhecimento da união estável em 10 de abril de 1992 e o fim da mesma, sacramentada pelo acordo judicial, em 25 de março de 2011. De um lado, bem vestida com roupa social, minha "ex" Leila, em companhia de suas 3 advogadas, bastante articuladas, preparadas para um “confronto”. De outro eu, com minha mãe, tensa e também preparada para o tal “confronto”, além da ajudante de minha defensora pública. Fui ator e espectador da cena. Durante o tempo de 5 horas que ficamos no Fórum, houve provocações, demonstrações de intolerância, de não confiabilidade na outra parte, de tentativa de guiar a lógica do outro, etcssssssssss..... Me veio a imagem do dia em que revi Leila, em 1992, depois de uns 8 anos fora de Brasília. Alegre, leve, com um belo sorriso, me chamando de sumido. Deste momento a estarmos morando juntos, foi menos de 2 meses. Via nela uma militante guerreira, companheira das atividades partidárias, uma pessoa que como eu, afirmava que queria construir um relacionamento estável. Vieram os filhos, uma casa, e outras tarefas, diferentes das tarefas partidárias. A vida trouxe contradições, nada anormal. Elas sempre vêm, e através delas crescemos. O problema se instala quando não damos atenção à fala e a necessidade do outro. Quando achamos bobeira, algo sem importância, o olhar triste, a decepção, o limite, a identidade perdida. Quando pensamos que representamos a verdade, a maturidade, o equilíbrio. Que a experiência do outro, é perda de tempo. Que não levará a lugar algum. Que o jeito bom, de vida, de casa, de horários, é os que trouxemos conosco. E derepente Leila se emocionou e chorou, Deu vontade de chamá-la num canto, dar as mãos, e olhar nos olhos, falar com os olhos...., com o gesto, pois com as palavras ficaria difícil, pois o idioma é outro. A audiência acabou, e com o fim, veio um cansaço pesado junto ao termino. Os advogados perguntaram a certo momento, se os bens a dividir eram os citados. Concordamos em não colocarmos os amigos, as histórias, os sorrisos.... A separação é a ratificação de um projeto de vida que não deu certo. De uma incapacidade, de uma derrota, de um fim. Mas a vida segue, os aromas envolvem, as cores encantam, e o amanha desafia.

Um comentário:

Anônimo disse...

Poeta,
Não há como viver tua experiência singular; eu, porém, vivo algo parecido. Em 1992, conheci aquele que foi meu companheiro, meu ídolo, meu amante, e que é ainda meu amor e ex-marido. Infelizmente, as relações não vêm, como os perus de Natal, com um apito que nos indiquem quando estão no ponto.Fiquei pensando exatamente nesse momento ímpar e disjuntivo pelo qual terei de passar.
É fácil dizer oi. O adeus ainda está trancado na garganta.