domingo, 10 de fevereiro de 2008

Finge que não

Sabe

Me perdi novamente na madrugada

Pois o .telefone religou.

E com ele o teclado também

E os grilos, o silêncio, os latidos.

O vídeo dorme em cima da TV.

A TV falando para ninguém.

Tudo isto meche comigo

Que sede,

tenho vontade de beber o mundo.

Abrir o tarô e começar uma prosa.

Recitar uma saudade.

Sussurrar uma verdade.

Daquelas que ninguém ouve,

ou finge que não.

wellsol

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Máscaras

Neste carnaval,
Quero poder brincar
Me perder
Sem norte ou sul
Me ensopar de suor e chuva
com a mais bela fantasia,
Você de Colombina,
e eu de Pierrô.
mais com a certeza
de que nunca
usaremos máscaras.

wellsol

"docê"

São poucas as certezas,
uma delas,
é saber que independentemente
da lógica,
Dos desencontros e encontros,
sempre terei o teu entrar,
sem permissão,
abusado,
falando das certezas e incertezas,
dos choros,
dos sonhos,
das vontades,
das noites mal dormidas,
dos pesadelos,
ou dos prazeres.
Falando “docê”,
pronta para me ouvir.
Obrigado.
Um cheiro animal.
Um beijo anormal.

wellsol

Chicabom

Quero falar sério com você.
Falar de "chicabom".
De chocolate.
De chupar, de namorar, de beijar.
Alguma coisa assim,
alguma coisa assado.
Coisa da madrugada.
Coisa de amanhecer.
Koiza de se envolver.

wellsol

Voar como os Beijos

Aqui chove.
Mas gosto do dia.
Do visual.
Somente eu e os pássaros.
Tenho até vontade de voar
Acho que vou voar.
Voar como os beijos.

wellsol

Imigrante

Estava em NYC.
Só que desta vez nada corria como antes.
A crise que atingia o mercado americano já se refletia na 47 street.
Os joalheiros também rebolavam e tudo estava parado.
O que fazer? Retornar ao Brasil, podendo ser barrado pela alfândega brasileira com produtos genuinamente nossos, com o prejuízo da viagem ou dar tempo ao tempo e colocar aos poucos a mercadoria que tinha.
Optei por ficar, tinha que alugar um local, arrumar emprego, etc.
Consegui um apartamento, se é que posso chamar assim, no subsolo de um prédio, no bairro de Mirtle, fronteira do Brookin com o Quenns.
População espana e negra.
Peguei emprestado com um padre italiano, que morou no Brasil, $ 1.500 para pagar um mês de aluguel, e dois meses de depósito, isto dispensava o fiador.
Mas tinha 6 semanas para pagar a dívida pois meu amigo de batina retornava para Itália, e eu havia o conhecido no meio da rua.
Fiz as contas com Mário ( meu amigo de América ), e vimos que dava para devolver o dinheiro no prazo desde que tivéssemos uma economia de guerra.
Comprava-mos a passagem do metro a atacado ( para a semana ),
andávamos um longo trecho a fim de evitar o ônibus ( e economizar ).
Podíamos almoçar somente dois pães de alho ou cebola. Tínhamos esta rica opção.
Em casa, foi chegando amigos oriundos da terrinha. Todos desempregados, porém com o hábito de comer também, rs.
Nosso cardápio era arroz e frango, ou arroz e carne de peru ( é mais barata ) moída.
As semanas foram passando, e o animo acabando.
Trabalhávamos na construção civil, trabalho pesado, com pouca reposição de energia.
Eram dois metrôs para ir, mais um ônibus e um bom trecho de marcha.
Fiquei magrinho, rs. Elegante. Mãos cascudas.
Enfim chegava a sexta semana, o inferno ia acabar. A dívida estava solucionada. Voltávamos para casa daquela vez com outro animo.
Mário falava, ria.
Começamos a sonhar com o que iríamos fazer na sexta que vem.
As propostas eram as mais diversas.
No meio a tudo isto, vestidos que estávamos de mendigos, e esfarrapados ( vínhamos com as roupas de trabalho ) , Mário contabilizou um sonho.
Dava para pagar o padre, guardar o dinheiro das passagens da semana seguinte, o dinheiro do pão, e ainda nos sobravam moedas para que pudéssemos comprar duas barras de chocolate.
O sonho estava realizado.
Nós na América, e comendo chocolate americano, pela primeira vez, após seis semanas. Daquele que víamos nos filmes.
Fazíamos a baldeação de metro no subsolo do Word Trade Center.
As torres gêmeas, que caíram.
Corremos como dois meninos direto para uma banca de jornais e doces de um senhor Afegão, daqueles com turbante e tudo.
Apontei para as barras de chocolate ( o inglês não ajudava ) com a aprovação de Mário pela escolha, e indaguei o preço.
Ele respondeu, contamos as moedas nas mãos. O valor era insuficiente. Faltava uns tostões.
Mário desabou com um semblante de depressão imenso. O silencio era total. Decepção. Um pequeno sonho. Uma pequena vontade. Fiquei meio desnorteado também, e sai gritando atrás de Mário, "não chore". Volte aqui. Vamos comprar pelo menos um chocolate.
Sem perceber o Afegão abandonou seu posto na banca, e aos berros correu atras de nós, dois imigrantes como . Chegou com duas barras de chocolate, que tanto queríamos, como presente. Recebemos o chocolate, e um abraço forte.
" Go, go", ele falava. E fomos, descobrindo um pouco da solidariedade dos imigrantes desta América de estrangeiros.

wellsol>>>01/11/2004

Sapo

APROVEITE.
Afinal, continuo com o humor alto
Assim, passeio sobre as nuvens,
por cima da CHUVA,
fugindo dos buracos,
observando o que chamo de CASA,
me sentindo LIVRE,
só porque tenho a imaginacão solta.

TUDO posso, quase tudo.
De MORANGOS ainda fujo.
Mas pra quem SEMPRE tomou SORVETE gelado,
o fato de brincar com o contraste
do quente ou do frio,
do bom ou do mal,
não me traz muitas novidades.
Só ansiedade.

DE PRESENTE PRÁ VC,
trago algo especial.
Um CABIDE.
Com ele, criarei um espaco alternativo,
fora da tela do qualquer computador.

Vou me pendurar em seu armário,
em cima de todos aqueles sapatos,
vendo sua cama, já desarrumada,
vc deitada, desconfiada,
acomodada na madrugada.

Assim me sentirei como um sapo enfeiticado.
Ele a espera de um beijo, para tornar-se principe.
Eu a espera de um click para tornar-me um mininu.
Mininu chorão ,
que quer um beijão.

Horas, bolas

Ah, como chove, tão maravilhoso se não fosse trágico.
Meu carro está lá na 302 Sul, e eu aquí no Conic, com os DVDs do meu irmão para entregar, sem coragem de delirar pela chuva como um menino apaixonado.
Só penso nos Cr$ 18,00 de multa, e todo amor que sinto por vc me foge a cabeca como a água foge pela boca de lôbo.
Ah paixão e chuva.
Ah tesão molhado, enxarcado, pesado sobre um corpo totalmente arrepiado.
Ah meus dezoito reais, que poderia pagar aquele sorvete de chocolate,
que deixaria sua lingua gelada, adocicada, enfeiticada, energizada.
Ah lingua, ah beijo que não darei.
E a chuva, e todo molhado da madrugada, e todo trovão que grita, berra,
e se anuncia como o ser.
E eu.
Respiro fundo, se não vou contigo, tbm não fico
Me vou. Vou secar a ressaca de um fim de dia.
Procurar as pocas, e perceber se os postes da cidade estão ou não
perpendiculares ao chão.
Ninguém se preocupa com isto.
Ninguém se preocupa com quase nada.
E com os postes então?
Nem os cachorros, que alí fazem pipi.
Me perco, me acho, me vou.
Não tenho relógio, somente tenho horas.
Horas, bolas

wellsol 26/10/2004

Do arrepio...

Meio que rugindo,
acreditando ser um leãozinho,
meio que sorrindo,
feliz pelo final de semana,
vou pedalando, bicicleta nova,
paisagem densa, verde,
um mundo pela frente a desbravar.
E lá vem LUNES, segunda,
o início de um reinício.
Sexta feira, depois de muito conversar,
deparei-me com a lua,
abaixo dela não o mar como em meus tempos de Rio de Janeiro,
mas o cerrado, com sua aparência organica,
curvas que contam a história de uma vida,
vida de lutas pela sobrevivência.
Lutas pela água, pelo sol, pela lua.
E eu, pelo arrepiado.
Meio leãozinho, arisco,
pronto para o bote do amanhecer.
Me entrelaço com o cerrado.
Corro, buscando construir história.
E vem o MES, o de Novembro.
Que venha Dezembro.
Rompo ano, rompo as amarras,
os caminhos que a lugar algúm levam.
E por comodidade por ele passava.
Que venham as novas trilhas,
que as luzes se ascendam ao fundo dos túneis.
Que chegue a legalização,
e que nós, senhores do inconstitucional,
brindemos a revolução.
Do pessoal ao social.
Ao direito do arrepio.
Do pio.
Do....

wellsol 07/11/2004

Cochilar

well sol wrote:

Que o poder cochichar,
confidenciar,
susurrar,
se eternize em nossa relação.

Que a leveza
do brincar,
se perca
nas ações.

Me vou,
para voltar sempre.
No click,
e na vida.

wellsol 06/03/2005

Pai e filho

well sol escreveu:

É mágica a relação da intimidade entre "pai e filho". A troca de carinho, dos toques, da voz terna, a troca de esperiências seguidas das eternas perguntas.
Em seguida a contemplação de seu filhote dormindo.
Mistura de um depósito de sonhos, de um recarregador de energia, de um motivo de viver.
Ser sencível em meio a rotina. Digerir, vibrar e valorizar nossos filhos, nossos amigos.
Beijinho.

wellsol 07/05/2006

Surpresas

Entro este ano novo caminhando.
Buscando,
suando desejo.
Neste ano farei meio século de idade,
brincando,
diblando o vento,
e simplesmente sorrindo

wellsol 02/01/2007

Como a vida nos prega surpresas
As vezes boas
As vezes surpresas
Poderia considerar que ganhei de aniversário um tumor
Mas meu grande presente
Foi perceber o carinho,
atenção e emoção
dos meus... 09/02/2008

Minha querida Leila

Brasília, 18 de fevereiro de 2006

Você chegou a pouco com a Bambinha.
Percebi o quanto ela estava feliz
em mais uma experiência “de adulto”.
Breno também gostou muito de poder brincar na rua à noite.
Chegou quase a chorar qdo o proibi de ir com os amigos,
por um instante voltei ao passado,
percebi que a cena se repetia,
só que desta vez sendo meu filho o personagem.
Voltei atrás,
apesar de sentir insegurança de saber que ele estaria ali na rua,
à noite, “longe” de meus olhos.
Mas o argumento de que todos brincavam,
e o relato de que os “novos amigos”
pela primeira vez o aceitavam em uma brincadeira,
me permitiu reescrever um instante de minha vida,
através de meu filho.
Vocês foram dormir,
porém minha inquietude,
me presenteou com carinhos,
e ternas palavras de meu filho,
chamando-me a voltar a dormir.
Trocamos olhares apaixonados,
e toques, numa sintonia única.
Percebi então que precisava tirá-lo de meu lado,
pois nosso filhote precisava de tranqüilidade para voltar a dormir.
Convenci-o a ficar contigo o restante da noite.
E lá foi ele, com seu cobertor.
E dormiu quase que instantaneamente.

Quando falei ao telefone com você,
informando de que não estaria em casa,
e sim no celular, acompanhando Breno,
percebi a forma educada e social,
como você me trata em frente aos seus amigos.
A forma como você se comporta e age.
Tenho certeza que lhe faz bem.
É ótimo podermos trilhar uma conduta pré determinada,
que nos conceda segurança e estabilidade.
Percebo também o quanto lhe faz bem este convívio social.
A forma que você se empolga,
contando suas coisas,
descrevendo detalhes,
sorrindo e reverberando suas experiências.
Infelizmente não temos a mesma sintonia.
O desgaste da relação,
carregado dos problemas,
juntamente com a falta de respeito ao colocar os pensamentos,
cria “soluções” administrativas como a divisão das despesas.
Tal decisão, é o reconhecimento de que o diálogo não existe
e que é difícil recuperá-lo.
A afirmação de que “desvio” dinheiro para fora de casa,
ou é mais uma tentativa de magoar,
ou uma declaração de que realmente você não conhece mais,
ou nem nunca conheceu,
a pessoa com quem vive.
Torço sinceramente que você tenha tentado me magoar.
Caso contrário,
também não te reconheço mais.

Não te culpo por nada.
Dizer que não tentamos muito seria mentir.
Realmente nunca incorporei a imagem do companheiro trabalhador,
vendedor de horas,
como todo mundo.
Membro de uma categoria específica.
Você sempre foi propositiva,
me indicando concursos,
tentando projetar uma vida,
um modelo de estabilidade.
Mas nunca percebeu que sou diferente.
Nunca respeitou as minhas diferenças profissionais.
Meu ritmo de vida.

Realmente também nunca incorporei o amante que você buscou,
ou precisou, por vários motivos alegados,
mas a verdade é que seu balanço de mim é negativo.
Realmente nunca incorporei a sua estrutura de uma casa,
de seu cantinho, que você projetou.

Aprendi a me calar em frente às diferenças,
tentando evitar atritos.
Porém e infelizmente,
muitas vezes meu silêncio ecoava como um grito.
Um grito de desespero.
Desculpe-me.

Realmente muitas coisa fizemos juntos.
Ontem Breno me disse que o que ele mais gosta
é da família que tem.
Me veio a imagem do desespero dele
quando a Bambinha torceu o pescoço.
Entendo o que ele e ela falam.
O patrimônio, a segurança,
o alicerce deles perante o mundo é a família.
Demos uma estrutura material privilegiada a nossos filhos,
apesar de você hoje mesmo depreciar a mesma.
Demos um relacionamento de primos, tios, avós e amigos.
Demos uma sensação de segurança.
Uma moral de classe.
Exemplos em atitudes perante a vida.
Demos experiências aos dois.

Entendo e percebo toda sua infelicidade,
seu desespero.
Só não entendo porque você me culpa “por tudo”.
Por sua infelicidade.
Porque você me agride sempre.
Eu não sou nem nunca fui seu inimigo.
Muito pelo contrário.
Muito mesmo.
Minha querida Leila,
reconheço minha incapacidade diante de tudo isto.
Torço por você.
Infelizmente neste instante
só tenho lágrimas nos olhos para lhe dar,
e uma enorme sensação de perda.

Sei que vou reinventar o sorriso.
Sou assim.
Espere de mim sempre um gesto amigo,
um beijo, uma mão.
Vou tentar dormir.
Felicidades.

Expressar

Como é bom poder falar
Me expressar
Interagir, ignorando as fronteiras
Pedalando a vida
Desejando a revolução do "eu"
Do coletivo
Fechando os olhos e percebendo o vento
O prazer do vento no rosto
O ter rosto
Um beijo no coração
Porque uma lambida pode fazer cosquinha
E provocar tesão

01/07/2005

Tempero

O amor,
é simplesmente um tempero,
de um prato popular,
chamado vida.