domingo, 5 de abril de 2009

Inimigo invisível

Oi prima,
prima gata,
que vive
somente com seus cães.
Vivemos na mesma cidade,
você esta certa.

Mas os cães se tornam mais próximos,
talvez pelos fortes latidos,
talvez porque tem um rabo,
um rabo para confirmar
confirmar o prazer em te ter.

Vivemos na insegurança,
insegurança financeira,
insegurança profissional,
insegurança na razão,
insegurança sentimental.

Interpretar sentimentos
como educação
prazer,
alegria,
euforia.
Este é nosso dia a dia.

Chegamos a sonhar
em nos isolar novamente.
Porém
de forma diferente
da geração hippie.
Pois naquela época
acreditávamos em "ilhas" sociais
em um mundo dividido
em maus e bons.
Éramos os bons.

Hoje nos isolamos
em uma solidão
que não queremos.
Que como você diz
não deveria existir.

Porém a procuramos
nas fendas
das enchentes da realidade.
Se afogar
ou partir
para um mal menor????

Vivemos a saudade
dos olhares
dos próprios sonhos.
A saudade do gargalhar
de ouvir
a nossa própria voz.
Da presença,
do simples contato.

Refugiados de uma guerra
não declarada.
Resistindo ao massacre
do inimigo invisível
Interpretando a normalidade.
Numa sociedade
de filme de ficção

Sempre te procurei.
Mas creio que cansei
de estarmos juntos
e distantes.
Não quero somente
elogiar seu churrasco,
sua casa nova,
seu neto,
seu namorado.

Queria falar
daquela música nova...
Dos intervalos das aulas
dos momentos apimentados,
dos caminhos na mata,
da madrugada.
Falar de nós
perante a vida.

Beijos menina Sona

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