domingo, 14 de agosto de 2011

Dia dos pais - Será que pai tem que ter cabelo curto?

Ganhei de meu filho, Oliver, uma coleção de DVD das Aventuras de TinTin. Adorei.

Quando ainda não era pai, somente filho, devorava os álbuns impressos do Hergé. Tinha todos.

Oliver parece muito comigo, dentro de todas diferenças.

E são as diferenças que nos fazem um grupo, um núcleo familiar heterogêneo.

Liguei para meu pai, todas crianças falaram, menos Breno, que não estava. Comentamos sobre o almoço que rolava aqui e lá. Sobre exames e saúde.

Diversão e arte, cada um construa a sua, com barriga cheia e saúde plena.

Se eu seguir meus instintos, falaria das “N” possibilidades de perceber a lua, de seduzir o infinito, com a delicadeza dos poetas.

Teus sinais me querem, mas ainda não nos encontraremos dona morte. Resisto e insisto, porque percebo a luz do desejo em cada amanhecer.

Busco uma integração espontânea com meu dia a dia. Não posso ser duas pessoas em uma. Uma representa, a outra observa.

Essa coisa de se expor não é bobagem, nunca foi. Sempre doeu. Ser filho, ser pai, ser profissional, ser equilibrado, forte, capaz de tudo por todo tempo é pesado demais. Balanço o corpo, derrubando o peso. Sempre quis me convencer que o hoje é eterno. Mas não consigo.

E aí, servi a lasanha. Foi uma festa. Também já era quase 14 horas, a fome já tomava conta de todos.

Comeram, repetiram, até cansarem. Mesmo assim sobrou uma forma sem tocar. Estava gostoso.

Paulinho, meu primo, como sempre bebeu, bebeu e bebeu.

Tenho muita pena dele. Deve se sentir sozinho no mundo, indefeso, acompanhado da mulher e das 3 filhas.

Então a mãe serviu o pavê, e todos excederam e se lambuzaram.

Aí mas tranqüilos, voltam a conversar.

Lembro da casa de meu avô Zezinho. Lá a conversa dos adultos aguçava a curiosidade, aguçava a fome.

Treinava a percepção, ouvia o não dito, as entre linhas, as contradições. Toda aquela verdade se foi.

Ninguém existe mais. São só falas em minha cabeça.

Meus filhos continuam querendo me convencer a cortar os cabelos. Será que pai tem que ter cabelo curto?

Aos poucos todos se foram.

Anoiteceu e a Lua espontaneamente retornou.

Ela nunca me deixou.

As saudades retornam aos poucos.

Você, que não me deixa sair, faz parte de mim.

A Trindade, Eu, a Lua e Eu voltamos à madrugada.

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