sábado, 9 de fevereiro de 2008

Horas, bolas

Ah, como chove, tão maravilhoso se não fosse trágico.
Meu carro está lá na 302 Sul, e eu aquí no Conic, com os DVDs do meu irmão para entregar, sem coragem de delirar pela chuva como um menino apaixonado.
Só penso nos Cr$ 18,00 de multa, e todo amor que sinto por vc me foge a cabeca como a água foge pela boca de lôbo.
Ah paixão e chuva.
Ah tesão molhado, enxarcado, pesado sobre um corpo totalmente arrepiado.
Ah meus dezoito reais, que poderia pagar aquele sorvete de chocolate,
que deixaria sua lingua gelada, adocicada, enfeiticada, energizada.
Ah lingua, ah beijo que não darei.
E a chuva, e todo molhado da madrugada, e todo trovão que grita, berra,
e se anuncia como o ser.
E eu.
Respiro fundo, se não vou contigo, tbm não fico
Me vou. Vou secar a ressaca de um fim de dia.
Procurar as pocas, e perceber se os postes da cidade estão ou não
perpendiculares ao chão.
Ninguém se preocupa com isto.
Ninguém se preocupa com quase nada.
E com os postes então?
Nem os cachorros, que alí fazem pipi.
Me perco, me acho, me vou.
Não tenho relógio, somente tenho horas.
Horas, bolas

wellsol 26/10/2004

Nenhum comentário: